Violista da Capital que tocou com Delinha, Gerson Douglas e Raimundos, Lino Flores se apresenta amanhã com Gusttavo Lima
“Sou um instrumento da minha arte, sou o meu próprio violino” — Cacilda Becker, atriz brasileira.
Inspirado por essa filosofia, Flávio de Oliveira Flores, de Campo Grande, se destaca como virtuoso do violino. Com um talento único, ele se tornou referência no instrumento, ganhando o apelido de “Lino”, uma homenagem ao seu violino. Seu domínio na música lhe garantiu oportunidades, como convites para se apresentar com Gusttavo Lima, Delinha, Gerson Douglas, Raimundos e Orquestra Sinfônica de Campo Grande, consolidando sua posição na cena musical.
“Lino” começou sua trajetória musical ainda criança, imerso em um ambiente familiar de forte influência musical. Seu pai, baterista profissional, e sua mãe, cantora de igreja, foram grandes influências em sua formação. Sua iniciação no violino, no entanto, aconteceu por volta de 2009 e 2010, quando ainda muito jovem, começou a se aprofundar no instrumento.
A trajetória de Lino reflete sua infância imersa em música, onde as harmonias vocais, músicas cristãs e os instrumentos clássicos moldaram seu gosto musical. Desde cedo, ele se encantou com músicas que exploravam várias vozes e, embora tenha cantado desde pequeno, foi com o violino que encontrou seu verdadeiro caminho na música.
Além da música religiosa, Lino se deixou influenciar por uma diversidade de estilos, o que o tornou eclético em suas escolhas musicais. De Bee Gees a Fagner, as músicas que ouvia na rádio nos anos 90 ampliaram seu gosto. Para ele, essa variedade de influências é essencial em sua identidade como músico. Sua paixão pela música clássica se intensificou em 2009, quando começou a frequentar apresentações de orquestras, o que o motivou a se aprofundar no violino e seguir sua carreira musical.
Amor a primeira música
Entre 2008 e 2009, Lino teve seu primeiro contato mais profundo com a música clássica ao assistir uma apresentação do “Encontro com a Música Clássica”. Embora não se lembre exatamente do ano, ele recorda que essa foi uma das primeiras edições do evento. Encantado com o que viu, ele decidiu voltar no ano seguinte, momento em que conheceu um dos violistas da orquestra e iniciou suas aulas.
Naquela época, Lino trabalhava na feira central, na 14 de julho, e usou seu próprio trabalho para comprar seu violino e pagar as aulas. Embora sua família não tivesse muitos recursos, ele contou com o apoio da mãe e do padrasto para continuar seus estudos. “Nunca tivemos muito apoio financeiro, mas sempre tive suporte em casa, o que foi fundamental para seguir meu caminho”, afirma para o Jornal O Estado.
Lino sempre buscou aprender novas técnicas com diferentes professores, especialmente quando tinha a oportunidade de participar de master classes com profissionais de fora. Ele lembra que, no início de sua carreira, costumava fechar grupos com outros músicos e viajar para fora para participar de cursos de uma semana, onde podia aprender novas abordagens e técnicas.
Além disso, seu aprendizado sempre foi enriquecido pelo contato com outros violinistas, especialmente por estar inserido no ambiente da orquestra. Apesar da profissão, ele trabalha como garçom no ‘Veras Bar’ à noite, onde combina sua paixão pela música com a animação do público.
Entre uma música e outra, Lino costuma dar uma “palhinha”, cantando e interagindo com os clientes, garantindo que o ambiente seja sempre divertido e dinâmico. Com um estilo excêntrico e encantador, ele se destaca tanto na música quanto em sua rotina fora dos palcos.
A dona do bar me apoia bastante, liberando-me para shows importantes, como o do Gusttavo Lima. Em troca, faço um bom serviço no bar. Assim, consigo conciliar a música com meu trabalho, mantendo minha paixão e a estabilidade financeira. Sou músico, mas faço outras coisas para viver”.
Trajetória
Lino compartilha que teve a oportunidade de tocar com grandes nomes da música de diversos estilos, desde o rock até o sertanejo. Embora tenha tocado com muitos artistas, ele destaca o show com a banda Raimundos como um dos momentos mais marcantes de sua carreira. “Eu ouvia Raimundos quando era criança, então poder tocar com eles foi algo especial. Não que eu desmereça outros grandes nomes, mas o Raimundos teve um significado pessoal muito maior para mim”, diz. Para ele, essas conquistas são difíceis de nomear, pois todas foram importantes, sendo um marco na sua trajetória.
Em relação à oportunidade de tocar com Gusttavo Lima, Lino se mostra extremamente emocionado e grato. Ele recebeu a proposta recente e está ansioso para o grande momento, que acontecerá no dia 8 de fevereiro. “Estou me sentindo incrível, lisonjeado, ainda mais porque sei que não sou um excelente músico. Mas, por alguma razão, as pessoas gostam do meu trabalho e me convidam. Isso é uma honra”, afirma.
O artista comenta que, para ele, adaptar o violino ao sertanejo e às apresentações ao vivo não apresenta grandes desafios, pois a música está naturalmente presente em sua vida. Ele compara o processo ao sentir o vento na pele e seguir sua direção.
“É como se você sentisse o fluxo da música e fosse caminhando junto com ela. Para mim, isso é natural. O maior desafio será não curtir o show, mas focar no meu trabalho enquanto estou lá”, diz ele.
No caso do show com Gustavo Lima, as partituras serão fornecidas, o que significa que ele seguirá o que está escrito, nota por nota, para executar a música conforme foi planejada. Lino destaca que a maior parte do trabalho será seguir as partituras, com alguns ajustes ao vivo para coordenar pausas ou enfatizar detalhes que não estão escritos, como em uma orquestra.
Sobre as músicas, ele revela que o show contará com 29 músicas, mas ainda não sabe exatamente quais serão tocadas, já que isso dependerá do “feeling” da apresentação. As partituras de todas as músicas já foram enviadas, e o grupo está estudando as canções.
Embora Lino não possa confirmar oficialmente o setlist, ele reconhece as músicas mais populares entre o público, já que também trabalha em bares e está acostumado a ouvi-las. O show está programado para começar às 22h e deve durar cerca de 3 a 4 horas, com Lino e a orquestra permanecendo no palco durante toda a apresentação.
Futuro
Quanto aos próximos passos na carreira, Lino acredita que está no auge de sua vida profissional e pessoal, aos 31 anos. Apesar de ter vivido experiências musicais marcantes, ele não planeja grandes mudanças, como se mudar para fora ou buscar outras oportunidades. Seu foco é continuar fazendo shows na cidade e alegrando o público local, sempre mantendo suas raízes em Campo Grande.
Pensando no futuro, Lino menciona que, ao longo do ano, novos eventos começam a surgir, como casamentos e outras cerimônias, nos quais ele participa de grupos como a Orquestra Prelúdio e Grupo Zamar,
Para acompanhar sua agenda de shows e os próximos passos na carreira, o Instagram é seu principal meio de comunicação. Em seu perfil @flaviolinoo, Lino compartilha tudo sobre sua vida musical e artística, incluindo fotos de apresentações, interações com amigos e colaborações com artistas.
Amanda Ferreira
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