Aumento de infartos em homens jovens preocupa médicos e especialistas

 

Casos recentes destacam a importância da prevenção e alertam para os riscos do estilo de vida moderno

Roberta Martins

O infarto agudo do miocárdio, popularmente conhecido como ataque cardíaco, tem deixado de ser uma preocupação exclusiva de pessoas mais velhas. Cada vez mais, homens jovens, muitos na faixa dos 30 anos, estão enfrentando esse problema de saúde. Casos recentes, como o do empresário Maickon Ramos Nascimento, de 36 anos, proprietário da tradicional Cantina Mato Grosso, chamaram atenção para a gravidade do problema. Maickon faleceu na última quinta-feira (19), vítima de um infarto, mesmo tendo sido socorrido. O caso chocou amigos e familiares, que relataram ter recebido mensagens dele poucas horas antes do ocorrido, sem qualquer indício de que algo estivesse errado.

O infarto ocorre quando há uma obstrução das artérias que irrigam o coração, geralmente causada pelo acúmulo de placas de gordura ou pela formação de trombos. Isso impede que o sangue chegue ao músculo cardíaco, resultando na morte do tecido. “A extensão do dano depende da localização da obstrução, mas pode causar sequelas permanentes ou até levar à morte”, explicou o clínico geral Matheus Pedroso.

Embora o infarto em jovens seja menos comum, os números têm aumentado devido a uma combinação de fatores relacionados ao estilo de vida e à predisposição genética. A má alimentação, rica em alimentos processados e gordurosos, eleva o colesterol e contribui para o acúmulo de placas nas artérias. A falta de atividade física regular compromete a saúde cardiovascular, enquanto o estresse diário, associado à rotina acelerada, tem sido apontado como um dos principais vilões. O consumo excessivo de substâncias como cigarro, álcool e energéticos também é um fator preocupante, pois esses hábitos aumentam a pressão arterial e podem causar arritmias.

Além disso, o excesso de gordura abdominal, comum em pessoas com sobrepeso ou obesidade, está diretamente relacionado a processos inflamatórios que elevam a pressão arterial e aumentam a resistência à insulina, favorecendo o desenvolvimento de diabetes. “Embora o fator genético seja importante, ele não é a principal causa do infarto. Outros fatores de risco, como o estilo de vida inadequado, têm mais peso”, ressaltou Pedroso.

Os sintomas de infarto podem variar, mas, geralmente, a dor no peito é o principal sinal. Essa dor pode irradiar para o braço esquerdo e vir acompanhada de suor frio, palidez, falta de ar e azia ou desconforto na região do estômago. Em alguns casos, o paciente pode sentir cansaço extremo ou até desmaiar. “Qualquer dor prolongada no peito ou mudança no padrão habitual deve ser investigada imediatamente, pois o diagnóstico e o atendimento precoce são essenciais para evitar danos permanentes ao coração”, alertou o médico.

O estilo de vida moderno é apontado como um dos maiores responsáveis pelo aumento de infartos em homens jovens. A rotina atribulada, combinada com alimentação inadequada e falta de exercícios físicos, torna essa população mais vulnerável. Casos como o de um homem de 34 anos que sofreu um infarto grave após meses consumindo dois a três energéticos por dia mostram como hábitos aparentemente inofensivos podem ser extremamente perigosos. O consumo excessivo de cafeína e açúcar, associado à baixa ingestão de água, pode provocar desidratação, arritmias e sobrecarga cardíaca, aumentando significativamente o risco de infarto.

Dados do INC (Instituto Nacional de Cardiologia) indicam que o inverno é uma época de maior risco para infartos, com um aumento de até 12% nas internações no Brasil e até 30% em nível mundial. O frio faz com que os vasos sanguíneos se contraiam, elevando a pressão arterial e a carga de trabalho do coração. Além disso, infecções respiratórias, comuns nessa época do ano, podem desestabilizar placas de gordura nas artérias, favorecendo a formação de trombos e aumentando as chances de obstrução dos vasos sanguíneos.

Prevenção

Para reduzir os riscos de infarto em homens jovens, é fundamental adotar um estilo de vida mais saudável. Manter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais e alimentos ricos em fibras, é essencial. A prática regular de exercícios físicos, como caminhadas ou corridas, ajuda a fortalecer o coração e a melhorar a circulação sanguínea. Controlar o peso corporal, especialmente para evitar o acúmulo de gordura abdominal, também é uma medida importante.

Abandonar hábitos nocivos, como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e energéticos, é fundamental para preservar a saúde do coração. A hidratação adequada, com ingestão regular de água, ajuda a manter o sangue menos espesso, especialmente em períodos de frio. Além disso, consultas preventivas com cardiologistas e a realização de exames, como o eletrocardiograma, são essenciais para identificar precocemente qualquer alteração no coração.

Para o médico Matheus Pedroso, quanto mais cedo o paciente infartado recebe assistência médica, maior é a chance de recuperação sem danos permanentes. “O atendimento rápido pode salvar vidas, evitando complicações graves e sequelas irreversíveis. Pequenas mudanças no dia a dia podem fazer toda a diferença para prevenir essa condição, que, em muitos casos, pode ser fatal,” conclui o clínico geral.

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