Força-tarefa une esforços e auxilia famílias na Comunidade do Mandela

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Moradores recebem terreno provisório e devem ser remanejados 

Pessoas de coletes coloridos e pranchetas nas mãos, crianças se alimentando em meio a entulhos, tendas, caminhões do Exército, uma grande área com destroços e cinzas, banheiros improvisados e máquinas abrindo espaços na mata. A Comunidade do Mandela, localizada no bairro Coronel Antonino, em Campo Grande, assemelha-se a uma zona de guerra após o incêndio de grandes proporções, que consumiu 80% das moradias na última quinta-feira (16).

Na manhã de ontem (17), todas as pastas do Executivo municipal enviaram algum representante, Câmara dos Vereadores, Exército, Defesa Civil, concessionárias de serviços terceirizados e instituições sem fins lucrativos ou religiosas se uniram para auxiliar as famílias desabrigadas. A primeira noite foi de muito trabalho, organizado pela Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos).

“Realizamos o nivelamento da área, para que o Exército monte as tendas, com suporte de caminhões-pipa e banheiros químicos. Durante a madrugada, a Águas Guariroba ofertou água potável. Agora estamos tentando minimizar o impacto, já que ainda há resíduos de material do incêndio. Postes provisórios de iluminação serão instalados no espaço e dentro das tendas. A gente se sensibiliza ao ver essa tragédia, foi muito impactante, mesmo sabendo que é uma ocupação irregular, foram muitos prejudicados”, compartilha Enéas Netto, secretário- -adjunto da Sisep.

 

Para quem conseguiu passar a primeira noite em tendas, o dia seguinte foi um choque de realidade e o início de um novo caminho. “Agora que está caindo a ficha, vendo que perdemos tudo. Ontem, no calor do momento, não conseguimos ver o tamanho do estrago, mas hoje enxergamos a imensidade do desastre. Campo Grande parou e, pela primeira vez, estão acelerando nossa situação”, disse a moradora Cintia Souza, de 30 anos

A pedido da prefeitura, a Defesa Civil organizou o envio das tendas ao local, que servirá de abrigo provisório das famílias até que sejam realocadas ou consigam reconstruir suas casas, como explica o tenente Adolfo, coordenador-adjunto da Defesa Civil. “Ontem fizemos a coordenação com o Ministério da Defesa e o CMO (Comando Militar do Oeste) forneceu 11 tendas, hoje chegaram mais três barracas. Conforme for tendo demanda, nós vamos atender. Em uma situação de risco a gente tem que atender a população o mais rápido possível e todos os setores estão empenhados nisso”, destacou.

Com doações que não param de chegar, os moradores juntam o que precisam para sobreviver em meio ao caos. É a verdadeira definição de resiliência. “Legal não é, mas temos que ser gratos por não ter acontecido algo pior, uma fatalidade. Perdemos o lar que a gente tinha, era madeira, entrava vento e chuva, mas era o que tínhamos, era onde os nossos filhos ficavam quando voltavam da escola e a gente, do trabalho. Graças a Deus estamos com saúde, com as duas pernas e braços para trabalhar e nos recuperar”, desabafa Odair da Silva, de 35 anos.

Próxima à área está a escola municipal Kamé Adania, onde a maioria das crianças da comunidade estudam. O local foi preparado para receber quem precisar de abrigo, alimentos e até de um banho. “A escola está à disposição para acolher as famílias com colchões, alimentação, banhos e tudo que necessitarem, além de café da manhã, almoço e janta. Ontem, recebemos 32 famílias, mas elas têm o livre-arbítrio de ficar ou não”, reforça Divina Cândida Barraca, representante da Semed (Secretaria Municipal de Educação), no local.

Famílias realocadas

Algumas das vítimas do incêndio já estavam passando pelo processo para a aquisição de um terreno, que iriam mudar após a construção das casas. Com o incidente, os trâmites precisaram ser acelerados e eles terão de construir as novas moradias com doações.

“Conseguiram um lote de emergência, perto do Jardim Presidente, com cadastros e para levar as doações recebidas para construir. Por enquanto, é o terreno, para 58 famílias que tiveram os barracos atingidos pelos incêndios, escriturados”, explica a líder dos moradores do Mandela, Greiciele Naiara Ferreira.

Conforme a diretora-presidente da Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários), Maria Helena Bughi, a pasta ainda estava fazendo o cadastramento das famílias com crianças, idosos e pessoas com deficiência. Os terrenos já estavam separados, agora a adequação do espaço será acelerada e as vítimas logo devem mudar para lá e, por conta própria, construírem. “A área estava sendo preparada para construir, eles tinham assinado o contrato, onde priorizamos as famílias com crianças, idosos e pessoas com deficiência, só então íamos para a análise cadastral dos outros. Agora, vamos ter que levá-los antes de as casas ficarem prontas”, concluiu Maria Helena.

As doações podem ser feitas no FAC (Fundo de Apoio à Comunidade), localizado na Av. Fábio Zahran, 6.000, que também disponibilizou o telefone 2020-1361. Entre os itens que podem ser doados estão: alimentos, materiais de higiene, fraldas descartáveis, enxoval de cama e de banho, materiais de construção e outros produtos básicos.

Por – Kamila Alcântara

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