Falta de estacionamento leva população do Centro para o Shopping

14 de julho-comércio
Foto: Nilson Figueiredo

Levantamento aponta que 54% dos consumidores
estão descontentes por não ter onde estacionar

Celebrado hoje (15), o Dia do Consumidor traz movimentação para o comércio da Capital. No entanto, apuração do jornal O Estado nas ruas do centro comercial de Campo Grande, verificou que aqueles que ainda compram na região central, estão remando contra a maré, já que a principal crítica dos consumidores é a falta de estacionamento.

Conforme apontado pela população, na atualidade, ao priorizar mais comodidade na hora de fazer as compras, está sendo preferível ir até o shopping, principalmente pela tranquilidade em poder estacionar de forma prática e com segurança.

Conforme levantamento feito pela CDL-CG (Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande), 54% dos consumidores estão descontentes por não ter onde estacionar e o assunto que tem prejudicado o comércio deve ser levado para a Prefeitura Municipal da Capital na próxima semana.

A aposentada, Ivanilda Duarte Savala, 65, explica que foi até o centro para pagar uma conta na loja Pernambucanas. Savala aponta que a principal problemática sem dúvida, é não ter onde estacionar. Inclusive, no momento em que a aposentada conversava com a reportagem, o marido, que não encontrou onde estacionar, dava voltas na quadra por não ter onde estacionar.

“Meu esposo mesmo está andando de um lado para o outro esperando eu pagar a fatura. Se você tem opção de ir em um outro lugar, você vai. Eu mesmo tinha que vir aqui porque a loja é aqui, mas se não, eu nem ia vir, porque não tem onde estacionar. O centro está tão bonito, tão revitalizado como dizem, mas não tem lugar para estacionar e esse é o grande problema”, lamenta Savala, que complementa com a afirmação de que ir ao shopping está sendo muito mais prático pela comodidade.

A visual merchandising de uma loja de varejo de calçados, Débora Espíndola, 37, argumenta que sua maior crítica ao centro também é o estacionamento. Além dos locais privados serem tão caros quanto o shopping, é muito menos cômodo, inclusive pela falta de conforto térmico.

“Eu prefiro mil vezes estacionar no shopping que vai ter vaga, que é o mesmo valor, que vai ter ar-condicionado e vou ter uma tranquilidade para poder fazer as minhas compras, do que vir no centro e ficar rodando, porque nunca acho lugar. Quando eu venho aqui no centro, é porque eu trabalho nas lojas daqui e aí eu aproveito para fazer alguma compra aqui”, explica.

Débora complementa que percebe a queda até mesmo nas vendas do local onde trabalha, já que a problemática é uma crítica da população em geral.

Contra a maré 

A aposentada Regina Meireles, 67, é uma das que nadam contra a maré. Meireles afirma que gosta muito de ir ao centro comprar e que nada atrapalha seu passeio semanal. Ela pontua que as pessoas têm preguiça de andar pelo centro e muitas vezes preferem os shoppings porque tem preconceito. “O gostoso é andar, eu ando bastante, ando a 14 do começo ao fim e sou sempre bem atendida, os preços estão bons aqui e eu venho toda semana comprar”, diz alegre.

Conforme explica Meireles, ela já tem o lugar certo para estacionar e fazer esse passeio pelo centro, em sua percepção, é confortável e agradável. “Eu até incentivo as pessoas a virem para o centro comprar. Falo ‘sai do shopping um pouco e vem pro centro’, porque aqui tem qualidade e tem bastante diversificação e o pessoal às vezes fica muito centrado no shopping. As minhas amigas falam ‘Regina vamos para o shopping’ e eu saio da minha hidro e venho para o centro andar, igual eu tô fazendo hoje”, argumenta a aposentada.

O comércio se mobiliza 

Segundo o presidente da CDL-CG, Adelaido Vila, nesta semana a CDL-CG prevê a finalização de uma pesquisa que envolveu cerca de 522 consumidores da área central. Conforme verificado, 54% apontam como uma das principais dificuldades a falta de estacionamento. A partir do dado e da preocupação com os rumos do centro da Capital, representantes do setor devem se reunir com a Prefeitura Municipal para debater a problemática, que na verdade, parte de um acúmulo de 20 a 30 anos da falta de medidas efetivas do Poder Público.

“Vamos levar para ela a questão dessa demanda, nós precisamos reativar o estacionamento rotativo. Hoje quase na totalidade, as vagas estão ocupadas por aqueles que trabalham no centro da Capital e isso é muito ruim, porque acaba afastando o cliente da oportunidade de estacionar na área central. Nós precisamos criar uma alternativa para esses trabalhadores e disponibilizar as vagas para os nossos clientes”, argumenta Vila.

Conforme pontua o presidente da CDL-CG, nos últimos 20 anos a Prefeitura Municipal tem eliminado vários projetos, com a possibilidade de mais 600 vagas na área central.

Ao mesmo tempo, há um aumento significativo na quantidade de carros, que é reflexo inclusive, da problemática do transporte público, que não oferece conforto e celeridade para que o trabalhador possa vê-lo como uma alternativa plausível para se locomover.

Por Julisandy Ferreira

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