Mesmo com estiagem o setor da agropecuária foi responsável por 93% das exportações de MS

Foto: Divulgação
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Sementes adaptadas as mudanças climáticas são estratégias lucrativas para produtores rurais

Em busca de contornar o período de estiagem no Estado, produtores rurais têm aderido a mudanças na forma de cultivo devido ao intenso calor. As estiagens prolongadas, que se tornaram mais frequentes, estão afetando significativamente o ciclo de produção agrícola, podendo causar prejuízos financeiros aos produtores e comprometendo a segurança alimentar. Com a forte cultura do cultivo de soja e milho em Mato Grosso do Sul as condições climáticas atuais não são favoráveis para o desenvolvimento deste plantio, forçando os produtores a buscarem novas alternativas para driblar a seca.

Na tentativa de entender oque pode ser feito para contornar essa situação, o Jornal O Estado entrevistou Lenon Henrique Lovera, consultor técnico da Famasul. O consultor afirmou que, além do produtor ter o papel de acompanhar as condições climáticas da sua região e escolher sementes de alta qualidade que se adaptem melhor às variações do clima, uma alternativa viável seria o uso de sementes geneticamente melhoradas.

“Uma das alternativas são as sementes melhoradas geneticamente e as transgênicas(geneticamente modificadas) que podem apresentar características ausentes nas espécies silvestres ou cultivadas. As características seriam difíceis de serem encontradas na natureza ou obtidas por meio de cruzamentos tradicionais. Há diversos exemplos de transgênicos no mercado, incluindo sementes de plantas que são resistentes a pragas, doenças e tolerantes a períodos de estiagem”.

Lenon Henrique explica que os resultados observados pelos agricultores ao adotarem essas sementes em relação as tradicionais têm sido positivas tanto para o mercado quanto para os clientes. “Para a sociedade, o melhoramento genético viabilizou a segurança alimentar no mundo. O aumento da produção de proteínas animais a nível mundial só foi viável com a maior oferta de grãos. Adversidades climáticas, resistência a doenças, qualidade de grão e capacidade de transformação são temas pesquisados mundialmente dentro do melhoramento genético de grãos”.

Em relação a economia local, o consultor técnico da Famasul afirmou que mesmo nos períodos de estiagem dos anos anteriores, Mato Grosso do Sul conseguiu suportar o período de crise com a seca e trouxe um lucro significativo para o Estado. “A produção agropecuária fixa na economia local/município a renda produzida, gera emprego e gira o comércio local. Quando olhamos o PIB no MS, o total foi de R$ 142, 2 bilhões, e a agropecuária no estado foi responsável por 23% deste total (R$ 32,14 bi), divididos em todos os municípios do estado em 2021. Sendo assim o setor foi responsável por 93% das exportações do MS”.

Semadesc

Já para o Coordenador de Agricultura da Semadesc, Fernando Nascimento, é importante que haja as outras alternativas relacionada ao cultivo para contornar o período de seca sejam pensadas como um investimento para as próximas secas. “O interessante que tenhamos alternativas de cultivos porque as mudanças climáticas estão afetando as culturas de verão, com veranicos e excesso de chuvas na colheita e irregularidade de chuvas ao longo do ciclo. E, nas culturas de outono/inverno os períodos prolongados de estiagem. Com mais culturas alternativas, o produtor terá uma oferta de variedades e híbridos para escolher as mais resistentes às adversidades climáticas”. Entre as alterações de plantio que podem ser realizadas, o Coordenador de Agricultura recomenda o cultivo de sorgo, feijão e milheto, porém com a técnica da irrigação os riscos de perca diminuem significativamente.

Sobre as práticas de manejo que podem ser realizadas para os plantios feijão, milho e cereal, Fernando Nascimento cita que deve haver um cuidado com relação ao zoneamento de risco climático e com a irrigação e armazenamento de água. “Primeira decisão que o produtor deve tomar é plantar no período recomentado pela pesquisa, respeitando o Zoneamento de Risco Climático – ZARC, ferramenta que vem sendo aperfeiçoada pelo MAPA/EMBRAPA a cada ano. Outra técnica importante é a incorporação de matéria orgânica no solo, prática que contribui com a estrutura do solo, melhorando a capacidade de armazenamento de água no solo. Também a prática de conservação de solos e água é fundamental, através do terraceamento, da rotação de culturas, da integração das práticas conservacionistas de lavouras com estradas rurais, impedindo o escorrimento de água para as estradas e para os recursos hídricos”.

Por João Buchara

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