Segundo os comerciantes, tradição da data não é como antes
Com a proximidade do Dia dos Finados no próximo sábado (2), as floriculturas de Campo Grande já estão se preparando para o atendimento aos clientes. Tradicionalmente, durante está época do ano é comum que familiares visitem seus entes queridos para prestarem homenagens e levarem flores para deixar em seus túmulos. De acordo com os comerciantes da Capital, a procura em busca de flores começa a aumentar já na última semana de outubro, mas o aumento significativo nas vendas deve alavancar entre quinta (31) e sexta-feira (1).
O gerente da floricultura Pequena Flor, Elieno da Silva Rosa trabalha há mais de 20 anos no ramo e acredita o movimento neste ano será enfraquecido pelo preço dos produtos. “Estou achando que este ano será bem abaixo do esperado, principalmente por conta do alto preço das flores. Além disso, cai em um final de semana oque não melhora o movimento do comércio”. Devido a baixa clientela, o gerente repensa se abrirá a loja para as vendas entre a quinta e sexta-feira. “Normalmente, o que mais vendemos na loja é o vaso de crisântemo. Mas, levando em consideração o preço que está, praticamente não vou conseguir trabalhar este ano”.
Para Elieno, a queda nas vendas e na procura dos clientes além da escolha do final de semana, se deve a uma perda na tradição por parte da população mais jovem. “Vinte anos atrás, era uma grande honra para as pessoas visitar o cemitério e deixar uma flor. Especialmente os mais velhos, porém atualmente, os jovens não demonstram mais esse apreço. Vejo que a tradição está se perdendo”.
Thaiana Rita Severo Alves é proprietária há mais de 10 anos da Floricultura Nicaretta, e diante seu tempo de serviço, explica que o comércio da floricultura já foi mais valorizado. “Hoje em dia não vendemos tanto quanto há 20 ou 30 anos atrás, mas ainda tem bastante movimento na nossa loja. Como o Dia de Finados cai num sábado, muita gente de idade vai antes, entre quarta e quinta-feira, porque nesses dias ainda pode entrar com o carro no cemitério e organizar as flores”.
Em relação as vendas, a proprietária do estabelecimento afirma que a partir de quinta-feira a tendência é atender em média 60 pessoas por dia. “Esperamos um aumento significativo de clientes até o feriado. Vendemos cerca de mil vasos de crisântemo nessa época, e o líquido costuma ser em torno de 20 mil reais”.
Para Thaiana, o gesto de levar uma flor a um familiar, amigo ou parente é uma maneira de lembrar dessas pessoas e demonstrar o afeto que sentia em vida, além do respeito que mantém após a morte. “A gente trabalha em um ramo que eu falo que desde o nascimento até a morte as pessoas recebem uma flor. E isso aí é um gesto de carinho que a gente, que ainda mais quem acredita que a vida não acabou aqui, tem pleo ente querido. A pessoa visita e homenageia para ter essa lembrança, então quem tem fé, vai ao cemitério com as flores para homenagear o pai, a mãe, o avô ou avó”.
A proprietária da Floricultura Silvestre, Maria Gabriela Belinati ressalta que o comércio das floriculturas durante finados já teve seu período com vendas positivas para as lojas. “O avô do meu namorado tem floricultura há muito tempo e sempre disse que, antigamente, essa data era muito melhor. Hoje, competimos com o mercado e com quem vende nos cemitérios, muitas vezes sem autorização”. Segundo a proprietária, as compras para os finados foram apenas 20% acima do estoque semanal. No entanto, se fosse durante datas como o Dia das Mães e o Dia dos Namorados, os estoques na loja seriam bem maiores. “Se fosse nos dias das mães e dia dos namorados provavelmente não teríamos nem espaço para andar na loja pelo tanto de flores que normalmente compramos”.
Para Maria Gabriela, o gesto de comprar a flor e levar ao cemitério é um gesto de amor e respeito aos mortos, mas também uma forma de consolação para quem passa pelo luto ou deseja manter a memória viva. “Eu acho que é um acalento pro coração de quem vai levar essa flor, é como se fosse um carinho que a gente estivesse levando pra quem já descansou. Ir ao cemitério e limpar o local e deixar uma flor é um acalento para o coração de quem perdeu alguém, uma forma de manter viva a memória e mostrar cuidado”. Apesar das dificuldades enfrentadas com as vendas e a concorrência, os comerciantes continuam a resistir durante esse período de incerteza do comércio da floricultura, valorizando a tradição que reconhece e celebra aqueles que já se foram.
Em nota a imprensa, o presidente da CDL Campo Grande (Câmara de Dirigentes Lojistas), Adelaido Vila, ressaltou que a expectativa de vendas é positiva diante uma data é que preza a homenagem e lembrança de parentes e familiares. “As vendas de flores costumam aumentar significativamente, refletindo a tradição de levar flores aos túmulos de entes queridos. É necessário que os comerciantes ofereçam produtos de qualidade e opções variadas para atender a demanda dos clientes”.
Serviço
As lojas em Campo Grande estarão fechadas no Dia de Finados, feriado que acontece em 2 de novembro. Essa determinação está estipulada na Convenção Coletiva de Trabalho assinada entre o Sindivarejo CG (Sindicato do Comércio Varejista de Campo Grande), a Fecomércio MS e o Sindicato dos Empregados no Comércio de Campo Grande.
Caso haja descumprimento, poderão ser aplicadas multas, conforme previsto no documento coletivo. O texto estabelece que a violação de qualquer cláusula da Convenção resultará em uma penalidade equivalente a um salário mínimo por empregado que tiver seus direitos desrespeitados.
Por João Buchara