Conforme os comerciantes, alta nas vendas são de 30% a 40% no período, mas valores não inibem consumidor
A chegada da Quaresma traz consigo mudanças no paladar de consumidores de todo o mundo, inclusive no Brasil e, claro, da Cidade Morena. A partir disso, a reportagem do jornal O Estado foi às ruas para entender quais as preferências do consumidor neste período, que além do peixe, tem como opção de substituição, o ovo, sobretudo, o de galinha.
Conforme apurado, apesar de o período ser propício para a alta nos preços em decorrência das especificidades de produção, o consumidor em geral não se sente acuado e segue adquirindo a proteína como forma não só de complementar a alimentação, mas também de substituir a tradicional carne vermelha e carne branca, como o frango e o peixe.
Quando o assunto é preço, o peixe, por exemplo, ainda sai mais caro para as finanças. Como apurado pela reportagem do O Estado na edição de ontem (15), na peixaria Rio Sul, localizada na Rui Barbosa, os consumidores podem encontrar a costelinha de Pacu (com espinha) por R$ 21,90 o quilo, o filé de Tilápia ou postas de Pintado por R$ 39,90 o quilo. Já na peixaria do Mercadão, a novidade é a carne moída de Pacu por R$ 11,90 o quilo, filé de Pintado (do Pará) por R$ 29,90, filé de Tilápia por R$ 49,90, filé de Pintado (Surubim) por R$ 54,90, Pacu inteiro R$ 33,90 e o Pacu recheado sem espinha por R$ 43,90 o quilo.
Ainda que os preços sejam acessíveis, levar uma cartela de ovos de galinha com 30 unidades por R$ 18 ainda compensa mais. Esse é o caso, por exemplo, da autônoma, Erlane Erlane Cristina Paião, 46, que afirma comprar toda semana na Central do Ovo, local que a consumidora destaca ter um preço bastante acessível e que garante o alimento para seus quatro filhos, que têm idades entre 21, 11, oito e cinco anos e estão aprendendo com a mãe a tradição alimentar do período cristão.
“Eu compro direto aqui, é o melhor preço e é quase toda semana. Minhas crianças gostam, em casa eu tenho quatro filhos e eles gostam muito, aí eu faço bolo e um monte de coisas. Na quarta e sexta [na Quaresma], é sem carne. A gente segue a tradição dos católicos, que geralmente na Quaresma – e isso vem de berço, dos meus pais, a gente não comia carne. Aí eu continuo e tô ensinando meus filhos, eles amam os ovos e na Quaresma eles se apaixonam ainda mais”, diz alegre.
O proprietário da Central do Ovo, Hélio Bordon, 42, elucida que é interessante a movimentação gerada na Quaresma. Afinal, embora os preços aumentem, o consumo não reduz e as pessoas não se importam de pagar um pouco a mais. “Há um reajuste no preço dos ovos pela baixa produção da época e o aumento do consumo. Então, aqueles que consomem não deixam de comprar e por isso aumentam a venda de ovos nesse período”, explica o empreendedor.
Conforme Bordon, o aumento nas vendas chega a uma média de 40%, impulsionado sobretudo pela data cristã. “Esse período de Quaresma aumenta bastante o consumo, pois muitos não consomem carne vermelha. Então, optam pelo peixe e ovo. Na questão de valor, é muito mais barato consumir o ovo do que o peixe”, avalia o empreendedor.
Na Central do Ovo, a cartela que mais vende é a de ovos de galinha do tamanho “extra”, com 30 unidades, sendo comercializada a R$ 19. No local também pode ser encontrado o ovo grande a R$ 18 com 30 unidades, o Jumbo, o Jumbão e o de cor avermelhada a R$ 22. Já o ovo de codorna, conforme Bordon, recebe um aumento significativo nos preços. Por isso, acaba ficando de lado quando o assunto é custo-benefício. “O ovo de codorna nesse período dispara bastante o preço e não sai tanto assim não. É um ovo que aumenta mais de 100% o valor dele e se custaria R$ 3 ou R$ 4 reais a bandeja, nessa época está quase R$ 10. Diminui muito o consumo do ovo de codorna e aumenta bastante o consumo do ovo de galinha”, revela o proprietário da Central do Ovo.
O gerente do supermercado Pires, Emerson Rodrigues da Silva, 35, explica que no período aumentará a procura em pelo menos 30%. No estabelecimento da rede Pires, a cartela que mais é comercializada também é a com 30 unidades. Além do consumo próprio e nas refeições, o que também tem incrementado a venda de ovos são os novos comércios.
“O peixe as pessoas não vão deixar de consumir, mas o ovo entra em várias receitas e aí aumenta bastante. Com o aumento das casas de bolos na região, o consumo foi lá em cima. Se der uma volta na região, as casas de bolo e as casas de salgado estão presentes”, pontua o gerente, que revela também que na semana passada o estabelecimento comercializava a cartela a R$ 16,99 e agora aumentou o valor.
Olhar para a produção
O diretor administrativo da distribuidora de ovos Camva (Cooperativa Agrícola Mista de Várzea Alegre), Reinaldo Issao Kurokawa, argumenta que os cooperados esperam melhor rentabilidade nesse período. Afinal, a alta nos preços é benéfica para o setor e para os produtores. Com isso, o aumento da procura gera reajuste nos preços, que se tornam melhores para quem produz.
“A CAMVA (cooperativa) faz a classificação e a comercialização dos ovos. Quando vende bem e em um preço mais alto, a cooperativa consegue pagar melhor o cooperado. A gente remunera conforme o preço de venda. O Carnaval foi mais cedo [neste ano] e já ocorreu um reajuste nesta última semana. A gente acha que ainda vai subir mais um pouco, de 20% até 30% no valor pago pelo ovo”, destaca Kurokawa.
Por Julisandy Ferreira.
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