Ontem, 21, foi celebrado o “Dia Mundial da Filosofia”, data estabelecida pela UNESCO em 2005, atendendo uma proposta feita pelo Marrocos. Sim, após a ocorrência do “Dia da Filosofia na ONU” em 2002, 2003 e 2004 (com a participação de mais de 95 instituições de 79 estados-membros neste ano), foi decidido que toda terceira quinta-feira do mês de novembro de cada ano seria celebrado internacionalmente o “Dia Mundial da Filosofia”. Mas, por quê?
Em linhas gerais, a ideia da UNESCO é a de conscientizar os países, governantes e sociedade acerca da importância da filosofia para o desenvolvimento do pensamento humano, tanto para o indivíduo, como para as sociedades, acreditando que o desenvolvimento do espírito crítico favorece a tolerância entre as pessoas e os povos, pois, “a filosofia, além de ser um saber acadêmico, é uma prática cotidiana capaz de transformar as sociedades e estimular o diálogo intercultural” (https://www.unesco.org/fr/days/philosophy). Neste sentido, a cada ano, a UNESCO estabelece um tema central em torno do qual são organizados debates, desde a sua sede, em Paris, aos quanto cantos do mundo, conclamando a todos atores pertinentes (universidades, escolas, sociedades e afins) a organizem atividades diversas (rodas de conversa, debates, ateliers, conferências, apresentações culturais…) que promovam a prática filosófica.
A indicação de um tema pela UNESCO serve para indicar algo que merece nossa atenção crítico-reflexiva, e o tema deste ano foi “La philosophie: combler les fractures sociales” / “Philosophy: bridging social gaps”,que pode ser livremente traduzido para o português da seguinte maneira: “Filosofia: superando as divisões sociais”.
Como de costume, são convidados nomes expoentes do pensamento acadêmico filosófico e das ciências sociais e humanas para apresentar elucubrações referentes à temática proposta, contribuindo assim para a reflexão crítica dos participantes das discussões. As atividades realizadas ontem e hoje na sede da UNESCO, na “Cidade Luz”, receberam a participação do filósofo espanhol Daniel Innerarity e do filósofo e sociólogo alemão Hartmut Rosa. O primeiro ponderou sobre o papel da filosofia como instrumento de auxílio na navegação online, determinada agora por ditames oriundos de Inteligências Artificiais. Já o segundo, fez suas considerações acerca da necessidade de adotarmos um conceito de energia social. Considerando que ambos intelectuais possuem fecunda produção acadêmico-literária, suas conferências apresentam ideias voltadas a vários desafios do nosso tempo: riscos à democracia, crise climática, desenvolvimento tecnológico exponencial, “aceleração” de nossa vida moderna e a consequente falta de tempo, entre outros.
No que concerne ao nosso Mato Grosso do Sul, importa lembrar que no ano passado, exatamente no “Dia Mundial da Filosofia UNESCO”, 16/11/23, foi criado o “FEFICH – Fórum Estadual de Filosofia e Ciências Humanas de MS”. O Fórum promove diversas ações, como as publicações realizadas sistematicamente neste espaço do “Jornal O Estado MS”, e também eventos virtuais e/ou presenciais, como o “I Congresso Estadual de Ciências Humanas de Mato Grosso do Sul”, que desde ontem e durante todo o dia de hoje, está ocorrendo na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). O FEFICH tem a tarefa de integrar a comunidade sul-mato-grossense de pesquisadores, profissionais e estudantes do campo das “Humanidades”, promovendo-as junto à sociedade. Sob o símbolo do “Dia Mundial da Filosofia UNESCO”, ao celebrar seu primeiro ano de existência, desejamos que o Fórum siga em frente e possa continuar contribuindo para o avanço das “humanidades” em nosso estado, fortalecendo a inteligência local, colando-a a serviço da “superação das nossas divisões sociais”.
Carlos Augusto Damasceno é professor concursado de Filosofia da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul. E-mail: [email protected]
Weiny César Freitas Pinto é professor do curso de Filosofia e do Mestrado em Psicologia da UFMS. Coordenador “pro tempore” do Fórum Estadual de Filosofia e das Ciências Humanas de MS. E-mail: [email protected]
Este artigo é resultado da parceria entre o Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul e o FEFICH – Fórum Estadual de Filosofia e Ciências Humanas de MS.
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