Catástrofe no RS, faz consumidor dobrar compra por saco de arroz

Supermercado no
Bairro Maria Aparecida
Pedrossian já começou
limitar venda do arroz (Foto: Marcos Maluf)
Supermercado no Bairro Maria Aparecida Pedrossian já começou limitar venda do arroz (Foto: Marcos Maluf)

     Alguns supermercados já estão limitando a quantidade de venda por cliente, devido ao receio de faltar o produto

A catástrofe no Rio Grande do Sul ultrapassa a fronteira com outros estados brasileiros, gerando impactos econômicos em Mato Grosso do Sul, por exemplo. Na quinta-feira (09) a notícia de que um supermercado de Campo Grande limitaria à compra do saco de arroz de 5 quilos, causou preocupação em alguns consumidores que passaram a dobrar a quantidade do produto no carrinho de compras.

A consumidora, Melissa Ramires Bogalho, comenta que a notícia causa um espanto justamente por se tratar de um alimento básico no prato de comida. “O arroz é algo que a gente consome todo dia, lá em casa mesmo é um pacote por semana, aproximadamente. Tudo que está acontecendo acaba sim causando uma preocupação na gente, se tivesse mais condições eu até começaria um estoque só não compro mais pela condição financeira mesmo”, relata.

As enchentes que afetam a região gaúcha, considerada a maior produtora de arroz do Brasil motivaram o aposentado Joel Borges, de 64 anos, à ir até o supermercado. “Estamos preocupados lá em casa sim, eu mesmo, inclusive vou comprar mais quatro pacotes hoje para não deixar para última hora. Não só por medo do produto acabar, mas o medo mesmo é do preço aumentar. Atualmente o preço do arroz já está caro imagina se subir mais”, questiona o consumidor.

Com outra visão, a consumidora Alice Rodrigues, de 30 anos comentou com a reportagem que viu na internet a notícia da limitação na venda do saco de arroz. A consumidora acredita que toda essa repercussão pode causar um efeito indesejado para o bolso dos consumidores, ela ainda defende que não vê a necessidade da população fazer estoque do alimento em casa.

“Ainda não estou estocando, pois recentemente fiz compra do mês. Mas eu vejo que com a pandemia algumas pessoas também estocam, e passou dois anos e ninguém passou fome ou teve falta de produto como o arroz, por exemplo. Infelizmente, eu vejo isso como uma forma da mídia para poder encarecer o produto, até por que não é só o RS que é produtor de arroz. Isso é Brasil, aproveita uma tragédia para aumentar o valor dos produtos. Então minha preocupação, por hora, não é faltar o produto. Mas que isso pode aumentar ainda mais o arroz nos mercados”, explica.

Em contato com um funcionário do supermercado, onde ocorre a limitação na compra do saco de arroz, ele nos informou que 80% a 90% das mercadorias da mercearia – como o arroz, vem do Rio Grande do Sul. E que a medida foi colocada em prática para que não haja falta do produto nas prateleiras. No estabelecimento em questão há um informativo na seção do produto: “Senhores clientes está limitado 5 unds de arroz”.
Em relação ao abastecimento de produtos vindos do Rio Grande do Sul, a AMAS (Associação Sul-mato-grossense de Supermercados) informou por meio de nota que “Devido às enchentes, há um sério problema de logística, e consequentemente os fornecedores não estão conseguindo entregá-los, apesar de haver estoque.

É o caso do arroz, onde alguns supermercados já estão limitando a quantidade de venda por cliente, devido ao receio de faltar o produto”, diz a nota.

Em entrevista para O Estado, nesta semana, o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Stanley Barbosa, já havia alertado sobre o aumento dos preços dos produtos repassados pelos atacadistas e varejistas.

“Na questão econômica, podemos sim esperar impactos negativos como o aumento do preço de alimentos como arroz, trigo, milho, soja, frango, suínos, dentre outras culturas, cuja produção do Rio Grande do Sul representa parcela significativa da produção nacional. Nesse sentido, as leis de oferta e demanda exercem sua lógica, afetando os preços finais dos alimentos nas gôndolas dos supermercados, para ficarmos apenas nos aspectos relacionados ao agro”, concluiu o especialista.
Em São Paulo, outros alimentos são limitados

O GPA, grupo dono das redes Pão de Açúcar e Extra, começou a limitar a compra de arroz, feijão, leite e óleo de soja em suas unidades de todo o país, além de seus sites. A restrição vem em meio ao temor de que as enchentes no Rio Grande do Sul possam afetar os estoques de alimentos no país —o estado é responsável por 70% da produção de arroz no Brasil.

Segundo o gerente de uma das unidades do Pão de Açúcar em que a Folha de São Paulo esteve em São Paulo, a limitação começou após consumidores aumentarem significativamente a compra de produtos básicos em algumas lojas. O funcionário ponderou que a limitação é uma forma de conscientizar o cliente e acrescentou que os caixas das unidades não impedirão a compra de nenhum item –ainda que em quantidade acima do aconselhado.

O Pão de Açúcar limitou a compra de pacotes de arroz de cinco quilos em duas unidades, pacotes de feijão em quatro unidades, garrafas de óleo de soja em seis unidades e litros de leite em 24 unidades. De acordo com a rede, seus estoques estão em níveis normalizados e o grupo “segue monitorando atentamente qualquer possível reflexo no abastecimento de produtos devido às enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul”.

Por Suzi Jarde

 

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