A recuperação das peças vandalizadas nos ataques de 2023 foi realizada por meio de parceria entre Iphan, UFPel e Governo Federal
A cerimônia de entrega das obras restauradas foi concluída com o descerramento do quadro ‘As Mulatas’, de Di Cavalcanti, uma das peças danificadas nos ataques do 8 de janeiro 2023
Telas rasgadas, cerâmicas reduzidas a cacos e peças quebradas ganharam nova vida graças a um minucioso trabalho de restauração. Nesta quarta-feira (8/1), em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), foram entregues as obras de arte danificadas nos ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. O momento marca o fim do processo de restauro das peças, que contou com a atuação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Foram reintegradas aos acervos presidenciais 20 peças restauradas por meio de parceria entre Iphan, Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais (DCPP), e mais o relógio do século XVII, que foi consertado na Suíça, sem custos para o governo brasileiro.
A cerimônia de entrega das obras restauradas foi concluída com o descerramento do quadro As Mulatas, de Di Cavalcanti, uma das peças danificadas nos ataques do 8 de janeiro.
“Nós não estamos aqui para agredir quem nos agrediu, mas para fazer um gesto de respeito e afeto por aquilo que nos representa e contribui para nos fazer sentir um só povo: o nosso Patrimônio Cultural”, disse o presidente do Iphan, Leandro Grass
Grass aproveitou para ressaltar a atenção especial que o Governo Federal tem dado ao órgão. “Essa importantíssima entrega [das obras restauradas] se soma aos mais de 370 milhões investidos no Patrimônio Material e Imaterial nesses primeiros dois anos do governo.”
Educação patrimonial
Além das sete obras que haviam sido vandalizadas nos atos de 2023, outras 13 do acervo dos palácios presidenciais também foram recuperadas por meio do Termo de Execução Descentralizada (TED), firmado no início de 2024 entre o Iphan e a UFPel. A iniciativa contou com um investimento de aproximadamente R$ 2,2 milhões.
Para executar esse trabalho, conservadores e restauradores da UFPel atuaram no laboratório de restauro instalado no Palácio da Alvorada especialmente para a tarefa, viabilizado pela Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais e a Coordenação-Geral de Administração das Residências Oficiais. A equipe veio de Pelotas para Brasília, morando na capital por quase um ano para contribuir com a devolução dos bens ao acervo.
Além do restauro, a colaboração também promoveu a realização de oficinas de educação patrimonial em três escolas públicas do Distrito Federal, nos meses de agosto e setembro. Mais de 500 alunos participaram das atividades, que cont aram também com o apoio da Universidade de Brasília (UnB) , com professores e estudantes ministrando as aulas. As oficinas conscientizaram os estudantes para a importância do Patrimônio Cultural e o valor simbólico das obras vandalizadas e posteriormente restauradas.
“A realização dessas oficinas é sem dúvida uma grande entrega desses projetos. Ela não apenas transmite a ligação entre cultura, memória e arte, mas também reforça o verdadeiro significado da democracia para as novas gerações”, disse a ministra da Cultura, Margarth Menezes
Obras restauradas
Danificadas nos ataques de 8 de janeiro
- Idria ( Majolica Italiana) – vaso cerâmico ;
- Galhos e Sombras – escultura em madeira de Frans Krajcberg (artista polonês, naturalizado brasileiro);
- O Flautista – escultura em metal de Bruno Giorgi (artista brasileiro);
- Vênus Apocalíptica Fragmentando- se ) – escultura em metal de Marta Minujín (artista argentina);
- “Bird” – Guache sobre papel, de Martin Bradley (artista inglês);
- Retrato de Duque de Caxias (atribuído) – Oswaldo Teixeira (artista brasileiro);
- Mulatas à mesa (atribuído) – Emiliano Di Cavalcanti (artista brasileiro).
Outras peças restauradas pelo acordo entre Iphan e UFPel
- Músico 01 ( Pentíptico 1) – conjunto de cinco telas de Glênio Bianchetti (artista brasileiro);
- Músico 02 ( Pentíptico 2) – conjunto de cinco telas de Glênio Bianchetti (artista brasileiro);
- Músico 03 ( Pentíptico 3) – conjunto de cinco telas de Glênio Bianchetti (artista brasileiro);
- Músico 04 ( Pentíptico 4) – conjunto de cinco telas de Glênio Bianchetti (artista brasileiro);
- Músico 05 ( Pentíptico 5) – conjunto de cinco telas de Glênio Bianchetti (artista brasileiro);
- Cena de Café – Clóvis Graciano (artista brasileiro);
- Borboletas e Pássaros (atribuído) – Grauben do Monte Lima (artista brasileira);
- Rosas e Brancos Suspensos – José Paulo Moreira da Fonseca (artista brasileiro);
- Casarios – Dario Mecatti (artista brasileiro);
- Paisagem do Rio – Armando Viana (artista brasileiro);
- ” Cotswold Town” (pintura abstrata) – John Piper (artista inglês);
- Pintura “Sem título” – Dario Mecatti (artista brasileiro);
- Matriz e grade no 1º plano – Ivan Marquetti (artista brasileiro)
Com informações da Agência Gov.