Comer carne em 2023 ficou mais barato, confirmam consumidores

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Foto: Nilson Figueiredo

Menor preço em corte bovino e queda na arroba do boi são responsáveis pela baixa

Em 2023, comer carne ficou mais barato na Capital sul- -mato-grossense. Informações da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) revelam que os cortes bovinos apresentaram uma redução em valores de até 42%, enquanto a arroba do boi caiu pelo menos 35%, no período de um ano.

De acordo com os dados da Acrissul, dos 51 países para onde o Brasil exporta o produto, Mato Grosso do Sul está inserido em todos eles, por meio de seus principais produtos do agro, como a carne, mas também a soja, o milho e a celulose. Somente a China responde por 45% das importações de MS, mas há também outros países importantes nesta conta, como a Argentina, os Estados Unidos, o Chile, a Itália, o México, a Holanda, a Coreia do Sul e a Polônia.

O pecuarista e presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Guilherme Bumlai, explica que o ano de 2023 não deve superar 2022 nas exportações de carne, a julgar pelos números da Carta de Conjuntura da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), que aponta que as exportações de carne bovina no primeiro semestre de 2023 caíram quase 23%, em relação ao mesmo período de 2022.

A partir da negativa nos números, o setor agropecuarista se mostrou reativo e iniciou a campanha “Pesquise preço e pague menos pela carne”, a fim de incentivar o consumidor a procurar por preços mais atrativos nos açougues. Segundo Bumlai, a ideia era fomentar a concorrência no mercado vajista. “É para que os preços diminuam e aumente também o consumo de carne bovina pelo consumidor, terminando por alterar a atual relação de oferta e procura no mercado”, pontuou o presidente da Acrissul, na época.

Três meses depois, Bumlai avalia que a campanha surtiu efeito positivo, pois a união de
várias instituições do agronegócio difundiu a campanha e a rede varejista foi pressionada a abaixar os preços em meio à concorrência de açougues e supermercados. “A concorrência é salutar para o mercado e o consumidor é o maior beneficiário. Aparentemente, o consumo aumentou. As escalas dos frigoríficos também estão mais esticadas e o valor da arroba sofreu sensível melhora desde o início da campanha”, avalia o presidente.

Entenda as quedas

Em queda acumulada de 25% desde janeiro deste ano, o valor da arroba do boi gordo continua sendo pressionada para baixo. A retração é sentida pelos produtores, que têm visto os efeitos da porteira para dentro. Afinal, embora o preço da arroba tenha despencado, os custos da produção seguem crescendo.

A arroba do boi gordo, que chegou a ser comercializada por R$ 300, atingiu um decréscimo de 35,45%, conforme dados da Granos Corretora. Entre dezembro de 2022 e setembro deste ano, a arroba era comercializada a um preço médio de R$ 304 até o dia 11 de outubro, apresentou uma média de R$ 239. Em 2022, a arroba do boi chegou a bater R$ 308 em abril, de acordo com informações do boletim da Casa Rural, da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).

Como avalia o economista do SRCG (Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho), Staney Barbosa Melo, a movimentação em relação à carne significa, na verdade, uma recuperação nas remessas de carne bovina enviadas ao exterior e isto se deve aos preços mais baixos da carne bovina no país. “Caíram em função do aumento nos abates de bovinos no país. Claro que este movimento de queda está perdendo força, com a redução dos excedentes e a normalização das escalas de abates nos frigoríficos. Em virtude do aumento na oferta e a consequente queda nos preços da arroba o brasileiro está voltando a consumir carne bovina”, argumenta o especialista.

Como complementa Melo, é pouco provável que 2023 supere os números obtidos em 2022, pois o ano gerou pelo menos US$ 1,1 bilhão em receita de exportação. “Este ano, não só o volume mensal exportado foi ligeiramente menor, como os preços pagos pela arroba caíram muito. O mês de abril, por exemplo, gerou uma receita de exportação de apenas US$ 51,2 milhões, ao passo que abril do ano passado gerou receita de US$ 89,7 milhões, o mesmo ocorre em outros meses. Em agosto de 2022 tivemos receita de US$ 102,4 milhões no setor, já em agosto deste ano a receita foi de apenas US$ 79,25 milhões. Com toda esta queda é possível que a receita das exportações de carne bovina in natura de Mato Grosso do Sul fique próxima a US$ 900 milhões, este ano”, avalia Melo.

Em 2023, Mato Grosso do Sul exporta 27,05% de carne bovina in natura para a China, 19,92% para o Chile e 16,49% para os Estados Unidos. Em quarto lugar fica a Arábia Saudita, respondendo por 4,86% das exportações de carne bovina e, em quinto, os Emirados Árabes, que responde por 3,47% do total de receita gerada. Juntos, os cinco países respondem a 74,79% das receitas de exportação de carne de MS, algo como US$ 442,2 milhões de um total de US$ 591,3 milhões. Em volume, são 88,6 mil toneladas de carne bovina e, no acumulado do ano, de janeiro a agosto, MS exportou 124,3 mil toneladas, de acordo com os dados obtidos a partir do Boletim Casa Rural – Famasul, de setembro.

Por – Julisandy Ferreira

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