Estacionamento subterrâneo é apontado como proposta para evitar desmatamento

parque dos poderes
Foto: Marcos Maluf

Um protesto contra a decisão judicial foi
feito neste sábado por ambientalistas

Protestantes se reúnem no Parque dos Poderes para lutarem contra desmatamento da mata nativa. Na última segunda-feira (15), a juíza Elisabeth Rosa Baisch, da 1ª Vara de Direitos Difusos, assinou sentença que permite a supressão e 18,6 hectares para construção de novos prédios públicos e estacionamentos. Ambientalistas vão contra a decisão e propõem alternativas para evitar o desmatamento da área.

Um dos prédios que está previsto ser construído é o Palácio do Governo, a coordenadora dos juristas pela democracia, Giselle Marques, uma das líderes do protesto, revela que essa obra estava no projeto original do parque, mas acredita que não cabe mais nesse espaço.

“O Palácio do Governo, foi previsto no projeto original do Parque dos Poderes, mas era outra realidade. Nós não tínhamos esse calor terrível que nós temos hoje, não tínhamos essa crise climática, nós não tínhamos o problema dos alagamentos que acontecem em Campo Grande, com as chuvas fortes, então a realidade é outra. É preciso que as autoridades se sensibilizem e respeitem as questões naturais, os recursos naturais e a proteção ecológica, que não só a natureza, mas a população precisa”, pontua.

A advogada ambientalista enfatiza a importância da região para Campo Grande e o Estado. Além de ser um legado para as crianças, para o futuro, a protestante aponta e se preocupa com vidas que habitam ali. “Não é só o campo- -grandense que perde, porque o Parque dos Poderes não é só de Campo Grande, ele é de todo o Mato Grosso do Sul, ele é o símbolo da infraestrutura, da comunidade autônoma da federação brasileira. Assim, o parque faz parte da nossa história, dos nossos sentimentos, da nossa identidade. O mais chocante é que não tem, por exemplo, o plano de manejo de fauna. Para onde vão correr os quatis, para onde vão as caixas de abelha, para onde vão os pássaros, o Parque dos Poderes é rota de aves migratórias. Campo Grande por lei, é reconhecida como a Capital do Turismo de Observação de Aves e tudo isso vai ser comprometido por essa decisão”, indaga.

Entre os manifestantes, o coletivo “Bici Nos Planos CG”, que defende o uso de bicicletas e também o meio ambiente, estavam ali para apoiar a causa. Bruno Enciso, um dos integrantes , conta que o Parque dos Poderes é uma rota de fuga da semana intensa, além disso, o jovem fala sobre a importância do movimento.

“A gente tenta lutar pelo meio ambiente para conseguir o nosso lugar com a bicicleta e preservar o ambiente que a gente usa para pedalar. O desmamento nessa região vai prejudicar um esporte de lazer, não só na área do esporte e lazer, como tem muita gente que necessita da bicicleta como meio de transporte principal para se locomover pela cidade, que usa para fazer seu trabalho. Cada vez mais está diminuindo o espaço da bicicleta, o espaço do meio ambiente”, analisa o jovem.

Uma participante que não quis ser identificada afirma que caminha no parque todo final de semana e com o desmatamento vai acabar a área de lazer que há ali, e que os dias mais quentes não serão o mesmo sem as árvores para aliviar o calor. “O Parque dos Poderes e o Parque do Prosa, hoje ele é como se fosse uma ilha verde em Campo Grande, é nosso pulmão. Então, a gente precisa garantir que ele se mantenha vivo para que espécies que estão aqui continuem coexistindo”.

A cidadã ainda faz uma denúncia de ações ilegais silenciosas que observou. “Infelizmente, já faz alguns meses que eu tenho acompanhado o desmatamento de forma ilegal, principalmente na parte do fundo do parque, que é onde poucas pessoas frequentam, que é a parte atrás da governadoria, aquela via que fica atrás da Avenida do Poeta”.

Em críticas, a militante expõe seu ponto de vista sobre essa decisão. “Um governador que fala que sua prioridade no governo é ser um Estado verde, fazer um desmatamento para colocar estacionamento por conta de um conforto para quem é trabalhador. Eu acho que ele poderia muito bem usar outra faixa, durante a semana só usar a faixa do meio, por exemplo, era uma alternativa muito mais fácil do que desmatar”.

Também presente na ação, a deputada federal, Camila Jara, alegou que em trabalho em conjunto com SPU (Secretaria de Patrimônio da União) achou soluções para a questão. A deputada pontua as propostas para o estacionamento e para a construção de novos prédios. “Depois de conversar com a Giselle e trabalhar em conjunto com a SPU, nós pensamos algumas soluções inovadoras para a problemática que a gente está enfrentando. Nós nos comprometemos em conjunto com o deputado Vanderlei Macris procurar recursos na bancada federal para fazermos estacionamentos subterrâneos e garantir a preservação das nossas árvores. E, mais do que isso, junto com a SPU, o governo federal que tem como prioridade a pauta ambiental, se compromete a encontrar um terreno aqui em Campo Grande pra construir os órgãos estaduais pra que a gente não precise derrubar o Parque dos Poderes. A proposta está colocada, a saída já construída”, revela.

Por Inez Nazira.

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