O Pix completa três anos de existência nesta quinta-feira (16). Desde então, até o dia 31 de outubro, a criação do BC (Banco Central) movimentou R$ 29,7 trilhões em 66,5 bilhões de transações, de acordo com a autoridade monetária, e se consolidou como a forma de pagamento mais utilizada pelo brasileiro — isso representa uma média de R$ 27,5 milhões movimentados por dia.
As operações, que antes levavam horas ou mais de um dia, acontecem em segundos. De acordo com Rogério Antônio Lucca, chefe do departamento de operações bancárias e de sistema de pagamentos, mais de 150 milhões de transações são registradas por dia, e 99% delas são liquidadas em menos de um segundo.
“Tem sido muito efetivo esse trabalho nosso de fazer o sistema funcionar 24 horas por sete dias da semana, com a manutenção e a atualização sem parar”, afirmou Lucca durante live do Banco Central sobre os três anos do Pix. “A gente mede a disponibilidade do sistema numa janela de três meses e, nos últimos três meses, o Pix está em 100% de funcionamento, não houve paralisação”, acrescentou.
Para Angelo José Mont Alverne Duarte, chefe do departamento de competição e de estrutura do mercado financeiro do BC, o Pix foi o sistema de pagamento instantâneo que teve a curva de adesão mais rápida do mundo. “Todo mês, pelo menos 110 milhões de brasileiros usam o Pix, o que representa quase 60% da população”, afirmou Duarte, em live.
Antes e depois do Pix
No ano passado, a tecnologia teve mais de 24 bilhões de transações e superou cartão de débito, boleto, TED, DOC e cheques somados. O levantamento é da Febrabran (Federação Brasileira de Bancos), feito com base em dados do BC e da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços).
“É até difícil achar quem lembre como era a vida antes do Pix, três anos atrás. Hoje, todo mundo faz um Pix para pagar qualquer coisa, transacionar dinheiro rapidinho. Antes disso, não havia, mas as pessoas até já se esqueceram de tanto que a ferramenta faz parte da nossa vida”, disse Gustavo Igreja, jornalista e servidor do Banco Central, em transmissão da autarquia.
Também em 2022, o Pix foi o segundo método de pagamento instantâneo mais usado no mundo, segundo estudo de uma parceria da ACI Worldwide com a GlobalData.
A ferramenta do BC só ficou atrás do sistema da Índia. Vale lembrar que o país asiático é o mais populoso do mundo, com 1,428 bilhão de habitantes, de acordo com estimativa da ONU (Organização das Nações Unidas).
Por sua vez, o Brasil tem 203 milhões de pessoas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No dia 6 de setembro, o Pix bateu recorde de transações diárias. Em 24 horas, foram 152,7 milhões de operações. Desde novembro do ano passado, o recorde de transações diárias da ferramenta já foi batido pelo menos cinco vezes.
Em relação ao comércio online, o cartão de crédito tradicionalmente é a forma de pagamento mais utilizada. Porém, a criação do BC tem ameaçado o posto: 75% dos brasileiros preferiram o Pix, de acordo com a pesquisa CX Trends.
Além disso, o Estudo Gmattos de Pagamentos mostrou que todas as 59 grandes varejistas na internet brasileira passaram a aceitar o Pix. Antes, isso só acontecia com os cartões de crédito.
Criação e pandemia
O desejo do BC de criar a ferramenta foi anunciado em 2018. A ideia era facilitar as operações do dia a dia e das grandes corporações. Cerca de 130 instituições, como grupos representativos e agentes do mercado financeiro, participaram das discussões para formular a tecnologia.
O Pix passou por testes até ser efetivamente lançado, em 9 de novembro de 2020. A pandemia, que afetou o Brasil com força a partir de março daquele ano, foi um obstáculo a ser superado pelos servidores do BC.
“O BC estava preparado para o trabalho remoto. As equipes trabalharam muito, no final de semana, até tarde da noite… No final, conseguimos cumprir os prazos, apesar da pandemia”, disse Angelo José Mont Alverne Duarte, chefe do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do BC.
Golpes
No entanto, como toda inovação, a ferramenta também passou a ser usada em golpes e fraudes. Notícias que envolvem, por exemplo, a quadrilha do Pix em São Paulo se tornaram comuns.
Segundo pesquisa feita pela empresa de tecnologia financeira Silverguard, 42% dos entrevistados já sofreram tentativa de golpe com o Pix e 9% efetivamente foram vítimas.
“Nunca pague para o terceiro, sempre pague para a pessoa com quem você está falando e sempre tenha todos os dados dela”, recomendou Fernando Marinho, especialista em operações via Pix, em entrevista à Record.
Projeções
Para os próximos anos, o Banco Central tem projeções ambiciosas para sua criação. No Relatório de Gestão do Pix, divulgado em setembro, uma das expectativas da autarquia é que o instrumento funcione sem internet.
Isso “tem potencial de ampliar o acesso e dar mais comodidade ao usuário, estimulando novas dinâmicas de uso e a substituição de meios de pagamento menos eficientes”, disse a autoridade monetária.
Nesse contexto, outra possibilidade, na visão do BC, é a tecnologia de aproximação. Seria semelhante ao que já ocorre com os cartões de crédito e débito.
Caso isso se concretize, segundo a autarquia, o Pix poderá ser usado como “pagamento de pedágio em rodovias, estacionamentos e transporte público”.
No documento, o BC demonstra bastante otimismo com a forma de pagamento. “Muitas novidades ainda serão implementadas”, prevê.
“Certamente outros produtos e funcionalidades serão ainda vislumbrados e desenvolvidos conforme as demandas da sociedade e os aperfeiçoamentos estruturais e tecnológicos vindouros. Fato é que as inovações já experimentadas abriram caminho para a transformação digital nos meios de pagamento, não sendo mais possível retroceder.”
Com informações do R7.com.
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