Eleita por maioria absoluta, a escritora e professora Sylvia Cesco é a nova imortal da ASL (Academia Sul-Mato- -Grossense de Letras). Em assembleia-geral realizada no auditório da sede da academia, conduzida pelo presidente da ASL, Henrique Medeiros, em companhia do acadêmico Abraão Razuk, que presidiu o processo de eleição no fim de dezembro, foi decretado que a escritora ocupará a Cadeira n° 37, sucedendo o acadêmico Francisco Leal de Queiroz.
Escritora e professora, Sylvia Cesco é uma referência na Capital devido ao seu profícuo ativismo cultural em Mato Grosso do Sul. Graduada em letras neolatinas e pedagogia pela Fucmat (atual UCDB), a autora é ainda pós-graduada pelo MEC-Inep/ USP, com especialização em língua portuguesa pela Universidade de Taubaté–SP e em roteiro para rádio, TV e vídeo pela Ertel. Natural de Campo Grande-MS, Sylvia compartilha com emoção, em entrevista ao jornal O Estado, o quão gratificante é sua trajetória ser reconhecida.
“Minha eleição para a ASL foi muito significativa para mim, porque representou, mais do que o reconhecimento a uma vida dedicada à cultura, com foco principalmente na literatura, um movimento de acolhimento afetivo enquanto pessoa”, descreveu Sylvia, comovida.
Reconhecimento
Ao longo de sua existência, em constante apreço pelo cultivo da arte literária, Sylvia construiu um trajeto profícuo e vasto no âmbito das letras. Como escritora, cronista e poeta, a literata possui mais de dez obras publicadas, participou de três antologias e tem publicações em revistas literárias de Mato Grosso do Sul e de outros Estados. Como colunista, ela atualmente escreve para o jornal O Estado e para o blog “Cultura é sobrevida de um povo”, do jornalista Alex Fraga. Diante de uma carreira tão vasta, ser homenageada com uma das 40 Cadeiras Vitalícias da ASL, entidade referência no Estado, cujo objetivo é a defesa da língua portuguesa e o estímulo da arte literária e cultural do MS, é motivo para profunda emoção e estima.
“É do conhecimento de todos, que ‘navegam’ nas águas literárias, que existem diversos tipos de academias, de associações, de movimentos ligados à literatura, aqui, em nosso Estado e em todos os outros, que visam congregar pessoas em torno de um interesse único e coletivo: o desenvolvimento de uma cultura literária que reflita a grandeza da sua terra, da sua gente. No entanto, a Academia Sul-Mato- -Grossense é a que carrega a reconhecida oficialidade perante o cenário nacional, pois tem ligação direta com a Academia Brasileira de Letras. Portanto, fui muito cumprimentada, muito mesmo, inclusive por aqueles com quem não tenho muita convivência. Deixou-me espantada o fato de, ao divulgar meu ingresso à academia, ser parabenizada por pessoas de outros Estados, outras cidades, numa demonstração de que acompanhavam minha produção literária, de algum modo: jornais, blog, página do ‘Face’, livros”, disse a autora.
Estima, homenagens e outros afetos
Em seu percurso, Sylvia ainda apresentou, prefaciou e posfaciou obras de vários escritores e poetas de MS. Foi selecionada e premiada em concursos literários regionais e nacionais. Escreveu e dirigiu as peças de teatro “Emitê Emite”, elaborada com textos de poetas regionais (Manoel de Barros e Alceste de Castro Lobivar Matos), nacionais e internacionais, e “As Mãos São Ferramentas de Deus”, com versos de Fernando Pessoa. Sylvia é motivo de inspiração para os apaixonados pela cultura, conforme disse o professor, escritor e teatrólogo Américo Calheiros, para o jornal O Estado.
“Ela sempre esteve mergulhada nas distintas fontes de literatura. Assim, foi trabalhando no teatro, criando letras de música e, mais tarde, escrevendo seus inúmeros livros. Foi ela que me apresentou à mágica literatura de Manoel de Barros. Sylvia esteve sempre à frente, em suas buscas literárias. Apaixonada pela palavra, Sylvia escreve diariamente sobre tudo que a toca e, com a facilidade própria das escritoras natas, que se alimentam e sobrevivem da energia que brota das palavras. Sylvia, se não me engano, abraçou definitivamente a literatura nas duas últimas décadas e com ela se confunde e se confirma, por sua grande entrega e dedicação. Suas obras, em distintos gêneros, falam por ela e enriquecem a literatura sul- -mato-grossense. A partir de agora, também beberá, com mais intensidade, da força literária criativa de Sylvia Cesco, a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Salve, Sylvia!”, exclama o teatrólogo.
Já para a ativista cultural, escritora, compositora e também membro da ASL, Lenilde Ramos, Sylvia ser eleita a nova imortal e ocupar a cadeira n° 37 é uma escolha notória e irrefutável. “O nome de Sylvia Cesco tem tudo a ver com a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, pois essa escritora expressa uma parte importante da essência de nosso Estado. Começa pelo fato de que ela é uma personagem da terra, filha de ferroviário, que vive nossa história com conhecimento de causa. Sua escrita me encanta, por ser bem construída e por abordar conteúdos profundos com uma linguagem leve. O poeta Thiago de Mello dizia: ‘Falar difícil é fácil. O difícil é falar fácil.’ E Sylvia Cesco chega à academia com a maturidade de uma carreira sólida, produtiva, que tem ainda muito a contribuir com a literatura de Mato Grosso do Sul”, enfatiza a ativista.
A ASL completou 52 anos – com 40 Cadeiras Vitalícias, aos moldes da ABL – e foi fundada pelos escritores Ulisses Serra, Germano de Souza e José Couto Pontes, em 30 de outubro de 1971. Referência cultural no Estado, a academia zela e incentiva todas as derivações da cultura nacional e estadual. A solenidade de posse de Sylvia Cesco deverá ocorrer em março. Para os leitores intrigados com o trabalho da literata, suas obras podem ser adquiridas no perfil @cescosylvia, no Instagram.
Por Ana Cavalcante.
Por Inez Nazira
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