Comportamento dos ventos mudam a paisagem e poluição se fixa sobre a Capital

Na manhã de ontem, cenário era de fumaça e de sol laranja no céu de Campo Grande - Foto: Nilson Figueiredo
Na manhã de ontem, cenário era de fumaça e de sol laranja no céu de Campo Grande - Foto: Nilson Figueiredo

Sol vermelho e com visualização direta é um sinal de impurezas no ar

O campo-grandense naturalmente já é apaixonado pelas fotos do céu, mas a cor do sol chamou a atenção de todos nesta quinta-feira (5). Vermelho e com fácil visualização a olho nu, em pleno horário de pico, a paisagem comprova a fixação da massa de ar seco e poluição, trazidos pelos ventos da área de fronteira.

Segundo o meteorologista Natálio Abrão Filho, a tendência é de que a cor do sol se torne cada vez mais chamativa, principalmente nas primeiras horas do dia e durante o fim da tarde.

“O Centro-Oeste está sob a influência de uma massa de ar quente e seca. O que se observa é uma curiosidade, pela manhã no nascer do sol e também, no pôr do sol, ele fica uma cor avermelhada decorrente de partículas em suspensão na atmosfera, temos poeira, areia, fuligem e a alta pressão não permite que essa sujeira tenha a tendência de voltar para o solo, quanto mais dias sem chuva tivermos, isso vai ganhar mais força”, explica.

Não foi somente a cor do sol que mudou pela chegada de partículas na atmosfera, de acordo com a central de monitoramento da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a qualidade do ar ontem (5), passou de moderada para ruim. Cenário que já era esperado, uma vez, que pelo sistema Ventusky, da última quarta-feira (4), foram registrados ventos de 40 km/h vindos da Bolívia em direção a Capital. Desde o fim de semana a população testemunhou o acinzentamento do horizonte, mas esse comportamento fortaleceu o transporte da fumaça do país vizinho, que enfrenta uma onda de incêndios intensa e preocupante.

Foto: Nilson Figueiredo

“A massa de ar acaba condensando a poluição na camada mais baixa, que é a que a gente está aqui, está respirando. Então, se a gente sair ali fora, vai ver o sol vermelho. Isso é um indício de poluição no ar, da atmosfera. Às vezes até bonito, para foto é excelente, mas é poluição”, explica a tenente-coronel Tatiane Inoue, que é diretora de Proteção Ambiente do CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul).

Enquanto é possível contemplar o “sol de poluição”, com a direção do vento mudava, influenciada pela massa de ar frio que chegava no Estado que, naturalmente, vem do Sul do país, entre 27 e 30 km/h.

“Hoje já teve uma inversão dos ventos, com a chegada da massa de ar frio. Então, a gente viu que teve uma queda na temperatura. A gente registrou algumas precipitações ali no sul do estado. Até o pessoal que está em Miranda registrou uma garota. Vemos claramente a direção dos ventos nesses sistemas”, completa Tatiane.

As condições climáticas extremas e desfavoráveis intensificam fenômenos específicos, que contribuem para a propagação rápida das chamas. Esta semana, na região de Aquidauana, durante atuação em áreas com chamas, o Corpo de Bombeiros registrou redemoinhos pós-fogo em um campo que havia sido devastado, e também queima de turfa com fogo subterrâneo em uma área que já tinha queimado e recebido aceiro e outras medidas de contenção – inclusive quatro caminhões de água, que foram despejados na área para resfriamento do solo.

Calor e Incêndios Florestais

Mesmo com a chegada de uma frente fria, os esforços continuam a ser empregados para mitigar os efeitos do fogo, a previsão climática é desfavorável, com risco extremo ou muito alto para a ocorrência de incêndios florestais.

“Para os próximos dias, uma intensa massa de ar quente e seco deve se estabelecer. Então, entre sábado (7) até quarta-feira (12), vamos ter temperaturas acima da média, que podem ficar entre 38°C e 43°C. E a umidade relativa do ar também estará muito baixa, entre 5% e 20%. Vai ser um período muito quente e muito seco, e todas as condições atmosféricas favorecem a ocorrência de incêndios florestais”, explicou a meteorologista e coordenadora do Cemtec (Centro de Monitoramento do Templo e do Clima), Valesca Fernandes.

 

Por Kamila Alcântara

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