A música “Escrito nas Estrelas”, sucesso da cantora sul-mato-grossense Tetê Espíndola, viralizou na internet nas últimas semanas, após 40 anos do seu lançamento. No Spotify, a composição ocupa o segundo lugar entre as 50 músicas mais escutadas no país, ficando atrás apenas de “Tem Café”, do cantor paulista Gaab. Além disso, é uma das músicas mais mencionadas no TikTok Brasil, com mais de 70 milhões de menções. Após conquistar fãs na década de 80 e cativar a geração Z, o jornal O Estado conversou com a cantora, que descreve o momento como um “déjà vu” e revela a satisfação em ser chamada pelos internautas de “Kate Bush brasileira”.
A composição, que não sai da boca da população brasileira, foi destaque na década de 80 e agora viraliza com a geração Z. Só no Google, a proporção de buscas pela música aumentou 220%. A procura por “Escrito nas Estrelas” disparou, após a ex-jogadora de vôlei Márcia Fu, durante um momento de entretenimento no reality show “A Fazenda”, da TV Record, cantar o refrão da icônica música, que desde então virou pauta fixa em todas as redes sociais. Outra artista responsável pela viralização do hit é a cantora sertaneja Lauana Prado. A cantora goiana realizou um cover da canção em seu show mais recente, apresentado no início de dezembro, o que contribuiu para que o sucesso viesse à tona novamente. Em conversa com a reportagem, Tetê Espíndola descreve o momento como o segundo auge de sua música e acrescenta que está achando tudo ótimo e uma loucura.
“Esse é um novo momento do meu maior sucesso, pois a mídia é outra, muito mais rápida. O número de ouvintes triplicou nas mídias sociais, é incrível! As pessoas estão me reconhecendo, pedindo fotos, uma loucura. Com certeza, ganhei um público de jovens que ainda não me conheciam ou que os pais casaram ao som desse hit, estou me sentindo agraciada e feliz de estar compartilhando esse clássico da MPB que já está na memória dos brasileiros. Mas confesso que estou vivendo uma sensação de ‘déjà vu’. Em 85, essa composição também era ‘top’, tocou em todas as rádios direto, durante três meses, exatamente nessa época. E ser chamada de ‘Kate Bush brasileira’ é um luxo, pois acho ela é maravilhosa”, afirma Tetê.
Tetê para além ‘Escrito nas Estrelas’
Tetê Espíndola é uma referência da música alternativa sul-mato-grossense. A fama veio em 1978, quando a cantora e seus irmãos inovaram na Música Popular Brasileira com a formação do icônico “Tetê e O Lírio Selvagem”. Suas composições ganharam destaque Brasil afora, após vencer o “Festival dos Festivais”, programa da TV Globo, justamente com o hit do momento “Escrito nas Estrelas”. Em 1979, o grupo se desfaz e, desde então, Tetê Espíndola trilha uma carreira solo próspera. Um dos trabalhos de destaque de sua trajetória é o disco “Piraretã”, de 1980. Quase todo acústico e cheio de regionalismo, o disco foi um prenúncio da grande cantora que estava por vir. Segundo o professor e concertista maestro Martinelli, que realizou uma brilhante apresentação com a Ocamp (Orquestra de Câmara do Pantanal) em conjunto com Tetê Espíndola, ver o sucesso que os seus pais tanto gostavam quando criança é um presente.
“Eu conheço essa música desde criança, meus pais ouviam, é um sucesso enorme. ‘Escrito nas Estrelas’ é um presente enorme para a Tetê Espíndola que, agora nesse ano que entra, vai estar comemorando os seus 70 anos. Tetê é uma artista cheia de vigor, cheia de energia, de vitalidade, com uma criatividade inerente mesmo a ela. Eu tive a alegria de poder participar desse novo processo, dessa nova fase da produção que ela tem feito com orquestra. Além disso, eu creio que, se esse sucesso fizer algumas pessoas procurarem saber mais sobre a Tetê Espíndola, procurarem conhecer mais produções, as criações musicais dela, muita gente vai entrar num universo musical fantástico. E, como eu disse, é um universo musical que a gente tem que ir buscar. Normalmente, uma obra de arte não chega até você muito espontaneamente. Ainda, aqui, no Brasil, hoje, tem uma predominância muito grande do gênero sertanejo, universitário; então, se nós percebemos uma música de outro estilo musical viralizando, ganhando notoriedade, isso é muito bom, também”, disse Martinelli.
Música sul-mato-grossense como um possível destaque
“Escrito nas Estrelas” foi escrita por Carlos Rennó, e a melodia foi realizada por Arnaldo Black, marido da cantora. Rennó foi o “cupido” do casal que, ao escrever a letra, retrata uma homenagem a esse encontro. Contudo, além do hit, Tetê possui 24 álbuns assinados e uma carreira que anda a todo o vapor. Os próximos projetos da cantora envolvem desde lançamentos com a Ocamp até espetáculos que serão produzidos pelo Moinho Cultural. Esses não serão os únicos trabalhos da cantora, mas Tetê é incisiva e diz que os demais “são outras surpresas”.
Em conversa com o jornalista, escritor e músico Rodrigo Teixeira, outro dos vários pontos positivos que “Escrito nas Estrelas” angariou, ao ter viralizado, é a geração mais jovem poder, além de conhecer o hit de uma grande cantora, ver que ela continua produzindo. “Eu acho que, nessa história aí, o mais legal é a música trazer a Tetê de novo. Porque a Tetê é uma artista que não para de produzir. Uma compositora compulsiva e faz muitos trabalhos, nunca parou, desde que essa música fez sucesso, em 1985. E agora, o pessoal volta a falar da Tetê e perceber que ela está aí, na ativa, e vai fazer 70 anos agora, em 2024. Com uma potência vocal muito grande, né? E a Tetê tendo esse destaque, ela consegue jogar também luz na nossa cena musical aqui, porque ela acaba sendo sinônimo de música sul- -mato-grossense”, pontua o jornalista.
Para conhecer mais sobre o trabalho da cantora, acesse, no Spotify e YouTube, Tetê Espíndola.
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