Filosofia sob rodas

A série terá exibição na Capital no sábado (20), no Teatro Mundo, com imersão filosófica em todos os temas, e roda de conversa logo após a exibição de cada filme ( Fotos: Thais Umar/Arquivo pessoal)
A série terá exibição na Capital no sábado (20), no Teatro Mundo, com imersão filosófica em todos os temas, e roda de conversa logo após a exibição de cada filme ( Fotos: Thais Umar/Arquivo pessoal)

    Em cinco episódios, projeto ‘Van Filosofia’ será exibido em Campo Grande, com reflexões sobre amor, justiça, ética e preconceito. 

Tema considerado por muitos como difícil, a filosofia é pouco debatida fora do ambiente escolar e acadêmico, porém faz parte da vida de todos em diversos aspectos. Com objetivo de democratizar o pensamento filosófico, o projeto documental Van Filosofia passou por Campo Grande propondo um diálogo sobre as relações humanas a partir de grandes temas da humanidade ligados ao nosso cotidiano, tudo em uma van transformada em estúdio. O filósofo Josemar Maciel, o Jô, e a apresentadora e também filósofa Thais Umar fizerem uma ponte entre as questões colocadas pelos passageiros com a filosofia. A série terá exibição na Capital no sábado (20), no Teatro Mundo, com imersão filosófica em todos os temas, e roda de conversa logo após a exibição de cada filme.

Durante os episódios da série, pessoas comuns da sociedade, com diferentes perfis e opiniões, compartilharam suas experiências de vida, proporcionando uma investigação filosófica no cotidiano da população. Isso tudo dentro de uma van ricamente decorada, com uma equipe de gravação composta por cinegrafista, diretor de fotografia, maquiadora, figurinistas, os participantes e apresentadores.

O nome do projeto é um trocadilho com uma das frases mais famosas ligadas ao tema, presente na obra de Hamlet, de William Shakespeare. “Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar a sua vã filosofia”. São cinco episódios, de 26 minutos cada: “amor”, que aborda o romantismo, casamento e relações virtuais; “que pressa é essa”, sobre o tempo, a juventude, envelhecimento e morte; em “ser ou ter”, a discussão gira em torno do consumo e felicidade; “preconceito”, sobre igualdade e intolerância e “ética”, com uma reflexão sobre cidadania, justiça e reivindicações sociais. São 35 convidados ao todo, com histórias distintas sobre os temas.

A atriz e produtora Nadja Mitidiero foi a diretora de produção da série, convidada para participar por Lu Bigattão Rios e Rosiney Bigattão (diretoras e roteiristas) e Carlos Diehl (produtor executivo). “Eu fiquei muito feliz quando fui convidada para participar desse projeto como produtora, e passamos pelo edital da Ancine [Agência Nacional do Cinema]. O projeto tenta popularizar algo que é fundamental, que é a reflexão sobre o nosso momento histórico, a nossa vida, o que acontece com a gente. Às vezes a gente sente que é tudo muito individualizado, mas não, a gente faz parte de um todo, de uma sociedade, de um país, de uma cultura, e é isso que o projeto faz, ele populariza a filosofia, coloca dois filósofos, para debater temas essenciais: o amor, consumo, liberdade, pressa de hoje em dia. São cinco episódios, cada um focado em um tema da vida cotidiana”, disse Nadja em entrevista ao jornal O Estado.

Segundo a produtora, a principal missão do projeto é “instigar, estimular e inspirar as pessoas a refletirem sobre os temas propostos pelo projeto”, explicou. “É desmistificar a filosofia como algo que é inalcançável, inatingível, que é para os bancos acadêmicos, e trazer essa reflexão para os dias de hoje”, completa.

Desafios e momentos

O projeto foi vencedor do edital de financiamento da Ancine (Agência Nacional do Cinema) em 2021, três anos após ele ter sido enviado a agência. Com isso, foi preciso fazer as gravações durante a pandemia, o que se mostrou um desafio, conforme relatou Nadja ao jornal O Estado.

“O processo foi muito bom. Demorou, porque a gente estava no meio de uma pandemia e o projeto iria colocar várias pessoas juntas em um local fechado. Tivemos muito cuidado para que isso ocorresse da melhor forma possível, todo mundo respeitando as orientações do Ministério da Saúde, respeitando as regras de uso de máscara, de desinfecção, toda vez que a van parava, desinfetar toda ela com álcool 70%, mascaras eram trocadas a cada 4 horas para a equipe e participantes. Foi um processo mais paulatino, em vez da gente falar ‘vamos filmar tudo em 15 dias’, a gente filmou as finais de semana, foi acontecendo aos poucos”.

Nadja relatou que o projeto teve um apoio mais diferenciado: os pais das diretoras e roteiristas, Lu Bigattão Rios e Rosiney Bigattão, que são irmãs. “Tiveram vários momentos muito legais. Nosso ponto de encontro era na casa dos pais da Lu e da Ro. Era como chegar na casa do vô e da vó, o cafe da manha fazíamos na mesa, tinha um quintal enorme cheio de árvores frutíferas, as pessoas sentavam embaixo e conversavam. No último dia houve uma confraternização lá também. Vai ficar na minha memória, foi um momento em que os pais dela fizeram parte da nossa vida, foi muito especial”, contou.

“Outro momento muito legal para mim foi quando fomos filmar no “Alfavela”, que é um apelido para uma comunidade ali no Caiobá, e a equipe acabou adotando uma gatinha cinza, rajadinha. A gente tinha um totem bem colorido, como parte da identidade visual do projeto, e ela acabou entrando ali e dormindo. Ai o Carlos adotou a gatinha, mora com ele até hoje, está enorme. No mesmo dia, a tarde, fomos gravar na escola de samba e a diretora de arte também adotou uma gatinha preta. Então a gente tentou ajudar a causa animal das comunidades, foi muito fofo”, disse Nadja.

Nadja finaliza com a sensação de que os resultados ainda virão para as comunidades participantes. “O impacto a gente ainda está para ver. Tem coisas que aconteceram, como dar voz a alguns grupos que precisam contar o que acontece na comunidade deles, por meio da arte. Foi importante também colocar um bombeiro, um policial, um ex-presidiário, por exemplo, juntos para conversar sobre a justiça e lei. Mas isso ficou limitado aos que participaram do projeto, agora que a gente vai ver a repercussão disso. Cinema é isso, você joga e vê o que volta”.

Serviço: A série documental “Van Filosofia” será exibida neste sábado (20), a partir das 16h, na Estação Cultural Teatro do Mundo, na rua Barão de Melgaço, 177, Centro. A entrada é gratuita, com rodas de conversa após a exibição de cada episódio, e emissão de certificado ao final.

 

Por Carolina Rampi

 

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