O conflito em retomadas na Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, em Douradina (MS) se intensificou no sábado (3). Pelo menos dez pessoas foram feridas, duas em estado grave.
Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), o ataque ocorreu pouco depois da Força Nacional deixar o território. O relato do Cimi é de que jagunços armados atiraram com munição letal e balas de borracha a partir de caminhonetes.
Um indígena levou um tiro na cabeça e um outro no pescoço. Os dois estão em estado grave. Os feridos foram encaminhados para o Hospital da Vida, em Dourados.
Segundo o Cimi, relatos de indígenas acusam a Força Nacional de ser conivente com o crime. Um disse ter ouvido de um agente a frase: “Pega teu povo e sai daqui ou vocês vão morrer”, pouco antes do ataque. Outro indígena foi mais incisivo: “Queremos saber a razão da Força Nacional ter saído daqui. Os agentes saíram e o ataque aconteceu. Parece que foi combinado. Queremos entender”, disse ao Cimi.
O Ministério dos Povos Indígenas disse ter recebido as denúncias e enviado uma equipe da pasta e da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) para o território. O grupo foi acompanhado do Ministério Público Federal para prestar atendimento aos Guarani Kaiowá.
A Secretaria de Saúde Indígena foi acionada para lidar com os feridos com menos gravidade. Um dos feridos segue em estado grave.
O secretário executivo do MPI, Eloy Terena, acionou o Ministério da Justiça e Segurança Pública e pediu explicações sobre a retirada da Força Nacional do local. Também pediu que fosse garantida a permanência do efetivo no território, para evitar outros casos de violência.
O MPI informou ainda que emitiu ofício para o diretor-geral da Polícia Federal solicitando investigação imediata sobre o ocorrido. O Comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar também foi acionado e disse ter reforçado o policiamento.
Segundo o Cimi, o ataque de sábado ocorreu mais precisamente na retomada Pikyxyin, uma das sete na Terra Indígena Lagoa Panambi, identificada e delimitada desde 2011. Um ataque já havia ocorrido no local na sexta-feira (2), sem ferir os indígenas.
Na quinta-feira (1), um ruralista armado foi detido pela Força Nacional no local. O Cimi disse ter sido informado pela DPU (Defensoria Pública da União) que entrará com representação para destituir o comando da Força Nacional em Mato Grosso do Sul.
Ministério
O MDHC (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania) disse, em nota, que acompanha a escalada de violência contra comunidades indígenas Guarani Kaiowá no estado. O coordenador-geral do PPDDH (Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas) chegou ao Mato Grosso do Sul nesse domingo (4), para se juntar à equipe coordenada pelo Ministério dos Povos Indígenas.
O MDHC disse estar em tratativas com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para aprimorar o uso da Força Nacional no controle de conflitos, proteção e defesa da vida de pessoas atingidas e respeito aos direitos humanos dos povos indígenas.
Com Agência Brasil
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