‘Tudo aquilo que beneficia a população, nossa gestão vai abraçar’

Adriane Lopes, prefeita de Campo Grande.|Foto: Arquivo  O Estado
Adriane Lopes, prefeita de Campo Grande.|Foto: Arquivo O Estado

Segundo a prefeita, modelo de trabalho não tem bandeira partidária quando o assunto é melhorias para Campo Grande

 

A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, garante que não leva em consideração bandeira partidária quando o assunto é trazer melhorias para a população campo-grandense. Segundo ela, toda parceria é muito bem-vinda, seja com o governo estadual ou federal. “Eu tenho dito, para a bancada federal de Mato Grosso do Sul, um terço da população do Estado está na Capital e tendo um terço da população na Capital, Campo Grande merece, sim, todas as ordens e toda obra que o governo quiser fazer parceria com Campo Grande, será muito bem-vinda, porque tudo aquilo que beneficia a população a nossa gestão vai abraçar, independente de bandeira partidária”, explica.

Nos últimos meses, a gestão comandada por Adriane tem focado na área da educação, uma vez que a fila de espera por uma vaga na educação infantil ultrapassa seis mil crianças. “A área onde mais temos focado e estamos trazendo respostas rápidas é a da educação. Nós buscamos, no FNDR (Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional), recurso federal para terminar as 13 obras de Emeis (Escolas Municipais de Ensino Infantil), paralisadas há mais de 16 anos. Então, independente de fonte de recursos, nosso papel como gestora é, antes de lançar grandiosos projetos, terminar aquilo que já foi proposto e está parado, na Capital”, assegura.

Por outro lado, a prefeita afirma que existem emendas parlamentares que virão para Campo Grande e que outras áreas também serão beneficiadas. “Nós temos o PAC, onde cadastramos projetos de grande interesse da população e os três prioritários são: a recuperação da drenagem da Norte Sul [avenida Ernesto Geisel], que é uma obra paralisada há mais de 30 anos e de interesse de todos os campo-grandenses. Temos também a urbanização das comunidades ou favelas e o recurso que vier e aqui estão previstos em torno de R$ 150 milhões e o projeto de mobilidade urbana, que agora estamos aguardando que os recursos venham para a nossa cidade, para que possamos melhorar ainda mais Campo Grande”, finalizou.

O Estado: Terminando mais um ano, desta vez, como autora de todas ações da prefeitura. Quais pontos positivos e negativos constituem 2023?

Adriane: Nós iniciamos 2023 com grandes desafios, inspeção do TCE – MS (Tribunal de Conta do Estado de Mato Grosso do Sul), ajuste de gestão, arrumando a casa. Eu assumi a gestão respeitando as outras formas e prefeitos que passaram por aqui, mas eu fiz o que prefeito nenhum gostaria de fazer, que é ajustar internamente a máquina, para que os serviços lá fora apareçam com mais resolutividade. Por exemplo, os parques tecnológicos das secretarias são obsoletos, computadores de 20, 25 anos e que hoje inviabilizam para que possamos avançar, melhorando a qualidade dos serviços. Na Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), foram quase 2,5 mil novos computadores trocados, para que haja essa resolutividade, acelerando os atendimentos, trazendo a inovação e tecnologia. Dentro da gestão administrativa também foram implementados novas ações e projetos. Então, o olhar de mulher é de tudo no lugar, para você ofertar melhor qualidade naquilo que é prestado, nos serviços prestados. Arrumar internamente os processos para que as entregas sejam melhores e esse foi o meu papel, fazer o que ninguém quis fazer durante décadas, na prefeitura.

O Estado: A prefeitura conseguiu pagar o 13° e adiantar o salário de janeiro aos servidores. Houve pequena diminuição com despesas de gastos com pessoal de 60% para 56%, aproximando-se do limite máximo permitido. Qual a previsão com pessoal, para 2024?

Adriane: Quando eu assumo a gestão e que está sendo extrapolado o limite prudencial, quase chegando a 60%, sendo que o ideal é de 51,3%, qual é a missão de qualquer gestor? Reduzir esse limite e a minha missão foi reduzir em um tempo recorde porque, com a aprovação de uma nova legislação, as gestões municipais têm até 10 anos para reduzir esses pontos percentuais do limite prudencial, mas na nossa gestão nós fizemos diferente, pois já reduzimos de 59,16% para 56,72% e por quê? Porque cada ponto percentual reduzido tem um valor significativo de recurso economizado dentro da gestão, principalmente com pessoal, com a folha. O que estamos fazendo desde que assumimos a gestão são ajustes e diversas concessões. Alguém deu o presente e eu paguei a conta. Esse foi o meu papel: pagar a conta dos presentes dados no passado. E o que a gente vem fazendo, ajustando, conduzindo da forma mais equânime possível, buscando justiça social para todos, porque o maior desafio são os impactos que você causa na vida das pessoas, porque a prefeitura serve a cidade, os servidores, tudo que você ajusta causa um impacto interno ou externo e meu papel, enquanto gestora, foi buscar o equilíbrio entre os impactos que a sociedade sofreria ou os servidores, este tem sido meu papel aqui, equilibrar as contas, equalizar situações ao longo de mais de 20 anos. Por exemplo, o TAG (Termo de Ajustamento de Gestão) me trouxe situações que eu teria que responder por mais de 15 anos passados de leis implementadas, situações colocadas anteriormente que hoje precisavam de ajustes e o que a gente buscou nesses oito meses de estudo: uma equação justa daquilo que é possível fazer com o mandato acontecendo, com a gestão avançando e sem grandes impactos à população. Cada ponto percentual que a gente diminuiu tem um impacto grandioso, internamente, porque é custeio e folha de pessoal. Então, nós chegamos a 56.72% e, para o próximo ano, queremos reduzir ainda mais, porque cada ponto percentual reduzido tem impacto dentro da gestão.

 

O Estado: Qual a previsão de arrecadação para o próximo ano e quanto pretende arrecadar somente com IPTU?

Adriane: Nós temos um orçamento em torno de R$6,4 bilhões para 2024. A previsão de arrecadação com recursos do tesouro é algo em torno de R$ 3,4 bilhões, arrecadação direta, sem os descontos. Mas com IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e tirando os descontos, em torno de R$ 520 milhões.

O Estado: Hoje, a prefeitura já consegue fazer investimentos próprios, sem parcerias?

Adriane: Sim, a prefeitura consegue fazer investimentos próprios, porque todos os financiamentos feitos pela prefeitura são pagos com recursos próprios. Por exemplo, todos os veículos comprados, muitos deles com financiamentos, são pagos com recursos próprios. Os R$ 40 milhões investidos na revitalização das 205 escolas são de recursos próprios e nós queremos avançar ainda mais, investindo na cidade em benfeitorias e obras que impactem a vida das pessoas, em 2024.

O Estado: Quais as obras que pretendem tocar junto com o Governo do Estado?

Adriane: Todas as possíveis. No meu ponto de vista, toda parceria é bem-vinda, seja ela com o Governo do Estado ou com a bancada federal, com todos aqueles que queiram somar a Campo Grande. Eu tenho dito, para a bancada federal de Mato Grosso do Sul, que um terço da população do Estado está na Capital e tendo um terço da população na Capital, Campo Grande merece todas as ordens, então, toda obra que o governo quiser fazer parceria com Campo Grande será muito bem- -vinda, porque tudo aquilo que beneficia a população a nossa gestão vai abraçar, independente de bandeira partidária.

O Estado: Quais os recursos que virão do governo federal e emendas parlamentares?

Adriane: Nós temos em andamento e elas serão fechadas em fevereiro, então, hoje eu não posso enumerar isso, porque ainda não temos a conta fechada, mas todo valor investido na Capital, independente de fonte de recurso, nós vemos com bons olhos e vamos sempre estar abertos a essa construção. A área onde mais temos focado e estamos trazendo respostas rápidas é a educação. Nós buscamos, no FNDR (Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional), recurso federal para terminar as 13 obras de Emeis (Escolas Municipais de Ensino Infantil), paralisadas há mais de 16 anos, então, independente de fonte de recursos, nosso papel, como gestora, é, antes de lançar grandiosos projetos, terminar aquilo que já foi proposto e está parado, na Capital. Nós temos o PAC, em que cadastramos projetos de grande interesse da população e os três prioritários são: a recuperação da drenagem da Norte Sul [avenida Ernesto Geisel], que é uma obra paralisada há mais de 30 anos e de interesse de todos os campo- -grandenses. Temos, também, a urbanização das comunidades ou favelas e o recurso que vier e aqui estão previstos em torno de R$ 150 milhões e o projeto de mobilidade urbana e agora estamos aguardando que esses recursos venham para a nossa cidade, para que possamos melhorar ainda mais Campo Grande.

O Estado: Tivemos aquele incêndio na Comunidade do Mandela. É possível que as casas sejam entregues antes do prazo, previsto para o fim de 2024?

Adriane: A Comunidade do Mandela sofreu o maior incêndio da história de Campo Grande, 187 famílias residiam lá e muitas ainda permanecem por ali. Nós já tínhamos avançado, com nossa Agência de Habitação, com a regularização fundiária dessa comunidade, 100 famílias já estavam cadastradas e as demais estavam na fase de documentação, então, quando veio esse incidente, a nossa equipe teve uma resposta rápida, justamente porque já estavam nesse processo de regularização. Nós buscamos resolutividade e trazer uma resposta definitiva para essa comunidade, e ainda atender grande parte da Comunidade do Mandela, buscando áreas na proximidade, porque eles não queriam ser deslocados para áreas distantes e nós fizemos questão de avaliar as áreas pessoalmente, com infraestrutura, porque no passado se jogou comunidades para o esquecimento nos arredores da cidade, lugares sem estrutura e a minha missão, como gestora, é ter um olhar humanizado para que essas famílias estejam realocadas e tenham sua dignidade, sua moradia estabelecida em um curto espaço de tempo. A previsão é de um ano, mas podemos avançar e a missão é tentar entregar em um tempo menor.

O Estado: Na questão da saúde, o município pretende começar a vacinar a população para dengue, a partir de quando?

Adriane: Estamos aguardando uma nota técnica do Ministério da Saúde, porque nós não temos essa previsão ainda para a equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde Pública.

O Estado: Quando começam as mudanças de secretários, visando a eleição de 2024? Quem sairá?

Adriane: Eu acredito que fim de ano é um momento de balanço, todo mundo avalia o ano que passou e as possibilidades futuras. Acredito que possíveis candidatos estão fazendo essa avaliação, mas não temos fechado um número de secretários que já definiram que são candidatos, mas aqueles que tiverem aquela definição em janeiro, possivelmente, serão licenciados dos cargos, para fazerem suas correrias e campanhas.

O Estado: Hoje, as pesquisas apontam 2° turno, com o seu nome. Será uma eleição das mais disputadas?

Adriane: Eu acho que as pesquisas apontam nosso nome como uma possibilidade de uma pré-candidatura ou até um segundo turno pelo avanço que nós tivemos na gestão. Acredito que as pesquisas mostram que tivemos um crescimento. Entre todos os candidatos, sou a que mais apresentou evolução em pontos percentuais e isso se deve à gestão que estamos fazendo pela cidade, ao trabalho realizado para a população de Campo Grande e que está entendendo que a prestação dos serviços tem melhorado, que a gente vem avançando nas tratativas e nas entregas feitas.

O Estado: A senhora se sente preparada e segura para os debates?

Adriane: Desde que eu me sentei nessa cadeira, estamos enfrentando muitos debates. O primeiro é por ser mulher e ser a primeira a se sentar nessa cadeira, esse é um grande debate, por si só. Desde que assumimos, estamos enfrentando grandes desafios, mas eu acredito que a gente vem avançando e melhorando com as entregas que estamos fazendo, tanto é que as pesquisas têm demonstrado isso.

O Estado: Ao fim de 2024, quando encerra o mandato, independente do resultado da eleição, como pretende deixar Campo Grande?

Adriane: Quero deixar um legado de desenvolvimento econômico de inovação e tecnologia, preparando Campo Grande para o futuro, esse é o meu maior desafio, independente do que possa vir no ano que vem, quando eu terminar esse período que me foi delegado para fazer a gestão da Prefeitura de Campo Grande, o legado que eu quero deixar é esse: de desenvolvimento, inovação, de um trabalho voltado para a educação dessa cidade, preparando a população para o futuro.

 

Por Rafaela Alves 

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