Habilitação de frigoríficos pelo governo peruano pode impulsionar cadeia produtiva de carne suína no Estado
Mato Grosso do Sul entrou na lista de estados brasileiros habilitados a exportar carne suína para o Peru, conforme decisão anunciada na semana passada pelo Senasa (Servicio Nacional de Sanidad Agraria). A inclusão foi comemorada como um avanço estratégico para o Estado, que já se destaca como um dos polos produtivos da suinocultura no país.
Além de Mato Grosso do Sul, unidades produtivas de Goiás, Mato Grosso, Paraná e São Paulo também foram autorizadas a comercializar carne suína no mercado peruano. O estado do Acre, pioneiro nas exportações de suínos para o Peru desde 2023, agora compartilha essa frente com outras regiões. Para carne de aves, o Rio Grande do Sul foi habilitado, diversificando a oferta brasileira.
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Foto: Nilson Figueiredo
O Brasil exportou mais de US$ 755 milhões em produtos agropecuários ao Peru em 2024, sendo que US$ 141 milhões foram provenientes de carnes, de acordo com o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária). A expectativa é de que as novas habilitações ampliem significativamente esse volume.
No entanto, mesmo com as possibilidades do mercado externo, a habilitação traz reflexos indiretos para frigoríficos que operam exclusivamente no mercado interno. É o caso do Frigorífico Canadense, localizado em Campo Grande, que projeta impactos no preço do suíno vivo.
“Para nós, o impacto pode ser no preço do suíno vivo, que talvez aumente se o número de animais abatidos vendidos for muito alto”, analisa João Guilherme Rodrigues, diretor administrativo do frigorífico. Ele acredita que, a curto prazo, a produção local tem condições de atender à alta demanda sem comprometer o abastecimento interno.
Apesar disso, Rodrigues alerta para a necessidade de investimentos por parte dos suinocultores. “Se a demanda aumentar muito, os produtores precisarão investir em suas plantas para atender a essa demanda.”
A suinocultura em números
A movimentação de animais para abate em Mato Grosso do Sul, de janeiro a novembro de 2024, foi de 3.115.627 animais, melhor resultado dos últimos 7 anos (2017-2024) para o período, sendo superior ao mesmo período de 2023 em 7,20% e a 2017 em 74,88%. Se considerarmos a média do período de 2017 a 2023, que foi de 2.333.866 animais, os onze meses de 2024 foi 33,5% superior.
Os números são do boletim Casa Rural, elaborado pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS). Segundo outro indicador – o IBGE – o Estado já consolidou-se em 5º lugar no ranking nacional de abates, desbancando o Mato Grosso. Três municípios do Estado (de um total de 35) concentram a maior parte da movimentação: Glória de Dourados, Dourados e São Gabriel do Oeste.
Além das carnes, o Brasil exporta para o Peru produtos como soja, fibras têxteis, frutas, nozes e lácteos. Segundo dados do setor, a suinocultura sul-mato-grossense tem potencial de expansão, mas depende de incentivos e infraestrutura para atender à crescente demanda externa.
Para o diretor, o impacto no preço do suíno vivo pode beneficiar produtores locais, mas exige planejamento para evitar desequilíbrios entre os mercados interno e externo. “A suinocultura de Mato Grosso do Sul tem mostrado força, mas é importante que as granjas acompanhem o ritmo de crescimento para se manterem competitivas no cenário internacional”, conclui.
Por Djeneffer Cordoba