Na contramão de pesquisas, batata na Capital deve continuar com preços elevados

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

 Em março, média de cotação apresentou queda de 21,14% frente a fevereiro, de acordo com dados do Prohort

 

Divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o 4º Boletim do Prohort (Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro) revelou que em cinco meses de elevação, os preços da batata começaram a ceder nos principais mercados atacadistas do país. Em verificação a informação, a reportagem do jornal O Estado foi até o Ceasa (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), de Mato Grosso do Sul, para entender se a informação se confirma na Capital e no Estado.

De acordo com o levantamento, em março, a média ponderada das cotações do tubérculo teve queda de 21,14%, em relação à registrada em fevereiro. A maior redução foi verificada na Central de Abastecimento (Ceasa) do Distrito Federal, com – 61,81%, seguida da Ceasa Rio de Janeiro, com-32,02% e da Central de Pernambuco, com 22,81%. Os menores preços da batata foram verificados devido a maior oferta do produto e ocorreram mesmo com a elevada pressão de demanda, impulsionada pelos pratos típicos da quaresma, em particular, a Semana Santa. O boletim ainda mostra que esse movimento de queda continua nas primeiras semanas de abril.

O diretor de abastecimento e mercado do Ceasa (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), Fernando Begena, pontuou que no início do mês, a saca de 60 kg era comercializada a R$ 260. Na saída do Ceasa, o valor quantificado apresentava R$ 5,20 o quilo. Para o consumidor final e para o produtor ter um lucro de pelo menos 30%, o valor subiu entre R$ 6 e R$ 7.

Mudanças climáticas

O fenômeno El Niño e a demora na chegada das chuvas, por exemplo, foram fatores substanciais para o resultado nas altas. Além disso, como o Estado, por falta de estruturação rural para comportar a demanda de produção de batatas, precisa trazer de outros estados e a questão logística acaba por encarecer uma série de processos necessários a chegada do produto, o que também interfere para um melhor resultado nos preços ao consumidor final.

“Tanto em Guarapuava, na região de Paraná, em Água Doce, em Santa Catarina, Bahia e Minas Gerais, que encaminham o produto para cá, aumentaram a colheita. As áreas cultivadas também esse ano foram maiores e eles conseguiram mandar aqui para nós, fazendo com que essa semana a saca de 50 quilos seja vendida a R$ 240, ou seja, isso vai dar em torno de R$ 4,80, uma queda de 4,5% ou 5% e essa é a queda que a gente vê”, esclareceu Begena sobre os preços.

No entanto, para o diretor, o cenário de 2024 não é de estabilidade e o consumidor seguirá sentindo o peso do hortifruti no bolso, já que o cenário climático não é estável e o dólar segue em alta. “A normalidade mesmo é só quando realmente a gente parar com a chuva. Porque com a chuva, eles não conseguem adentrar a área cultivada para poder fazer essa colheita e a umidade traz muitas doenças, muitos fungos. Apesar de a batata ser um tubérculo e estar acostumado, ela sofre também as consequências do acúmulo grande de água. O preço do produto final impacta toda a planilha do produtor, que inclui a logística de frete, insumos e várias situações que para 2024 trazem elevação nos preços. O dólar está com a maior cotação que a gente já teve depois de tempos. Desde a semente, os insumos, tudo isso é importado, então é tudo vendido a preço de dólar e se o dólar está lá em cima desde o início do plantio, esse cultivo também vai ser elevado no preço. Nós vamos sentir o impacto em todos os produtos de legumes e verduras, todos vão sofrer o impacto”, concluiu o diretor.

O gerente comercial do box Mape, Fábio Rocha, que na atualidade disponibiliza 80 mil toneladas de batatas para os comércios da Capital, argumentou que a instabilidade no clima entre novembro e dezembro impactou o fornecimento, sobretudo, por afetar o sul do país. “Eles abastecem grande parte do mercado nessa época do ano. Então, prejudicou no sentido de qualidade e até quantidade de produção, e por isso os preços em alta. Enquanto o clima não normalizar, continua assim. O tomate [caro] e a cebola a R$ 150 um saco com 20 quilos. A cebola é o mesmo caso da batata, a região sul do país sofreu com as chuvas e perdeu muito, está com pouca qualidade e pouca produção”, pontuou sobre o cenário pouco otimista para 2024 no segmento de hortifruti com relação aos preços.

 

Por Julisandy Ferreira

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