Desde as icônicas naves espaciais vistas em Doctor Who, Star Trek e Star Wars, os discos voadores têm sido explorados tanto pela ciência quanto pelo entretenimento. Celebrado nesta segunda-feira (24), o Dia Mundial do Disco Voador destaca esses objetos, cientificamente conhecidos como Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs). Presentes no imaginário humano por muitos anos, os OVNIs ganharam maior notoriedade no século XX, impulsionados pela era da exploração espacial e pela expansão dos meios de comunicação.
A origem desta data remonta ao dia 24 de junho de 1947, quando o piloto americano Kenneth Arnold afirmou ter avistado nove objetos voadores próximos a uma montanha na cidade de Washington D.C, nos Estados Unidos. Este evento inspirou muitas pessoas a compartilharem suas próprias experiências com avistamentos alienígenas, impulsionando estudos sobre discos voadores e suas possíveis visitas ao planeta Terra. Esse campo de estudo, conhecido como ufologia, dedica-se a examinar e analisar fotos, vídeos e outros materiais que possam fornecer evidências da existência de vida extraterrestre.
Não muito longe do planeta Terra, nas ruas de Campo Grande, diversas pessoas acreditam e desacreditam nesses objetos. No dia 6 de março de 1982, no estádio Universitário Pedro Pedrossian (“Morenão”), o time da casa, Operário, enfrentava o Vasco da Gama. O jogo, que terminou em 2 a 0 para o mandante, contou com um público de 24.573 pessoas. No entanto, o destaque da noite não foram apenas os gols. Aproximadamente aos 15 minutos de partida, algo estranho no céu chamou a atenção dos futebolistas. O fenômeno foi descrito como uma manifestação legítima de inteligência extraplanetária, onde aconteceu o maior avistamento coletivo de um disco voador. O acontecimento não possui registros fotográficos ou imagens de vídeo.
O OVNI do Morenão
Em formato de charuto, cores azul e rosa e de alta tecnologia, o ex-setorista do operário, radialista e jornalista, Gilson Ramão Giordano detalhou para a reportagem sobre o que ele viu naquela noite. Gilson entrou no Morenão pelo portão principal e ficou de frente para a arquibancada coberta. Entrou para o vestiário um à direita, onde o time da casa se preparava. O jogo já havia começado, e Giordano estava perto do gol na área de acesso destinada à imprensa.
Foi então que ele avistou um objeto em forma de charuto. O objeto cortou o espaço do estádio sem sobrevoar o gramado, passando por fora do Morenão. Ele se deslocou entre a torre de iluminação próxima ao túnel e a torre de iluminação localizada do outro lado, na arquibancada descoberta. O objeto apresentava luzes azul e rosa, sendo azul na parte interna e rosa na parte externa. Em nenhum momento ele parou sobre o gramado ou dentro do estádio. Apenas passou perto do vestiário e da outra torre na arquibancada descoberta.
“Ele (o OVNI) passou voando do lado de fora. Eu realmente vi aquele objeto claramente, tinha o formato de um charuto enorme. Ele se movia a uma velocidade impressionante, com luzes azul e rosa”, relatou o jornalista.
Gilson também enfatiza que acredita firmemente no que viu, e seria muito difícil as pessoas presentes não terem notado o que estava acontecendo. No entanto, o ex-setorista ressalta que surgiram muitas mentiras em torno do incidente, o que levou à disseminação de muitas notícias falsas entre as pessoas.
“Nunca presenciei nada igual. Foi só aquela vez mesmo. Foi único. Tanto que no domingo e na segunda-feira seguintes, a vida seguiu normalmente, sem alvoroço pela cidade, nada disso. Por isso, repito, houve muitas inverdades, muitas mentiras. Muitos inventaram ao dizer que um objeto pairou sobre o gramado do Morenão e o jogo parou. Isso não aconteceu de jeito nenhum”, finalizou o radialista.
Relatos antigos de pessoas que observaram o disco em Campo Grande, especialmente aquelas presentes no estádio, destacam diferentes pontos de vista sobre o evento. Ainda em vida, Ademar José Gevaerd, foi um dos maiores ufólogos do Brasil e editor da renomada revista UFO, dedicou sua vida a este acontecimento.
“Foi uma área muito grande que foi atingida. Na ocasião que isso aconteceu, a gente não tinha ideia. A conclusão foi que se tratava de um grupo de objetos voadores, descartando rapidamente a hipótese de um único objeto percorrendo toda a região. Portanto, foi uma revoada de OVNIs com epicentro em Campo Grande, no estádio Pedro Pedrossian. Entrevistei pessoas que estavam na Moreninha, na UFMS e na Calógeras, que relataram ter visto o objeto passando sobre suas cabeças. Outro grupo na Antônio Maria Coelho também avistou o fenômeno”, relatou Gevaerd para o Trabalho de Conclusão de Curso pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) dos jornalistas, João Conrado Kneipp e Pedro Nogueira Heiderich em 2012.
O caso chamou a atenção da mídia local, o que resultou em uma enxurrada de relatos de pessoas que até então não tinham para quem contar suas experiências. Após coletar e analisar inúmeras evidências e relatos, Gevaerd concluiu que se tratava de um grupo de naves extraterrestres realizando algum tipo de prospecção ou pesquisa.
Ele enfatizou que o fenômeno foi uma manifestação legítima de uma inteligência extraplanetária, impressionante não apenas pelo número de testemunhas, mas também pela qualidade dos avistamentos.
Você acredita?
Para o Jornal O Estado, o auxiliar hospitalar Joaquim Anteare, de 68 anos, é um dos que acredita, mesmo sem ter visto nada pessoalmente. “Eu acredito sim! Já vi um monte desses filmes que aparece os discos voadores e tudo mais. Também acredito na história que apareceu o disco voador no Morenão, sim, na época ouvi histórias de quem foi, li reportagens sobre, mas eu mesmo não vi, já que não morava aqui em Mato Grosso do Sul, era de Mato Grosso na época”, disse ao jornal O Estado.
Já a empresária Thamires, 24, acha que o ‘evento’ extraterrestre podeira desembarcar de novo em terras tupiniquins. “Nunca assisti a filmes de OVNIS, mas também não desacredito, acho que existe sim fora da terra, mas não que eles ficam andando aqui com a gente. Já ouvi falar do caso do Morenão, inclusive, podia vir de novo né? Ter mais um acontecimento, novidade aqui na cidade!”, opinou bem humorada.
Mesmo que a história do avistamento de um disco voador no Morenão seja amplamente conhecida, principalmente entre os fanáticos e crentes em ufologia, ainda há quem sequer ouviu falar do tal do disco voador do estádio e que não acredita na existência da vida fora do planeta -e que essa vida já fez uma visitinha no Pantanal.
“Eu nunca ouvi falar dessa história! Era muito menino na época, tinha nove anos só. Mas acredito que essas coisas não existem não, parece tudo lenda, fantasia, mesmo que tenha reportagens sobre isso, não acredito”, disse à reportagem o agente de serviços gerais da Agetran, Luiz Carlos Severião, de 53 anos.
Assim como Severião, a empresária Vani Cindra, de 36 anos, também não tinha conhecimento sobre o caso do avistamento no Estádio Morenão. Porém, isso não impede a empresária de acreditar na vida fora da terra.
“Eu acredito com certeza, acredito em tudo! Eles não inventaram isso da cabeça deles. Gosto muito dessas coisas, sempre vejo filmes e tudo, inclusive essa semana teve uma lua cheia muito forte, e coloquei uma garrafa de água sob a luz dela, e agora eu e minha família estamos tomando essa água!”, relatou animada ao jornal O Estado. Para quem ficou curioso, a água da lua é um velho ritual pertencente as benzedeiras, onde se coloca água limpa em uma tigela transparente ou branca para ‘absorver’ as energias da luz da lua. Cada tem um significado e um pedido diferente.
Mais ‘em cima do muro’, o militar da reserva Ivo Santos, de 58 anos, é um dos participantes do grupo ‘eu não vi, mas vai que é verdade’. “Eu particularmente não acredito que existe. A gente sabe que existem outros planetas e tudo mais, mas essas coisas não. Mesmo que as coisas tenham evoluído, e tenha muita tecnologia hoje, mas eu ainda continuo achando que não existem discos voadores. Nunca ouvi falar dessa história do Morenão também, mas por mais que eu não acredito, vai que existe?”, confessou.
Por Amanda Ferreira e Carolina Rampi
Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram