Evento será realizado pela primeira vez, com atividades de 11 a 20 de novembro
Desde 1971, o Brasil possui o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro. A data só foi formalizada nacionalmente em 2003 e instituído como comemoração em 2011. Após 52 anos, o Dia da Consciência Negra foi oficializado como feriado nacional.
Para celebrar e promover a cultura afro-brasileira, o Centro Cultural Quintal de Palmares realiza o I Festival Cultural Novembro Negro, com atividades de 11 a 20 de novembro, em Dourados, a 228 quilômetros de Campo Grande.
Conforme a organização, o objetivo do festival é difundir a diversidade de expressões culturais, como a poesia, a dança, capoeira, manifestações afro-religiosas, gastronomia, música, grafite, exposições com artistas negros da cidade, performances de pintura.
No dia 20, feriado, a partir das 17h, a Praça Antônio João recebe a 7ª edição da Noite Cultural, alusiva a consciência negra, e a 4ª edição da Feira Afro Zumbi Vive, com expositores, em sua maioria negros, expondo seus negócios e movimentando a economia da cidade. Também haverá show com o grupo Terra Seca, e a cantora Ana Paula Lopes, para fazer o público cair no samba.
Membro fundadora do coletivo Quintal dos Palmares, Luci Ana ainda pontua que o festival trará oficinas e palestras para a população.
“Serão cinco oficinas, sendo elas a de boneca Abayomi, a oficina de turbante, a oficina de capoeira, de danças brasileiras e a oficina de atabaque, que terá acessibilidade em libras. Nós também teremos duas palestras formativas, uma sobre política de cotas e outra sobre religiões de matrizes africanas. Também são palestras com acessibilidade em libras, onde nós vamos difundir conhecimento e auxiliar as pessoas a entender um pouco mais sobre o racismo estrutural que está por trás de todo esse preconceito em relação a esses temas”, explica.
Nós, do Quintal de Palmares, estamos muito felizes em realizar essa atividade e esperamos todos vocês para celebrarem a cultura afro-brasileira na cidade de Dourados”, convida.
Contemplado pela Lei Paulo Gustavo, o evento tem parceiros como UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Simted, Fetems, UEMS, Ile Axé Megemulebaonã, Instituto Malungo, Alabês do Ilê, Grupo de Pesquisa Mixirum, entre outros.
Também membro do coletivo, Beatriz Meira, relata que a expectativa para o evento é altíssima. “Para além da atividade do dia 20 também, a expectativa é alta em relação às atividades que estamos oferecendo dentro das oficinas, no público infanto-juvenil nas escolas, nos demais bairros que vão ocorrer, o oferecimento de palestras, também informativas. Então, esperamos muito de verdade que as pessoas se animem com esse momento de festividade, mas para além desse momento de festividade, esse movimento de luta, principalmente a partir da data do dia 20 que nós demarcamos esse ano, enquanto a data combina com o nosso festival, como um ato político de ocupar, em uma quarta-feira é a Praça Antônio João, que é uma praça central nas cidades de Dourados”, disse.
Para Meira, um dos desafios na construção e idealização do festival é o próprio racismo estrutural. “Desde a captação de recursos até o espaço de divulgação, nos deparamos com limitações impostas por uma sociedade que, muitas vezes, não valoriza a cultura preta. E isso impacta diretamente o reconhecimento e a visibilidade do evento, gerando barreiras que vão desde a disponibilidade de locais até o apoio institucional. Apesar das dificuldades, seguimos firmes, e esse ano promovendo o festival com o propósito de resistir e manter viva as nossas potencialidades nas suas diversas segmentações”, afirma.
“Esperamos que o Festival Cultural Novembro Negro, a longo prazo, fortaleça a cultura preta em Dourados e região. Nosso projeto valoriza a história negra e tem atuação há mais de 7 anos no município, esperamos que isso impulsione a equidade nas instituições locais e fortaleça a identidade da comunidade. Nosso objetivo é que promover um espaço de aquilombamento e que esse espaço contribua para a luta antirracista”, finaliza.
Serviço: Acompanhem a programação nas redes sociais: @festivalculturalnovembronegro e
@quintaldepalmares.
Por Carolina Rampi
Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram
Leia mais
Da sofrência à religião estreia mostra “Entre o céu e a Terra”