Em mês marcado pela violência, a cada 4,5 dias uma mulher foi assassinada em MS

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Com crimes quase que diários, MS se destaca nacionalmente pela crescente de registros e vítimas

Enquanto as autoridades de Mato Grosso do Sul assumem falhas no combate à violência de gênero e trabalham para melhorar a rede de proteção às mulheres, mais uma vida foi brutalmente interrompida. De 1º de fevereiro a 1º de março, uma mulher foi assassinada a cada 4,5 dias no Estado.

Na tarde do dia 1º de março de 2025, a DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) foi acionada para atender um caso de feminicídio no Bairro Aero Rancho, em Campo Grande. No local, foi encontrado em um buraco no quintal da residência o corpo carbonizado de Giseli Cristina Oliskowiski, de 40 anos. O principal suspeito, seu companheiro, J.N.R., de 41 anos, estava no local e foi preso em flagrante. Testemunhas rela taram que, após uma discussão, Giseli teria agredido o homem com tapas, e ele reagiu desfe rindo uma pedrada contra ela, em seguida jogando-a no buraco e ateando fogo no corpo. O sus peito confirmou essa versão no local do crime, mas, ao ser inter rogado na delegacia, exerceu o direito de permanecer calado.

A delegada Analu Ferraz explicou que exames necroscó picos serão fundamentais para esclarecer detalhes do crime. Além disso, testemunhas serão ouvidas e o inquérito será con cluído no prazo de 10 dias.

“Só o exame necroscópico vai dizer. Estamos aguardando o resultado para saber se existia fuligem nas vias aéreas dela. Após o exame, vamos ter como precisar o modus operandi e materializar as qualificadoras.”

A DEAM reforça seu compro misso no combate à violência contra a mulher e disponibiliza um canal de denúncias anô nimas pelo telefone (67) 99273-6024, com sigilo absoluto e fun cionamento 24 horas.

Seis feminicídios em um mês

Desde o início do ano, Mato Grosso do Sul tem registrado uma média alarmante de fe minicídios, com seis casos confirmados apenas nos dois primeiros meses de 2025. Vale lembrar que, nos últimos anos, se manteve entre os primeiros colocados no ranking de vio lência, tendo sido considerado em 2023 como o pior do Brasil, e as estatísticas seguem confir mando essa classificação.

-1º caso. 1º de fevereiro – Ca arapó: Karin Corin, de 29 anos, foi assassinada a tiros pelo ex-companheiro, que também matou Aline Rodrigues, de 32 anos, amiga de Karin, no local do crime.

-2º caso. 18 de fevereiro: Juliana Dominguez, de 28 anos, foi morta a golpes de foice pelo companheiro, que fugiu após o crime.

-3º caso. 12 de fevereiro: Vanessa Ricarte, jornalista e criadora de conteúdo, foi brutalmente atacada pelo ex-noivo, Caio Nascimento, horas após pedir medida de proteção contra ele.

-4º caso. 22 de fevereiro – Água Clara: Mirieli Santos, de 26 anos, foi baleada pelo ex–marido, que chegou a levá-la ao hospital antes de fugir. A defesa do suspeito alega tiro acidental.

-5º caso. 24 de fevereiro: Emiliana (sobrenome não divul gado) foi encontrada morta em uma quitinete. A investigação indica que o corpo foi arrastado para o local pelo autor do crime na tentativa de encobrir a causa real da morte, possivelmente uma esganadura.

-6º caso. 1º de março – Campo Grande: Giseli Cristina Oliskowiski foi morta e teve o corpo carbonizado pelo companheiro.

Defensoria alerta sobre ajuda durante o Carnaval

O Carnaval é um período de aumento nos casos de violência contra a mulher. O canal “Disque 100” do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania registrou um aumento de 38% nas de núncias durante o Carnaval de 2024 em comparação ao ano anterior, totalizando 73 mil ocorrências. A violação de direitos das mulheres representou mais de 20% dessas denúncias, incluindo as recebidas pelo Ligue 180, do Ministério das Mulheres.

Diante desse cenário, o Nudem (Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher) da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul alerta para a necessidade de atenção redobrada contra crimes sexuais, como a importunação sexual, prevista na Lei 13.718/2018, um dos delitos mais frequentes no período festivo.

Com o lema: “No carnaval, tem folia e também tem Defensoria!”, entre os dias 3 a 5 de março, os casos como soli citação de leitos hospitalares, violência contra a mulher, habeas corpus, busca e apreensão, injúria racial, LGBTfobia e questões envolvendo crianças e adolescentes estão entre as prioridades e atendi mentos podem ser solicitados em situações de urgência em Campo Grande, pelo WhatsApp: (67) 99134-9041 ou nos telefones 180 e 190.

 

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