A ação do parasita causa perda de peso no rebanho comprometendo drasticamente a produção
Mato Grosso do Sul tem o 5º maior rebanho de bovinos do país, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com aproximadamente 18,4 milhões de cabeças de gado. Como já não bastasse toda dificuldade enfrentada pelos produtores do campo com a estiagem e outros efeitos climáticos, pecuaristas travam uma batalha contra o carrapato bovino que anualmente gera um prejuízo em torno de 3,2 bilhões na criação e produção de gado.
Um dos efeitos mais preocupantes da infestação parasitária é a redução do ganho de peso dos animais, impactando significativamente a produtividade e a rentabilidade da pecuária. De acordo com o médico-veterinário Renato Coser, gerente de vendas da unidade grandes animais da Syntec. “O comprometimento da saúde geral devido aos parasitas compromete a eficiência alimentar, pois os animais não conseguem converter os nutrientes da alimentação em massa corporal de maneira eficaz. Isso se reflete em menores índices de produção de carne, afetando diretamente o bolso do produtor”, afirma o especialista.
O controle estratégico é apontado como a principal solução pelo biólogo da Embrapa, Leandro Higa, que explicou durante o circuito de palestras da ExpoRochedo nesta semana – feira que trouxe uma série de atividades voltadas ao desenvolvimento e capacitação no setor agropecuário. O pesquisador destacou a necessidade de um manejo estratégico e personalizado, combinando métodos químicos, vacinas e alternativas biológicas.
“A escolha dos produtos deve ser feita com base em análises técnicas, como o biocarrapaticidagrama, que ajuda a identificar os produtos mais eficazes para cada caso. Essa abordagem integrada, não só melhora os resultados no combate ao carrapato, como também evita desperdícios e promove maior sustentabilidade. O manejo correto é fundamental, especialmente considerando o impacto econômico causado pelas infestações”, ressaltou.
Entre as ferramentas apresentadas, o biocarrapaticidograma, disponibilizado gratuitamente pelo Museu do Carrapato da Embrapa, onde são analisadas as amostras do parasita entregues pelos produtores rurais para identificar os produtos mais eficazes, evitando desperdícios e promovendo sustentabilidade. Além de provocar perdas de peso nos animais, o carrapato é vetor de doenças como a tristeza parasitária bovina, que pode ser fatal. “Altas infestações aumentam a presença de patógenos, debilitando o animal rapidamente”, avalia o profissional.
Gado de leite
No caso do gado leiteiro, Higa reforçou a importância de medicamentos de rápida ação, essenciais para evitar perdas na produção durante o período de carência. Outras soluções incluem vacinas em desenvolvimento e produtos naturais, alternativas promissoras para um controle mais sustentável. O especialista ainda alertou para os perigos de práticas caseiras, que podem elevar os custos e aumentar a resistência do parasita. “A orientação técnica é indispensável para o sucesso no manejo”, concluiu.
Não bastassem esses problemas, os parasitas são vetores de doenças que requerem tratamento veterinário, aumentando os custos com medicamentos e cuidados. A resistência a antiparasitários é um problema crescente e impõe novos desafios, demandando investimentos em estratégias de controle e manejo mais eficazes.
“Por todos esses fatores, os prejuízos econômicos relacionados a infestações parasitárias são consideráveis. Além dos custos diretos associados à saúde dos animais, há perdas indiretas, como diminuição da qualidade da carne e redução da produção do leite. A adoção de estratégias de manejo integrado, que incluem o controle de parasitas e a melhoria das condições de manejo e alimentação, é essencial para mitigar esses efeitos e garantir a sustentabilidade da produção pecuária”, completa o médico-veterinário, Renato Coser.
Por Suzi Jarde
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