Estão aprovados os recursos para o PM-CBC (Plano Mestre Regional de Integração e Desenvolvimento do Corredor Rodoviário de Capricórnio), um dos compostos da RILA (Rota de Integração Latino-Americana) que liga o Brasil aos portos do norte do Chile. O projeto, financiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) no valor de US$ 600 mil, tem como objetivo fornecer aos representantes dos territórios envolvidos, instrumentos para planejar, gerir e implementar de forma colaborativa e articulada as ações e projetos pactuados, com implementação prevista para se iniciar na próxima segunda- -feira (15).
Segundo o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), o plano abrange três pontos essenciais, como a facilitação do comércio e processos transfronteiriços, a infraestrutura física e digital, além do desenvolvimento produtivo e comercial local. O projeto foi elaborado em conjunto com autoridades de Mato Grosso do Sul, do governo da província de Salta, Argentina; do governo do Departamento de Boquerón, Paraguai e do governo da Região de Antofagasta, no Chile.
O presidente do Setlog/MS (Sindicato das Empresas de Transporte e Logística de MS), Cláudio Cavol, argumenta que essa será uma etapa importante para a concretização da Rila, que no âmbito de MS, fortalece a economia e também o turismo. “Provamos com a III Expedição da RILA que aconteceu em novembro passado que o corredor rodoviário até os portos do Norte do Chile é perfeitamente viável, mas que ainda precisa de vários ajustes e o PM-CBC vai ao encontro dessas necessidades para sua efetivação”, disse, ao elucidar ainda que a rota vai muito além dos benefícios econômicos, porque fomenta também a integração cultural e social para todos os países envolvidos.
No coração da rota
No coração da rota, a moradora de Porto Murtinho, Annice Diaz percebeu que a novidade criou solo fértil para empreender. Por isso, decidiu em sociedade, abrir uma agência de turismo, a fim de montar pacotes de viagens internacionais com conexão entre Mato Grosso do Sul e Paraguai. “Nós começamos as atividades em 2021 logo depois da pandemia, porque entendemos que a rota bioceânica mudaria toda a região com uma nova realidade. Era nossa grande oportunidade. Eu e minha sócia somos turismólogas e resolvemos arriscar, até porque estamos em Porto Murtinho, onde está se construindo a ponte sobre o Rio Paraguai”,explica.
Atualmente a empresa de Diaz, denominada de Bio Rota Turismo, organiza roteiros e viagens de brasileiros ao Paraguai, assim como traz turistas do país vizinho para conhecer as belezas naturais de Mato Grosso do Sul. A partir disso, é feito o turismo regional, com atrações nas cidades de Carmelo Peralta, Filadélfia, Loma Plata no Paraguai, assim como Vallemi, que tem se destacado com o turismo em cavernas.
Redução de impostos cria ambiente propício ao empreendedor
Com ambiente positivo de negócios, redução da carga tributária e menor ICMS do Brasil, Mato Grosso do Sul se tornou um ótimo lugar para investir e empreender. Esse cenário favorável ainda ganha novo ânimo, frescor e esperança com a implantação da Rota Bioceânica. O resultado é o surgimento de novos empresários, que estão otimistas e preparados para a nova realidade. Com apenas cinco meses de gestão, o governador Eduardo Riedel lançou um pacote de redução e isenção de tributos em diversos setores, que tiveram grande impacto nos pequenos e médios empresários, assim como um alívio para o bolso do cidadão.
Nesta lista entrou a erva-mate para o preparo do tradicional de tereré, produtos como vinagre e farinha de mandioca, farinha de milho, fubá e sabonete, que se iguala na carga tributária de ICMS ao arroz e feijão, com uma redução (imposto) de 58%. Além disso, foram isentos desse imposto os produtos da hortifruticultura para a merenda escolar de associações de produtores rurais. No final de 2023, o Governo de MS também garantiu a manutenção da alíquota padrão de ICMS em 17%, que hoje é a menor do Brasil. Esta decisão de destaque nacional teve o apoio do setor produtivo do Estado, pois ajuda no crescimento e barateia os produtos .
MS exportou 6,45 bi de dólares para Ásia e sul-americanos da Rota
O mercado asiático e países sul-americanos que integram o Corredor Rodoviário de Capricórnio, conhecido como Rota Bioceânica, foram destino de 61,38% das exportações de Mato Grosso do Sul no período de janeiro a dezembro de 2023.
As vendas externas de commodities e outros produtos sul-mato-grossenses para a China, Argentina, Japão, Coreia do Sul, Vietnã, Indonésia e Chile, saltaram de US$ 4,269 bilhões em 2022, para US$ 6,454 bilhões no ano passado, crescimento de 66,1%.
“Do valor recorde de US$ 10,5 bilhões em exportações de Mato Grosso do Sul no ano 2023, praticamente US$ 6,5 bilhões foram para países da Ásia e para os que integram o trajeto da Rota Bioceânica” comenta o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).
“Essas exportações seguiram basicamente pelos portos de Santos e Paranaguá, mas esses números só demonstram a relevância e confirmam a importância da Rota Bioceânica para Mato Grosso do Sul. Por isso o Governo do Estado tem como política estratégica a concretização e viabilização da Rota, para potencializar ainda mais as relações de comércio exterior com o mercado asiático e sul-americano. Nossa expectativa é que, daqui a 2 anos, parte dessas exportações já seja transportada pelos portos da costa chilena”, acrescentou o titular da Semadesc.
Atualmente, entre os 10 maiores destinos das exportações sul-mato-grossenses, sete deles envolvem países que estão relacionados à Rota Bioceânica: China, Argentina, Japão, Coreia do Sul, Vietnã, Indonésia e Chile. Destes, somente as vendas externas para o Japão registraram queda no ano passado. As transações comerciais com o mercado chinês cresceram 43,4%, saindo de US$ 2,926 bilhões em 2022 para US$ 4,196 bilhões em 2023.
Os demais destaques no bloco do mercado asiático são: Coreia do Sul, com aumento de 16,9%, de US$ 182,438 milhões, para US$ 213,227 milhões; Vietnã, ampliação de 49,8%, de US$ 140,812 milhões, para US$ 210,988 milhões e Indonésia, alta de 57,3%, de US$ 129,514 milhões, para US$ 203,755 milhões.
No bloco sul-americano, a Argentina, segundo maior parceiro comercial de Mato Grosso do Sul, registrou aumento de 265,6% nas transações com o Estado, saltando de US$ 301,85 milhões em 2022 para US$ 1,1 bilhão no ano passado. Já as exportações para o Chile neste período tiveram crescimento de 8,6%, passando de US$ 179,234 milhões para US$ 194,726 milhões.
Por Julisandy Ferreira.
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