Ligue 180 amplia investimento e registra aumento de denúncias em 2024

Foto: José Cruz/Agência Brasil
Foto: José Cruz/Agência Brasil

A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 registrou aumento na demanda em 2024, se consolidando como um dos principais canais de acolhimento e denúncia para mulheres em situação de violência no Brasil. Com a reestruturação do serviço, prevista na retomada do programa “Mulher, Viver sem Violência”, o atendimento diário ultrapassou a marca de 2 mil ocorrências, totalizando 750.687 atendimentos ao longo do ano.

O crescimento do serviço se refletiu tanto nas ligações telefônicas, que chegaram a 691.444 chamadas atendidas (aumento de 21,6% em relação a 2023), quanto no atendimento via WhatsApp, que mais que dobrou, com um aumento de 63,4%. O canal digital, lançado em abril de 2023, passou de 6.689 atendimentos naquele ano para 14.572 em 2024.

Segundo a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, os números indicam não apenas a ampliação do acesso ao serviço, mas também um fortalecimento da confiança da população na rede de proteção. “Temos investido na capacitação das profissionais que realizam o atendimento e o acolhimento das mulheres, tanto para a informação sobre direitos e serviços da rede, como para o correto tratamento e encaminhando as denúncias aos órgãos competentes, aumentando a confiança no canal”, afirmou.

Mais denúncias e persistência da violência

O crescimento do serviço refletiu diretamente no aumento das denúncias. Em 2024, foram 132.084 registros formais de violência contra a mulher, um aumento de 15,2% em relação ao ano anterior. A maior parte das denúncias (83.612) foi feita pela própria vítima, enquanto 48.316 partiram de terceiros e, em 156 casos, o próprio agressor foi quem denunciou a situação.

Os dados mostram que muitas mulheres enfrentam a violência de forma contínua. Em 32.591 casos, as agressões vinham ocorrendo há mais de um ano, e em 46,4% das denúncias as vítimas relataram que sofriam violência diariamente.

Perfil das vítimas e dos agressores

As estatísticas do Ligue 180 apontam que as mulheres negras continuam sendo as mais afetadas. Em 2024, 52,8% das denúncias envolviam vítimas negras, sendo 53.431 mulheres pardas e 16.373 mulheres pretas. Mulheres brancas representaram 48.747 denúncias, seguidas por indígenas (620) e amarelas (779).

A faixa etária mais atingida foi a de 40 a 44 anos (18.583 denúncias), seguida pelas mulheres de 35 a 39 anos (17.572) e de 30 a 34 anos (17.382).

A relação entre vítima e agressor evidencia a prevalência da violência doméstica. A maioria dos suspeitos era companheiro(a) atual da vítima (17.915 denúncias) ou ex-companheiro(a) (17.083).

Tipos de violência e locais das agressões

Em 2024, o Ligue 180 registrou 573.131 violações contra mulheres, uma leve redução de 3,9% em relação a 2023. Os principais tipos de violência denunciados foram:

Violência psicológica – 101.007 registros

Violência física – 78.651 registros

Violência patrimonial – 19.095 registros

Violência sexual – 10.203 registros

Violência moral – 9.180 registros

Cárcere privado – 3.027 registros

O ambiente doméstico continua sendo o principal local das agressões. A residência da vítima foi o local da violência em 53.019 casos, enquanto em 43.097 denúncias as vítimas e os agressores ainda residiam juntos. A casa do agressor apareceu como local de agressão em 7.006 registros. A violência virtual também se destacou, com 6.920 denúncias relacionadas a agressões na internet.

Nova estrutura e fortalecimento da rede de proteção

Em agosto de 2024, o Ligue 180 passou a operar com uma nova estrutura, tornando-se independente da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. O Ministério das Mulheres firmou um novo contrato de R$ 84,4 milhões para aprimorar os serviços e expandir o atendimento por múltiplos canais ao longo dos próximos 30 meses.

 

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