A esporotricose é uma doença micotica subcutanea causada pelo fungo Sporothrix schenckii, que está presente no solo, palha, vegetais, espinhos e madeira, por exemplo, sendo possível contraí-la no contato com plantas e solo, perfurações com espinhos em ambientes externos onde o fungo está presente em materiais orgânicos e é considerada uma zoonose.
A doença já foi identificada em humanos e em outras espécies como cães, equinos, suínos e aves domésticas. Entretanto, a esporotricose é comumente relacionada aos gatos, sendo conhecida como ‘a doença do gato’, devido ao maior diagnóstico em felinos domésticos.
O tema veio a tona após a Folha de S. Paulo divulgar dados que alertam para o avanço da doença em alguns estados do Brasil, como no Rio de Janeiro, que apresentou aumento de 162% em dez anos. Alguns especialistas acreditam que a zoonose está descontrolada.
Contudo, mesmo que a doença possa ser contraída nos ambientes citados, os gatos seguem como o maior vilão da patologia, como explica a médica veterinária Ana Eliza Silveira.
“Existe a transmissão zoonótica (animal-homem), que pode ocorrer por meio de mordidas ou arranhões dos animais infectados. O gato fica mais conhecido por espalhar a doença, pois ele é capaz de carregar o agente das lesões nas unhas e boca, além de terem maior acesso à rua e a ambientes propícios à contaminação”.
Ana Eliza ainda informa que a patologia é considera endêmica na América Latina, ou seja, que ocorre o ano todo. “A especie de maior patogenicidade, apontado por uma revisão epidemiologia, é a espécie Sporothrix brasiliensis, a mesma tem sindo apontado com maiores indicies de contaminação em felinos domésticos aqui no Brasil”. A SES (Secretaria Estadual de Saúde) foi questionada pela reportagem sobre o número de casos registrados em Mato Grosso do Sul, mas não obteve retorno.
Outros fatores.
A veterinária é enfática em afirmar que os felinos não são os protagonistas da contaminação. “O alerta maior é que, o gato não é o único culpado dessa história. O ser humano pode se contaminar de outras formas além do contato direto com um animal infectado. Além disso, essa doença tem tratamento e cura nos animais”.
Responsável pelos cuidados de 70 gatos, a protetora independente Luciana Albuquerque Vargas relata que nenhum animal que cuidou já apresentou essa doença, nem mesmo o de rua. “As pessoas deveriam se preocupar com doenças mais comuns dos gatos, como FELV e FIV e se preocupar com os seres humanos que soltam os animais na rua”.
Ela ainda relara que devido a doenças, muitos tutores querem ‘se livrar’ dos animais para não arcar com os cuidados veterinários. “Eu gasto muito dinheiro com veterinário, de maio até agora foram R$ 18 mil e já devo R$ 6 mil. Os gatinhos tiveram que ser meus, e não foi por escolha somente, e sim por falta de opção: ou eu resgatava, ou veria eles sofrerem mortes lestas e horríveis”, conta.
Sinais nos animais
Os animais contaminados pelo fungo podem apresentar lesões cutâneas nodulares ou em placas, alopécia (perda de pelos), ulceras que podem liberar secreções. “Alguns animais ainda podem ficar mais prostrados, parar de se alimentar de forma efetiva, apresentar emagrecimento e odor forte. Animais com imunodeficiências ou que possuem patologias pre existentes são mais susceptíveis a infecção, assim como os seres humanas dessa mesma categoria”, explica Ana Eliza.
O tratamento da esporotricose em gatos pode ser feito por meio de antifúngicos orais e antibióticos, que devem ser prescritos por um médico-veterinário de confiança.
A esporotricose em gatos tem cura, mas ela exige paciência e tempo, pois pode ser difícil e demorado, principalmente dependendo do estado em que a doença está.
Apenas um profissional poderá auxiliar e acompanhar o pet. Ele também poderá prescrever uma pomada para esporotricose em gatos, dependendo do caso e da gravidade. Para manusear o animal é preciso usar luvas descartáveis e os brinquedos e utensílios do animal devem ser higienizados diariamente. Também é preciso deixar o animal isolado de outros pets para não haver contaminação.
A maior recomendação é não deixar os gatos saírem para a rua, para as famosas ‘saidinhas’, para evitar que os animais se envolvam em brigas, sejam atropelados, contaminados por doenças ou até envenenados. A expectativa de vida de um gato que não sai de casa é de aproximadamente 15 anos, enquanto aqueles que vivem nas ruas ficam em torno de três anos.