Na última semana, enquanto Superintendente do Patrimônio da União, estive no coração do Pantanal Sul-mato-grossense. Juntamente com uma equipe de servidores realizamos a maior concessão de Termos de Autorização de Uso Sustentável (TAUS) no Estado de MS até hoje.
Foram 66 entregas feitas nas comunidades Paraguai Mirim, Barra do São Lourenço, Chané, Apa Baía Negra, Porto Morrinho e Porto Esperança – nas quais a população vive sobretudo da pesca e do extrativismo.
Com o TAUS, as famílias beneficiadas passam a ter garantia de posse e permanência nas áreas que ocupam e podem também acessar programas sociais do governo.
Os ribeirinhos são sujeitos tradicionais, isso quer dizer que são comunidades que possuem modo de vida tradicional com a terra, a natureza e os animais. O quintal da casa deles é o Pantanal. São eles que cuidam e zelam da maior planície alagável do mundo.
O que vi, no coração do Pantanal, para além de muitas queimadas foi um abandono enorme de políticas que garantam de forma digna a vida dos ribeirinhos. Há por lá uma total negação de direitos desde educacional, de saúde e transporte. Ao mesmo tempo, conheci, por meio desses sujeitos e sujeitas um bioma rico e potente que se preservado garantirá a vida das presentes e futuras gerações.
Estar com esses cidadãos garantindo que permaneçam vivendo às margens do rio Paraguai, por meio de um termo de autorização com a chancela do governo federal, após décadas de luta, fez valer a pena. Vi em cada rosto e lágrimas a certeza do quão orgulhoso estavam ao serem reconhecidos como cidadãos pantaneiros e cidadãos ribeirinhos e que a partir de agora ninguém poderia dizer a eles que não possuíam um papel que garantisse vossas moradias.
Saí dessa expedição, com a certeza de que precisamos cada dia mais proteger o Pantanal e os sujeitos e sujeitas que constroem esse bioma tão potente.
Por Tiago Botelho.
Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.