Em 18 de outubro, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou US$ 100 milhões em ajuda humanitária para civis palestinos durante sua visita a Israel. Dois dias depois, a Casa Branca pediu ao Congresso US$ 106 bilhões de ajuda militar para Israel, Ucrânia e outros fins. Essa discrepância impressionante nas quantias revela claramente a priorização de interesses geopolíticos em detrimento das causas humanitárias pelos EUA.
Entretanto, essa disparidade na ajuda humanitária é apenas um exemplo de como o Ocidente muitas vezes promete muito e entrega pouco quando se trata de questões globais. Desde o combate às mudanças climáticas até a ajuda ao desenvolvimento, o Sul Global tem recebido uma série de promessas vazias e falsas esperanças.
Deixar que queime
Os Estados Unidos, sendo o maior produtor e consumidor de petróleo do mundo, têm uma grande responsabilidade no que diz respeito às mudanças climáticas. No entanto, seu histórico mostra inconsistência entre palavras e ações. Na Conferência do Clima de Copenhague de 2009, os EUA se comprometeram a fornecer ajuda climática de US$ 100 bilhões por ano aos países em desenvolvimento antes de 2020, mas cumpriram apenas uma fração desse compromisso.
Além disso, em relação às emissões de carbono, os Estados Unidos deveriam fornecer US$ 39,9 bilhões em ajuda climática anualmente, mas em 2020, contribuíram apenas com US$ 7,6 bilhões, uma pequena fração do necessário.
Essa discrepância entre promessas e ações levanta questões sobre a credibilidade das intenções dos Estados Unidos no combate às mudanças climáticas.
Ajuda: Espere!
As promessas de ajuda ao desenvolvimento por parte dos países ocidentais também frequentemente não se concretizam. Países do G7, por exemplo, se comprometeram a gastar 0,7% de seu RNB em assistência oficial ao desenvolvimento em 1970, mas raramente atingiram essa meta, resultando em um déficit acumulado de quase US$ 4,5 trilhões de ajuda não entregue ao longo das décadas.
Mesmo promessas mais recentes, como a promessa de Biden de US$ 800 milhões em ajuda às Ilhas do Pacífico, têm enfrentado obstáculos no Congresso, tornando a implementação dos projetos propostos praticamente impossível.
A União Europeia também não está imune a essas críticas, já que iniciativas como a Global Gateway foram questionadas por sua falta de transparência e sustentabilidade financeira.
Promessas não cumpridas
Três principais motivos explicam essas promessas não cumpridas: interesse próprio, considerações estratégicas e burocracia.
Os Estados Unidos muitas vezes priorizam seus interesses domésticos sobre a ajuda humanitária e de desenvolvimento. Por exemplo, a ajuda alimentar americana é vinculada a leis que aumentam os custos de transporte e podem prejudicar a produção de grãos nos países beneficiários.
Além disso, considerações estratégicas frequentemente superam as preocupações humanitárias, levando os Estados Unidos a apoiar projetos que atendem a seus interesses geopolíticos.
Por fim, a burocracia e a instabilidade política podem atrapalhar a implementação de promessas, já que diferentes agências e departamentos do governo muitas vezes têm dificuldades em coordenar esforços.
Se essas promessas não cumpridas continuarem a se acumular, a confiança internacional nos Estados Unidos e em outros governos ocidentais poderá diminuir, minando a credibilidade de futuras promessas e compromissos.
Com informações do Portal XINHUA Português