Nos últimos dias, a discussão sobre o fim da jornada de trabalho em escala 6×1 (seis dias consecutivos de trabalho por um de descanso) ganhou força nas redes sociais e tornou-se um dos temas mais comentados. A mobilização digital incentivou parlamentares a aderirem à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pela deputada Erika Hilton (PSol-SP), que visa acabar com esse modelo de jornada de trabalho.
Até o último sábado (9), a PEC contou com a assinatura de 79 deputados, mas para iniciar sua tramitação, são permitidas 171 assinaturas. Caso esse alcance seja número, o texto precisará ainda de 308 votos em dois turnos de votação para ser aprovado na Câmara dos Deputados.
Pressão nas redes e cobrança a política
O engajamento nas redes sociais gerou reações em massa entre usuários, que passaram por uma investida política que ainda não se manifestaram sobre a proposta. Entre eles, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), cujo silêncio sobre a PEC gerou a hashtag “Nikolas Ferreira não assinado”, que logo se ofereceu pelo X (antigo Twitter). Outros deputados do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, também foram cobrados publicamente, com apenas um dos 93 parlamentares da sigla assinando a PEC até o momento.
Proposta para substituir o modelo 6×1
A PEC, apresentada por Erika Hilton, tem como objetivo abolir o modelo 6×1, o qual a deputada classifica como “desumano”. Em uma publicação, um parlamentar afirmou que esse sistema de trabalho “priva o trabalhador de passar tempo com sua família, de cuidar de si, de se divertir, de buscar outras oportunidades ou se qualificar para um emprego melhor. A escala 6×1 é uma prisão e é incompatível com a dignidade do trabalhador”.
A iniciativa para propor a mudança veio do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), liderada pelo vereador eleito Rick Azevedo (PSol-RJ). A mobilização já reuniu mais de 1,3 milhão de assinaturas em uma petição online a favor da proposta, refletindo a insatisfação popular com as condições de trabalho impostas pelo modelo atual.
Pela Constituição e pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a jornada de trabalho no Brasil não pode ultrapassar oito horas diárias e 44 horas semanais, sendo possível flexibilizar horários por meio de acordos coletivos. Entretanto, a escala 6×1 ainda é amplamente aplicada, especialmente em setores como comércio e serviços, nos quais a carga semanal é distribuída ao longo de seis dias, limitando o tempo de descanso dos trabalhadores.
Com a pressão popular e o apoio crescente de parlamentares, a proposta de fim da jornada 6×1 avança no cenário político, embora ainda precisa de ampla adesão para iniciar a tramitação. A iniciativa reflete uma preocupação crescente com a saúde mental e a qualidade de vida dos trabalhadores, levantando o debate sobre a necessidade de modernização nas leis trabalhistas.
Com informações do SBT News
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