Cantora de MS é selecionada para álbum Reggaeton Brasil

Foto: Reprodução
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Com ascendência paraguaia, Gio Resquin trilha caminho musical com mistura entre ritmos da fronteira e pop contemporâneo

 

Filha de mãe paraguaia e pai brasileiro, a cantora sul-mato-grossense Giovana Resquin leva sua ascendência para suas canções, com objetivo de mostrar a cultura da fronteira por meio da mistura entre o espanhol e o português e ritmos latino-americanos. “Minhas músicas falam sobre minhas vivências, minha cultura e quem eu sou. Quando canto sobre a fronteira, canto sobre minha história”, disse em entrevista ao jornal O Estado. A jovem foi selecionada para participar do álbum Reggaeton Brasil Volume 4, do portal Reggaeton Brasil, maior do gênero no país, que reúne notícias, entrevistas e produções do mundo todo. A canção “A Brasiguaia”, composta por Gio, fará parte da coletânea produzida pelo produtor musical Carvalhu e selo Fauna Records.

A faixa foi selecionado por um júri de peso, com artistas e produtores especialistas em Reggaeton, dentre eles, Dermeval Neves, conhecido como ARPE, fundador do portal Reggaeton Brasil e apelidado de “Paladino do Reggaeton” pela Billboard nacional, com atuação no gênero há quase duas décadas. Outro nome de peso é o do produtor musical porto-riquenho DJ Blass, jurado do Grammy, um dos pioneiros da sonoridade contemporânea do reggaeton e que já trabalhou com Daddy Yankee, J Balvin, Nicky Jam, entre outros artistas de destaque no gênero.

Este reconhecimento destaca o grande valor artístico das produções musicais de Mato Grosso do Sul. Com apenas dois anos de carreira, Gio Resquin já se destaca no cenário nacional de um estilo musical que, apesar de próximo às influências sul-mato-grossenses, não tem tradição regional.

“Apesar de não ser um ritmo muito escutado no Estado, a maioria sabe o que é. Eu quero que as pessoas se sintam envolvidas com o meu trabalho, que eu traga entretenimento e riqueza cultural. Acima de tudo, desejo que se divirtam com a música, seja em performance ao vivo ou ouvindo em casa. Sinto que é um desafio e uma responsabilidade ser uma das únicas do estado a fazer isso. Mas quando somos verdadeiros com o que amamos fazer, se torna algo mais natural”, disse a cantora.

Direto da fronteira

Nascida e criada em Ponta Porã, município que faz fronteira com a cidade de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, Gio Resquin tem como principal influência musical o ritmo Reggaeton, um estilo musical que tem suas raízes na música latina e caribenha, com origem no Panamá e Porto Rico, a partir da junção do reggae, hip hop, salsa e música eletrônica. Mas a cantora não se limita a esse estilo: em suas composições, ela ainda traz os ritmos tradicionais da fronteira Brasil/Paraguai, como kachaka, cumbia, vallenato e bachata. Atualmente, a cantora mora e faz carreira em Campo Grande.

“Eu nasci em uma família muito musical, meus tios sempre foram cantores e minha mãe cantava e tocava violão. Desde os sete anos, já cantava no coro da igreja da minha família, acho que minha paixão começou ali, de sentir uma conexão profunda com a música e foi quando comecei a compor também”, relatou em entrevista.

Cultura que virou música

No começo da carreira profissional, Gio ainda não sabia para qual caminho seguir em termos sonoros, algo que é possível perceber ao acessar seu canal no YouTube, onde inicialmente predominava os covers de música pop nacional e internacional. Entretanto, a cantora se voltou para sua cultura, e descobriu nos ensinamentos familiares sua fonte de inspiração.

“Foi quando tive a ideia de trazer isso para minha música: minha vivência de 17 anos morando na fronteira, tendo família paraguaia, e como me sentia deslocada em Campo Grande”. Seu primeiro projeto com os sons da infância foi o live session “Brasiguaia”, onde explorou o reggaeton, kachaka e a polca paraguaia, além de incorporar a mistura linguística, apelidada como ‘portunhol’, utilizada na fronteira. “Meu objetivo foi homenagear minha família, meus antepassados e meus conterrâneos com minha arte, além de apresentar uma nova leva da música. Uma mistura do passado e do presente, com ritmos tradicionais e os mais modernos como baterias eletrônicas e etc”, explicou.

Para Gio, rever a fronteira com ‘olhos’ de turista a fez perceber coisas que passavam despercebidas como moradora: cheios, sons, falas, trejeitos e até vestimentas. “Foi aí que iniciei meu processo criativo de escrever “Brasiguaia”. Inicialmente, pensei em fazer como uma música totalmente tradicional, uma polca do início ao fim e totalmente em espanhol, mas ao começar a escrever, não senti que era a mensagem que eu queria transmitir. Revisitei tudo que havia estudado, lembrei que tudo lá é único, é misturado, é trilíngue. A música começou a tomar forma, uma mistura de polca, kachaka e toque moderno do reggaeton. Na letra, quis explorar o trilinguismo, mesmo não falando o guarani, até cito isso na música: “no hablo el guarani pero me gustaria”. Nesse período, me inspirei muito em uma música chamada “Pedro Juan Caballero”, originalmente de Francisco Russo, e em sua última versão com o Nestor Ló y Los Caminantes, que foram os principais artistas paraguaios que tenho como referência”.

Em parceria com Victão Bass, a cantora mostrou suas referências e inspirações, e o que era apenas sonho saiu do papel e se transformou em uma música descontraída, divertida, alegre e culturalmente rica. “Decidi transformar a saudade em um projeto que as pessoas pudessem conhecer mais a tradição paraguaia e em que meus conterrâneos se sentissem homenageados”, relata.

“Ela exalta a diversidade cultural, e fala sobre a vivência de nascer com uma identidade multicultural e uma diversidade de hábitos e costumes. Ao escutar, é como fechar os olhos e viajar direto para a fronteira de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero”, complementa.

Perdas, pandemia e apoio

Em 2016, Gio percebeu que queria seguir carreira profissional na música, ao se apresentar em bares de Campo Grande. Entretanto, foi o mesmo ano que passou pela perda do pai, o que mudou suas perspectivas em relação à música. “Eu entrei em depressão, passando anos sem conseguir pensar em fazer algo na música, até mesmo pensando em desistir. Após anos de terapia, comecei a enxergar mais claramente o que precisava fazer. Mesmo lá de cima, sei que meu pai torcia pra que eu me sentisse realizada e fizesse o que sempre sonhei”, contou.

Porém, mais um baque iria atingir a cantora, a pandemia de Covid-19. Pensando em começar a fazer músicas autorais, mas sem nenhum recurso, Gio criou uma vaquinha online, que arrecadou fundos para a gravação de três singles: “O mundo é meu lar”, “Pronta Pra Voar” e “Calma”.

Lançada em primeiro de julho de 2022, “Calma” causou um grande impacto midiático, influenciando os fãs da artista, levando-a à final do Festival Universitário da Canção, promovido pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).

Além deste trabalho, em 2023, Gio Resquin lançou a live session “Brasiguaia”, com três faixas mostrando um pouco mais de suas influências, como kachaka, cumbia, vallenato e bachata. Com composições que exalam um clima de romance e que combinam programações eletrônicas e uma banda orgânica, o EP conta com participação especial de Silveira.

Serviço

“A Brasiguaia” poderá ser ouvida em breve de forma oficial, com as demais canções da coletânea, mas Gio Resquin adianta que a canção aposta nas batidas dançantes características do ritmo e exalta sua origem compartilhada por duas fronteiras (Brasil e Paraguai), trazendo temperos de chamamé e harpa paraguaia. Para a live session do projeto, acesse o canal no YouTube.

Para acompanhar o lançamento do álbum Reggaeton Brasil Volume 4 e a jornada de Gio Resquin, acompanhe a artista pelas suas redes.

 

Por Por Carolina Rampi

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