Primeira edição promove questionamento sobre arte da dança em MS e leva arte aos bares da Capital
“Qual o lugar da dança em Mato Grosso do Sul?”. Foi com esse questionamento que os produtores culturais Maria Fernanda Figueiró e Halisson Nunes desenvolveram o projeto ‘Rolê no Bueiro’, que já rendeu cinco edições, quatro em Campo Grande e uma em Dourados. Agora, o rolê cresceu, e a partir desta semana será realizada a 1ª edição do Festival no Bueiro.
O festival é uma derivação do Rolê no Bueiro, criado e desenvolvido por Figueiró e Nunes, que trabalham juntos na produtora independente Manaka Cultural, com o Projeto Nonada e InChrise, com objetivo inserir a dança em eventos noturnos de Campo Grande, e promover e exaltar artistas e pesquisadores do Estado fora de seu nicho costumeiro.
“A ideia do Role no Bueiro é levar esses artistas para lugares diferentes, onde eles normalmente não se apresentam. Normalmente, os artistas estão nos espaços culturais, nos palcos, teatros, e a gente pensou em levá-los para bares, para a cena noturna do Estado, que sabemos que muitas vezes enfrenta desafios. Pensando nisso, juntamos a cena noturna e esses artistas, para o conhecimento de outro público, que talvez não frequente do teatro, que não tenha interesse, ou que não conheça mesmo esses artistas”, explicou Figueiró em entrevista ao jornal O Estado.
Conforme a produtora e artista, a escolha do nome do evento é uma ‘provocação’ as culturas da dança socialmente impostas no Estado, onde ela acredita não dar o espaço necessário para sua expressão.
“A provocação do nome é justamente essa, ‘Qual o lugar da dança em Mato Grosso do Sul?’, será que o Estado sabe que dentro dele existem tantos artistas e pesquisadores potentes, que a anos tentam mobilizar a sociedade, através da arte e formas culturais, será que o lugar da dança sul mato-grossense é no bueiro?”, indaga. “Quando uma pessoa fala que é um artista da dança, ou vive dela, a reação do público é sempre de espanto, elas não sabem que há pessoas que estudam isso, trabalham com a dança, que dedicam anos da vida para essa função. Foi uma forma que a gente criou de dar visibilidade para esses artistas, porque o foco é esses artistas da dança”, complementou.
Diferente do Role no Bueiro, onde tudo foi concebido e realizado de forma independente, o 1º Festival contará com o apoio da Sectur, (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), por meio da Lei Paulo Gustavo, de fomento a arte e cultura.
“Nesse primeiro festival iremos propor cinco festas, com cinco artistas da dança e dois DJs convidados por dia. Todas as datas serão gratuitas, abertas para o público, terá uma intérprete de libras e aceitaremos doações de itens de higiene básica, que a gente doará posteriormente para o Asilo São João Bosco, com o intuito de produzir uma rede de ajuda. E também, esse festival prevê a capacitação de toda a equipe de produção que esta participando, e um curso de libras. Então, todos os produtores que estão participando, que contratamos, estão recebendo esse treinamento em libras, para podermos cada vez mais construir eventos acessíveis, incluir o máximo de pessoas”, explicou Figueiró.
Múltiplas vertentes
Segundo Halisson Nunes, as expectativas da organização estão altas para o sucesso do festival. “Com o incentivo, conseguiremos pagar um cache, fornecer uma estrutura maior e uma melhor divulgação. Um dos maiores objetivos desse festival é a formação de público, fazer com que as pessoas entendem que a arte da dança é um trabalho, e que precisa ser consumida como qualquer outra arte”.
A seleção dos artistas é feita por meio de um edital promovido pela organização, que segue na etapa de escolha. Já os DJs foram convidados e em sua maioria participaram nas edições anteriores do Role no Bueiro.
“O maior desafio que tivemos foi com relação ao próprio edital [da Lei Paulo Gustavo]. Ele saiu muito atrasado, ele é de 2023 e o resultado deveria ter saído no mesmo ano, mas só foi divulgado em 2024, então nos temos pouco tempo para executar, foi um desafio conseguir fazer a produção do evento, estamos na correria, para fazer um evento bem organizado, com excelência e qualidade, mas com certeza vai dar certo”, disse Nunes.
Para quem for curtir qualquer um dos dias do Festival, Nunes reitera que um dos objetivos do evento é colocar o público na cena da dança, não importa o estilo.
“O nosso maior diferencial é inserir o público dentro da cena, temos uma pista de dança, onde o DJ toca, para que as pessoas, além de contemplar as performances, também ser parte dela, para se expressarem. Cada DJ tem suas particularidade, e no caso das danças vamos desde a dança de salão, jazz, de rua, hip hop. Os bares que recebem o evento sempre comentam conosco que o público que vai é diferente dos que já costumam ir, então conseguimos agregar variados públicos em um único espaço”. Nas edições anteriores do Role no Bueiro já foram apresentadas performances de dança contemporânea, dança de salão, dança do ventre e arte drag.
“Estamos indo para os bares, adentrando outros espaços. Os empresários e os donos de bares aqui têm acompanhado o nosso evento, têm acompanhado o retorno que tem dado, e, inclusive, até recebemos convites de bares para receber o evento, porque, de alguma forma, ele move a cena, ele traz uma mensagem. Então está sendo bem interessante produzir o festival. O trabalho existe, mas é muito satisfatório ver que está tomando forma, está tomando corpo, e vem nesse intuito da provocação e da reflexão”, finaliza Nunes.
PROGRAMAÇÃO
25/05
BAR UATAHELL – Rua 15 de Novembro, 797, das 19h às 00h
16/06
CAPIVAS BAR – Rua Pedro Celestino, 1097, das 19h às 00h
13/07
QUIÇÁ BAR – Rua Euclides da Cunha, 488, das 19h às 02h
10/08
VEXAME BAR – Avenida Calógeras, 3100, das 20h às 2h
07/09
EDEN BEER – Avenida Afonso Pena, 68, 18h às 23h
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