Sem ar-condicionado no CTI, familiares temem pela vida dos pacientes
O Hospital Regional (HRMS) é denunciado por infraestrutura insalubre. Com mais de 10 leitos, o CTI (Centro de Terapia Intensivo) encontra-se sem ar-condicionado desde domingo (20). Sem nenhuma medida paliativa, o quadro de pacientes se agrava devido à situação. HRMS responde que “houve um problema na bomba d’água do ar-condicionado”.
Internada há cinco dias por problema renal, uma campo-grandense, de 70 anos, foi
transferida à CTI em razão do avanço do seu quadro clínico. Quem relata o caso é sua acompanhante, a filha Danieli Farias, 42 anos, que detalha sobre os dois centros de terapia, com 13 leitos cada, que o hospital possui.
“O ar-condicionado lá do CTI está estragado, há dois dias antes da minha mãe ser internada. É um problema que não é de agora. É uma vergonha um hospital no qual o CTI não funciona o aparelho de ventilação”, descreve a terapeuta ocupacional, que teme pelo tratamento insalubre ao qual a mãe está submetida.
Farias destaca que a falta de ventilação agrava o caso de pacientes diagnosticados com infecção, apresentando sintomas de febre, entre outros indicativos. “Minha mãe, a pressão e temperatura dela, claro, há a questão de saúde dela que está com infecção, mas todos ali estão com a temperatura alterada porque o CTI não funciona o ar. Quem está com infecção está proliferando as bactérias porque está calor. Os pacientes suam, os visitantes suam, os profissionais trabalham em condição insalubre”, relata.
Segundo a equipe de enfermagem, a falta dos devidos aparelhos ocorre há cinco dias. No entanto, o problema não é novidade na unidade hospitalar, conforme detalha Farias. “É um problema que vai e vem. É um problema estrutural! Questão de consertar, fazer trocas de aparelho ou trocar por motores novos que, acredito eu, pode ser o problema, porque me informaram que é uma peça precisa ser trocada. O hospital é um local que não pode ocorrer esse tipo de problema”, enfatiza.
Quando perguntada se a unidade agiu com alguma medida paliativa, Danieli Farias afirma que não, que o local segue sem ventilação. Farias ressalta ainda que, devido à gravidade dos pacientes e à circunstância atual, a única providência possível são compressas e zelo com aqueles que estão em tratamento.
Em resposta ao Jornal O Estado, HRMS informa que “houve um problema na bomba d’água do ar-condicionado e todas as medidas estão sendo adotadas para que o problema seja resolvido o quanto antes”, afirma em nota.
O que diz o especialista?
Segundo o cardiologista da Unimed Campo Grande, Délcio Gonçalves, níveis altos de temperatura por muito tempo, como acontece nas infecções importantes, podem causar lesão nos órgãos, nos tecidos e, principalmente, no sistema nervoso. Segundo o especialista, em condições climáticas extremas, a saúde pode ser irremediavelmente
comprometida.
“Em situações onde a temperatura pode aumentar no corpo sem ser por infecção, como, por exemplo, exposição ao calor em fornalhas ou exposição a temperaturas altas no sol, a temperatura interna do corpo vai tentar se ajustar por um determinado tempo. Contudo, se nós nos mantivermos por muito tempo produzindo calor e principalmente, por exemplo, num clima muito quente de sol extremo, a nossa temperatura pode subir, levando a danos internos potencialmente sérios”, explica.
Grupo técnico foi instituído há três meses para sanar emergências do HRMS
Há três meses, o Governo criou um grupo técnico de compras para regularizar estoques do Hospital Regional. Segundo publicação do Diário Oficial, o grupo é composto por nove membros titulares e o mesmo número de suplentes. Os profissionais são representantes da SES (Secretaria de Estado de Saúde), SAD (Secretaria de Estado de Administração), Procuradoria-Geral do Estado e da FUNSAU (Fundação de Serviços de Saúde do Estado de Mato Grosso do Sul).
A iniciativa visa à formulação de um plano de ação que garanta eficácia e eficiência nas compras de saúde, essencial para atender às demandas emergenciais do hospital. As reuniões do grupo contam com a participação de representantes de outros órgãos e entidades, a fim de garantir um debate amplo e democrático sobre os temas tratados.
O prazo estabelecido para a conclusão das atividades do grupo técnico é de 90 dias, podendo ser prorrogado por mais 60 dias, caso necessário.
Por Ana Cavalcante
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