Com 13º salário, servidores municipais já prometem utilizar valor para pagar contas
Neste ano, os servidores públicos municipais vão comemorar o fim de ano mais cedo. Afinal, é com o adiantamento do 13º salário, previsto para acontecer neste sábado (9), que os trabalhadores já fazem planos e estudam qual será o destino do dinheiro. Em entrevista ao jornal O Estado, alguns servidores revelaram um cenário pouco otimista, ao afirmarem que reformas e viagens de fim de ano darão vez ao pagamento das contas. Ao mesmo tempo, os profissionais se demonstraram contentes com o adiantamento.
Em regra, empregadores possuem até o dia 20 de dezembro para realizar o pagamento do 13º salário. No entanto, a Prefeitura Municipal de Campo Grande resolveu adiantá-los, fazendo com que a economia da Capital sinta os impactos positivos diretamente. Uma das classes que vibra com a novidade são os comerciantes. Apreensivos para as vendas de fim de ano, o varejo, que estava relutante com as contratações de fim de ano temporárias, pode vir a ganhar confiança com os valores injetados por parte dos consumidores e serem encorajados a apostar mais.
Conforme argumenta o presidente da CDL-CG (Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande), Adelaido Vila, o adiantamento, além de movimentar as finanças, também traz segurança para o trabalhador. “Será muito positivo para o mercado, vai fazer com que aquelas empresas que estavam relutantes na contratação façam essa aquisição agora, porque os valores injetados pela prefeitura vão ajudar muito o ticket médio de toda a cidade. Para o servidor também é muito importante, porque isso mostra estabilidade por parte do serviço público municipal e dá um pouco mais de tranquilidade e segurança para que ele possa fazer suas compras de final de ano, a gente fica muito feliz”, destaca o presidente.
A auxiliar administrativo-financeiro, Maria Eduarda de Paula, 21, servidora pública municipal, destaca que os investimentos serão voltados para sua casa. “Eu moro sozinha e pretendo fazer alguns investimentos. [Comprar] móveis e pagar algumas contas para começar o ano bem tranquila”, esclareceu a servidora, que afirma que o adiantamento foi positivo. “A gente fica ansiosa, espera pagar logo as contas, fazer aquela festa de fim de ano e anseia pelo décimo.”
Já o assessor governamental Hernanes Bordin Sandin, 60, pontuou que neste ano, com o recebimento do 13º salário, sua prioridade será pagar as contas. “Principalmente as contas como IPVA e IPTU e depois fazer o Natal e o Ano-Novo com aquilo que estiver sobrando. [Nos outros anos,] além dessas despesas que acontecem inevitavelmente, eu viajei para a praia, para o litoral paulista, a cidade de Santos, sempre”, disse o servidor.
Entenda o 13º salário
Garantido aos empregados com carteira assinada, aposentados, pensionistas e servidores, o 13º salário deve ser pago pelo empregador em duas parcelas, a primeira entre 1º de fevereiro e 30 de novembro e a segunda até 20 de dezembro. A base de cálculo é o salário bruto, sem deduções ou adiantamentos, devido no mês de dezembro do ano em curso ou, no caso de dispensa, o do mês do acerto da rescisão contratual. O cálculo é feito conforme a divisão da remuneração integral por 12 e a multiplicação do resultado pelo número de meses trabalhados. Outras parcelas de natureza salarial, como horas extras, adicionais noturno, insalubridade e periculosidade, além de comissões também entram nesse cálculo.
A primeira parcela também pode ser recebida em ocasião de férias. Neste caso, o empregado deve solicitar o adiantamento por escrito ao empregador, até janeiro do respectivo ano. Caso haja extinção do contrato de trabalho, seja por demissão ou por dispensa, o trabalhador ainda tem o direito de recebê-lo.
O empregado não terá direito, apenas se for demitido por justa causa. Em caso de 15 faltas não justificadas no mês, poderá ser descontado do benefício a fração de 1/12 avos relativa ao período. O empregador não tem a obrigação de pagar a todos os empregados no mesmo mês, mas precisa respeitar o prazo legal para o pagamento do 13° salário, ou seja, entre fevereiro e novembro.
Movimentação em números
De acordo com um levantamento feito pela Fecomércio- -MS (Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Mato Grosso do Sul), este ano, pelo menos 46,42% dos consumidores de MS receberão o 13º salário. O percentual se sobressai frente ao último ano, quando a marca de recebedores atingiu 42,50%.
Os números mostram uma perspectiva mais otimista no panorama estadual, embora os planos dos sul-mato-grossenses, em primeiro lugar, consistirem 24% no pagamento de dívidas em atraso, 24% poupança e 20% nas despesas de fim de ano, como, por exemplo, presentes, comemorações e viagens.
O economista Lucas Mikael conclui que o adiantamento se torna benéfico para aquecer a economia, de forma a favorecer o comércio, ao mesmo tempo que aumenta a arrecadação, por meio do ICMS. “O pagamento do 13º salário, tradicionalmente, representa um respiro para a economia, estimulando principalmente o comércio. É importante destacar que, por consequências da pandemia, da alta da inflação e do aumento do endividamento do brasileiro, o 13º, não necessariamente, resulta em consumo. As últimas pesquisas sobre o tema mostram que muitos brasileiros estão utilizando essa bonificação para o pagamento de dívidas e até mesmo como poupança”, destaca.
Conforme apurado pela economista da Fecomércio-MS, Regiane Dedé de Oliveira, a opção de pagar dívidas “libera o consumidor para novas compras e traz um efeito multiplicador direto na economia do Estado, principalmente na primeira e terceira opções”. Já a opção de poupar também é benéfica, porque revela um hábito saudável, por parte dos consumidores.
FALA, POVO
Quais os seus planos para o 13º salário?
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- Isaque Oliveira da Silva 50 anos – Gestor de processos Eu vou gastar com a minha netinha e com meus filhos. Vou dar um ar para minha esposa, uma bicicleta para minha neta e meu filho também quer um celular novo, vou fazer isso, vou usar ele pra isso, para gastar com eles.
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- Marlene Severo Monteiro 63 anos – Auxiliar de manutenção Vou pagar meu IPTU, que aumentou. [Nos outros anos] também, só pago o IPTU, todo ano. A gente não ganha tanto e tem obrigações, como água, luz e essas coisas. Eu economizo e ainda sobra um pouquinho.
Por – Julisandy Ferreira
Fotos: Cayo Cruz
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