Consumidores relatam corte de compra de produtos como laranja, melão, abacaxi e limão
Com os aumentos recorrentes nos preços das carnes, verduras e outros itens, as frutas têm se tornado o próximo produto a registrar elevações nos preços. Dados apontam que os preços aumentaram cerca de 16% nos últimos 12 meses, acabando por ultrapassar de maneira considerável o índice de inflação.
Laranja, banana, limão, melão e abacaxi tiveram aumentos significativos nos últimos meses afetando a mesa de muitos brasileiros. A gestora de empresas, Luciana Gonçalves de Sousa tem o costume de sempre comprar frutas, legumes e verduras para sua casa por acreditar na importância de uma alimentação saudável, e relata que observou um aumento nos preços nos últimos meses.
“Eu priorizo muito a questão da fruta. A gente evita dar alimento muito industrializado e realmente subiu demais. Lá em casa a gente consome principalmente maçã, banana, melancia, limão, laranja”.
Luciana Gonçalves explica que produtos como a banana e laranja foram reduzidas da lista de compras de sua casa devido ao alto custo. “A banana, que costumava ter uma época certa, hoje já não é mais tão barata, fez com que o termo a preço de banana perdesse o sentido hoje em dia, pois o preço dela também disparou. No geral, muitos produtos tiveram aumento, mas a laranja foi uma das que mais subiram. Antigamente, eu comprava muito laranja para fazer suco, mas agora só compro para chupar mesmo, pois o suco foi cortado”.
A técnica de enfermagem, Ângela Medeiros afirma que tem o hábito de comprar frutas toda a semana, mas com o aumento nos preços determinados produtos começam a ficar fora da sua lista de compras. “Costumo comprar frutas para casa toda semana, e a variação nos preços têm sido constante. Com o aumento desses preços, acabei reduzindo a compra de algumas frutas, como o abacaxi e o melão, por exemplo. A laranja, no entanto, não consigo deixar de comprar, mesmo com o aumento”.
Para a técnica de enfermagem, mesmo com o aumento dos preços ela não deixará de manter sua alimentação regrada a frutas pois acredita que é fundamental para sua qualidade de vida.“Mesmo com esses aumentos, considero muito importante manter uma alimentação saudável, principalmente por trabalhar na área da saúde. Busco ter qualidade de vida, pois sei que se optar por alimentos menos saudáveis, como pães e outros produtos industrializados, minha qualidade de vida seria bem prejudicada
Na análise do nutricionista Rafael Pereira Bolson, a ausência de frutas na alimentação devido ao aumento dos preços impacta negativamente a saúde da população, especialmente em relação à ingestão de vitaminas essenciais para o corpo humano. “O aumento no preço das frutas vai impactar negativamente no nosso consumo, as frutas como fonte de vitaminas, minerais e fibras são essenciais para o consumo diário na nossa dieta. A OMS recomenda uma ingestão diária mínima de frutas e vegetais em torno de 500g por dia, hoje o brasileiro médio não atinge essa meta e agora vai ficar mais longe ainda”.
Em busca de economizar e se manter saudável, o nutricionista recomenda pelas compras de produtos que variam no período de sazonalidade ou ingestão de alguns vegetais como forma de substituição. “As alternativas para se manter uma dieta saudável caso não se tenha acesso as frutas é aumentar a ingestão de vegetais como: brócolis, couve flor, berinjela, beterraba, cenoura ou consumir frutas de acordo com sua sazonalidade que são frutas que ficam mais baratas dependendo da época do ano, agora final do ano as frutas que você consegue encontrar mais baratas são: Ameixa, banana-prata, cereja, coco verde, figo, framboesa, graviola, laranja pera, limão, maçã, manga, maracujá, melancia, melão, nectarina, pêssego e uvas”.
Para o economista Eugênio Pavão, a inflação é um processo causado pelo desequilíbrio entre oferta e demanda. “Quando o preço das frutas sobe, isso é um reflexo da falta de produto no mercado, como ocorre em anos de seca ou de safras com menor rendimento. Esse aumento de preços, por sua vez, impacta diretamente a alimentação da população”.
Além da inflação
Em setembro determinadas frutas ultrapassam dos valores não só pela inflação, porém pelas condições climáticas. Eugênio Pavão explica que a alta nos preços das frutas pode ser um reflexo de uma série de fatores, incluindo a escassez de produção devido a condições climáticas, como períodos de estiagem, que prejudicaram as colheitas em várias regiões do Estado.
“O impacto das intempéries tem comprometido a produção agrícola em Mato Grosso do Sul, com 2024 apresentando um índice de chuvas abaixo do esperado, o que tem afetado especialmente a produção local de frutas. Além disso, as demais regiões do Brasil também enfrentam dificuldades semelhantes, o que torna mais grave a situação. Como resultado, cerca de 40% a 60% da demanda de frutas é suprida por produtores de fora do estado, dependendo do tipo de produto”. Além disso, o aumento no custo de produção e a alta nos insumos, como fertilizantes e combustíveis, também pode contribuir para o encarecimento dos produtos.
A categoria “Alimentação e Bebidas”, que faz parte da análise do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), registrou um aumento de 1,13% em setembro. Os itens consumidos no lar foram os principais responsáveis por essa elevação. Os preços das frutas, especificamente, apresentaram uma alta considerável: o mamão teve um acréscimo de 23,63%, enquanto a laranja-pera ficou 17,97% mais cara.
Por João Buchara