‘Tetê e O Lírio Selvagem’, um marco na música regional, completa 45 anos

A cantora Tetê Espíndola e seus irmãos Geraldo, Alzira e Celito inovaram na Música Popular Brasileira
A cantora Tetê Espíndola e seus irmãos Geraldo, Alzira e Celito inovaram na Música Popular Brasileira | Foto: Reprodução

Em 1978, foi lançado um disco que marcaria a história da música regional, intitulado “Tetê e O Lírio Selvagem”. A cantora Tetê Espíndola e seus irmãos Geraldo, Alzira e Celito inovaram na Música Popular Brasileira, carregando a fauna no corpo e cantando sobre o bioma pantaneiro. O disco, que influenciou gerações, trouxe à tona os discursos dos pássaros e cantou o ritmo dos rios. Foi o primeiro disco de uma banda sulmato-grossense a assinar contrato com uma grande gravadora e a ter um clipe produzido pelo programa “Fantástico”, da TV “Globo”. “Tetê e O Lírio Selvagem” completa 45 anos em 2023 e, em entrevista ao jornal O Estado, Tetê Espíndola, Alzira E. e Geraldo Espíndola “revivem” 1978 e contam detalhes dessa grande obra. 

Para Tetê Espíndola, no entanto, o que fez do disco um grande sucesso foi o “vocal de sangue”, formado por irmãos. “Era um vocal de irmão, um vocal de sangue. Eu, Alzira, Geraldo e Celito formamos uma união impecável, linda. E a capa também remetia à flora, à fauna, numa época em que estava tocando discoteca em São Paulo. Então, digo que trouxemos esse frescor do nosso ambiente, da nossa paisagem sonora, da nossa região. Além de ser uma arte linda, realizada pelo João Sebastião da Costa, que pintou em nosso corpo, naquelas malhas”, disse a cantora. 

Tetê e O Lírio Selvagem

Foto: reprodução

João Sebastião é um artista plástico cuiabano e responsável pelo figurino e pela capa do disco. Suas produções de designs criativos contribuíram para que o grupo conquistasse o sucesso e o legado que possui hoje. Seus colants, com estampas de onça, araras e tucanos, levaram o Pantanal até o corpo da banda. “O Lírio Selvagem“, além de impressionar críticos e público pelo visual, também chamou a atenção pela influência dos ritmos fronteiriços aliados ao rock dos anos 60. Ainda, Tetê revela quais foram suas influências e inspirações na época. 

“Nós começamos tocando acústico aqui, no Mato Grosso do Sul, mas quando era um só. E era acústico mesmo, sem microfone nenhum. Então, naquela época, escutamos Janis Joplin, MPB… Eu escutava muitas bandas de festivais de 75, por aí, mas também visitava bastante a natureza. Ia muito para Cuiabá, comecei a pesquisar os sons de pássaros, vivências que influenciaram.” 

O álbum, além de irreverente e inusitado, também registrou, pela primeira vez, as composições realizadas por Geraldo Espíndola, na época com 26 anos. Conforme destaca Geraldo, o legado advém da originalidade, da família e de muita personalidade e ousadia. “A voz de Tetê, Alzira e Celito, são quatro irmãos lançando o primeiro grupo de pop rock a aparecer no leste. Foram muitas transformações que propusemos, mudamos a imagem que tinham de nós. O nosso discurso ecológico também foi importantíssimo. Estou desde 1970 assistindo a esse filme da natureza mudando pela interferência do homem e mudando drasticamente. Então, minhas composições sempre tiveram essa temática ecológica, de preservação, porque, sinceramente, eu já sabia que ia resultar no ponto em que estamos hoje, infelizmente”, lamenta Geraldo. 

“Tetê e O Lírio Selvagem” é um marco na música de vanguarda sul-mato-grossense, tanto pelo discurso ecológico quanto pela fusão inédita de ritmos que inauguraram a polca-rock. Sua ousadia e originalidade levaram os irmãos, logo após se mudarem para São Paulo, em 1978, a angariar um contrato com uma grande gravadora, a Philips/Phonogram, além de conquistar um clipe para a música “Bem-Te-Vi”, produzido pelo “Fantástico”.

Por – Ana Cavalcante 

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