‘Para depois que eu partir’

Luto e inventário

Advogada lança livro com orientações para profissionais e familiares para auxílio durante perda

Em um momento de luto, onde perdemos alguém querido por nós, uma das últimas coisas que passa pela nossa cabeça são questões burocráticas. Entretanto, essas mesmas questões não aguardam até que nosso emocional e psicológico esteja nos eixos novamente, e é preciso lidar com diversos assuntos como sepultamento e testamento. Para auxiliar especialistas e famílias enlutadas a como lidar com esses temas, a advogada Ana Paula Maia lança no dia 13 de novembro o livro ‘Para depois que eu partir – Planejamento sucessório para leigos’.

Advogada Ana Paula

A obra desvenda as imposições legais e faz recomendações preventivas para um momento que todos nós, cedo ou tarde, teremos de enfrentar: a perda de um ente querido ou mesmo a proximidade de nossa morte.

Especialista na área de família e sucessão, a advogada e autora da obra, Ana Paula Maia, explica que o livro surgiu a partir de dois momentos: das dúvidas que os próprios clientes possuíam sobre os processos sucessórios, e na perda do irmão.

“Ele era jovem, não tinha filhos, com projetos a longo prazo e quando ele ficou doente, foi um caos familiar, desde a parte de saber sobre os documentos dele, até sobre o testamento dele. Foi aí que percebi que ninguém precisa passar por todo esse caos, porque não tivemos tempo de passar pelo processo do luto. Quis escrever o livro então para pessoas leigas, que irão conseguir entender o que fazer, para quando um familiar se for, e para si próprio”, explicou a advogada em entrevista ao jornal O Estado.

A autora indica que, planejamento e organização de questões relacionadas a um falecimento não devem ser de inteira responsabilidade dos familiares. “Quando você parte e se preocupa com as pessoas que ficam dá a elas o direito de viver o luto com mais tranquilidade. Planejamento sucessório é um ato de amor”.

Testamento não é sinônimo de dinheiro

Ilustrado com exemplos vividos na carreira, Ana Paula explica que o testamento não é exclusivo para aqueles que possuem grande fortuna.

“O testamento pode ser feito, no caso de quem tem filhos, por exemplo, indicando quem será o curador deles, como será a pensão por morte. Sempre temos algo que temos apego. Temos também o codicilo, o qual são os bens de pequena monta, como roupas, carro, livros. Hoje é possível deixar no testamento com quem você quer deixar os seus animais”, explica.
A especialista indica que para pessoas com grandes fortunas, empresas e imóveis, por exemplo, o indicado é a confecção do holding, um tipo de planejamento sucessório específico. “O testamento é para todos”.

O livro

São 15 capítulos apresentando aos leitores desde o percurso necessário à oficialização de um falecimento e ao sepultamento, até a transmissão dos bens, passando pela preparação da sucessão (no sentido patrimonial e afetivo), combinados a dicas e reflexões surgidas nas vivências profissionais da autora, assim como em seus estudos do Direito de Família e das Sucessões.

Uma das partes da obra apresenta o recurso da pastinha cinza, elaborado pela autora. A seguir, o assunto são os seguros, auxílio funerário, previdência privada, impostos, taxações, quitação de dívidas da pessoa falecida e outras particularidades pecuniárias, sempre considerando a pluralidade de condições de leitores diversos.

“A pasta nada mais é que um lugar certo e determinado para você juntar seus documentos. Na hora da morte, os entes não saberão onde estão documentos simples como senhas, escrituras, documentos de veículos. Eu tenho uma pasta e junto cópias como certidão de nascimento das minhas filhas, senhas, toda a minha documentação. Quando o meu irmão adoeceu, não achávamos nenhuma documentação. A pasta é o melhor jeito de organizar todas as suas informações para quem ficar depois que você partir”.

Outro ponto destacado no livro, é a herança digital. “Esses são bens que todos têm hoje. Pastas no drive do Google, conta da Apple, criptomoedas, contas ligadas a monetização, milhas áreas. Tudo que é digital pode ter um valor econômico e terá que constar no inventário”, recomenda.

A autora: Ana Paula Maia dos Santos é bacharel em Direito e em Administração. Atua como advogada desde 2015, tem pós-graduação e especializações em Direito das Famílias e Direito das Sucessões. É vice-presidenta da Comissão de Sucessão do IBDFAM/MS, seccional do Instituto Brasileiro de Direito de Família, e conselheira do Fraternitas, grupo de atuação pelo empoderamento de mulheres vítimas de violência doméstica.

O lançamento será no dia 13 de novembro, às 19 horas, no Recanto Ratier, localizado na Rua Pernambuco, 1859, Centro, Campo Grande – MS.

Por Por Carolina Rampi

 

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