Preços mínimos do trigo em grãos no Centro-Oeste sofreram reajuste de 15,75%
Com o quilo chegando a R$ 20, ter o pãozinho de cada dia na mesa é mais um desafio no orçamento do consumidor. Para não deixar as vendas caírem, proprietários de padaria comentam as estratégias para que o preço do famoso “pão francês” não espante a clientela. O aumento do alimento ocorreu porque os preços mínimos do trigo em grãos tiveram reajuste de 15,75% no Centro-Oeste, segundo dados do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária).
Na padaria do senhor, Antônio de Almeida Filho, a prioridade é sempre manter a qualidade dos pães, o empreendedor conta que segura ao máximo o valor do alimento e quando preciso, testa outras marcas de trigo para não deixar os preços do pão ainda mais nas alturas.
“Eu trabalho com a margem bem reduzida de preço para ter cliente, porque caso contrário não consigo. Hoje em dia quem vende barato, vende bastante e quem vende caro fica sujeito as vendas diminuírem. Eu não trabalho com marca trabalho com qualidade, pois nem sempre a marca mais famosa é a mais superior. E sempre faço teste com outras marcas de trigo, mas sempre priorizando a qualidade”, afirmou o empresário.
Com 24 anos de experiência na padaria, Ricardo Lada, já passou por muitas mudanças com a variação do preço da farinha de trigo – principal matéria-prima do pão. Ele compartilha que em épocas de aumento no preço do cereal opta em não repassar o valor bruto para seus clientes, apenas parte do reajuste. “Quando sobe a gente repassa para o consumidor, mas eu tento não repassar tudo porque senão o cliente assusta”, ressalta.
Para o consumidor e técnico em vulcanização, Renato Medeiros, a saída é diminuir o consumo, mas afirma que não abre mão do alimento que é o protagonista no café da manhã e no lanche da tarde. “Vai ter que diminuir, comer menos. Antes cada um comia dois vai ter que reduzir para um, o que não pode é deixar faltar”, reforça o consumidor.
Comportamento do grão
Os preços mínimos do trigo em grãos tiveram reajuste nas três regiões produtoras do país: Sul (-10,55%), Sudeste (-11,55%) e Centro-Oeste/Bahia (-15,75%). Os dados foram publicadas pelo Mapa nesta semana atualizando os preços mínimos para o trigo em grãos e sementes de trigo da safra 2024/2025. Atualmente, o trigo tropical é cultivado nos biomas do Cerrado e da Mata Atlântica em mais de 400 mil hectares nos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, além do Distrito Federal.
O economista Stanley Barbosa garantiu que os dados não significam aumentos dos produtos fabricados em padaria. “Não vai ficar mais caro. A política de garantia de preços mínimos praticada pelo Conab funciona como um mecanismo de proteção de produtores rurais contra as oscilações bruscas de mercado. É um mecanismo que visa frear uma queda de preços que pode tornar inviável a produção de alimentos em determinado setor. A ideia é garantir uma subvenção para aqueles produtores que por algum motivo precisaram vender seus grãos a um preço abaixo do estabelecido pela Conab. Quando isso ocorre, a Conab reverte em favor do produtor a diferença entre o preço de venda e o preço mínimo estabelecido naquele ano”, explica o especialista.
Os novos preços são fixados pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), por meio de voto, de acordo com a proposta enviada pelo Mapa e Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).O coordenador-geral de SPA/Mapa (Cereais da Secretaria de Política Agrícola), Gustavo Firmo, comentou sobre os números.
“No último ano, os preços no mercado interno diminuíram, o que pode desestimular os próximos plantios. Então, no intuito de incentivar a produção nacional, reduzindo a dependência do país das importações, além de buscar promover a diversificação da produção agrícola brasileira, especialmente, nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, os preços mínimos, apesar de menores em relação à safra 2023/24, foram fixados com base no valor do custo variável médio, calculado pela Conab, acrescido de um incentivo de 10,00% para a Região Sul, responsável por mais de 80% da produção nacional; 11,34% para a Região Sudeste; e de 17,09% para a Região Centro-Oeste e Bahia”, detalhou.
Os valores serão utilizados como referência nas operações ligadas à Política de Garantia de Preços Mínimos, que visa garantir uma remuneração mínima aos produtores rurais. As sementes de trigo também tiveram reajuste de –10,55%, descendo de R$ 3,60/kg para R$ 3,22/kg. Os novos preços mínimos valerão a partir de julho até junho do próximo ano.
Custo de produção
O preço mínimo é atualizado anualmente e a Conab é responsável por elaborar as propostas referentes aos produtos da pauta da PGPM e da PGPM-Bio (Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade). Conforme artigo 5° do Decreto-lei n.° 79/1966, as propostas de preços mínimos devem considerar os diversos fatores que influem nas cotações dos mercados interno e externo, e os custos de produção.
Os preços mínimos são definidos antes do início da safra seguinte e servem para nortear o produtor quanto à decisão do plantio, além de sinalizar o comprometimento do Governo Federal em adquirir ou subvencionar produtos agrícolas, caso os preços de mercado encontrem-se abaixo dos preços mínimos estabelecidos.
Segundo a Embrapa Trigo, o cereal foi introduzido ao Brasil pelos portugueses em meados do século 16, mas se intensificou com a vinda de imigrantes da Itália e Alemanha no final do século 18 na região Sul do país. Isso fez com que a região se tornasse a maior produtora, com mais de 92% de área de cultivo. Em 2023, estima-se que os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul produzam mais de 8,3 mil toneladas de trigo. Seguido da região Sudeste, com a estimativa de mais de 800 toneladas, e Centro-Oeste com mais de 406 toneladas.
O 2º Levantamento de Safras de Grãos divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), estima que em 2023 o país produza mais de 9,6 mil toneladas de trigo em mais de 3,4 mil hectares, com um aumento de 12% em comparação à safra de 2022.
Por Suzi Jarde e Ana Krasnievicz
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