Segundo empresários, demanda cresceu 60%, motivada pela necessidade do uso de ar-condicionado
As altas temperaturas têm aquecido a economia na Capital. Afinal, com a chegada do calor intenso, a população opta por mais ares-condicionados nas residências e, consequentemente, pelo consumo de energia fotovoltaica, que abastece a rede de forma mais barata e mais sustentável para o planeta. Profissionais do ramo e consumidores afirmam que a diferença é nítida no bolso e que o investimento, a longo prazo, se paga pela economia gradual mês a mês. Somente no segundo semestre de 2023, é cotado por profissionais do ramo um aumento em instalações de até 60%, se comparado ao primeiro semestre de 2023.
O sócio-proprietário da Projeto Sol, Matheus Cassiano, 26 anos, explica que, neste semestre, sua empresa já obteve um aumento de 60% nas movimentações. “É um público residencial, comercial, industrial e aqui, na empresa, a gente tem uma área de atuação para área comum de condomínios. No início de ano é sempre um pouco pior para a área da engenharia, o pessoal acaba não juntando as coisas, mas energia solar é engenharia. [No início do ano,] a construção de casas diminui, a liberação de crédito geralmente no início do ano é menor, e no fim do ano, as pessoas começam a receber o décimo terceiro, percebem que as coisas estão ficando caras e voltam, para fazer esses investimentos”, argumenta Cassiano.
Em 9º lugar no ranking nacional, Mato Grosso do Sul se destaca pela geração de energia fotovoltaica. Com um avanço em 88% em agosto, ou seja, 881,7 MWh (megawatts/ hora) de potência instalada em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos, os dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) revelam que pelo menos 113.955 unidades consumidoras utilizam o recurso, no Estado.
De acordo com dados da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), no Brasil já são mais de 3 milhões de unidades consumidoras atendidas pela tecnologia fotovoltaica. Hoje, o país possui cerca de 2,1 milhões de sistemas solares fotovoltaicos instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos. Nos últimos 11 anos, desde 2012, já são contabilizados cerca de R$ 115,8 bilhões em novos investimentos em todo o Brasil, o que representa, em média, R$ 30,2 bilhões em arrecadação aos cofres públicos
Em MS, 44,69% do total de geração distribuída está na classe ‘Residencial’
Em Mato Grosso do Sul, dos 847,71 MWh de potência instalada na geração distribuída, 44,69% está na classe “Residencial”, de acordo com dados divulgados pelo Governo do Estado. Campo Grande, Dourados e Ponta Porã são os principais municípios em termos de potência nominal instaladas, representando, juntos, 37,74% do total em MS.
A geração de energia denominada “distribuída” refere-se à produção de energia em menor escala, muitas vezes no próprio local de consumo, como, por exemplo, por meio de painéis solares instalados em residências ou empresas. Há ainda a energia denominada “centralizada”, que é aquela que se refere à produção de energia em larga escala, normalmente por grandes usinas hidrelétricas, termelétricas e eólicas, por exemplo, que é transmitida ao longo da rede elétrica até os consumidores finais.
Placas solares na vida cotidiana: Comodidade e economia
Atualmente, Campo Grande ocupa o 3º lugar dentre todos os municípios do Brasil com investimento em energia fotovoltaica e, para as famílias, na prática, mais do que a conservação do meio ambiente ou a economia no bolso, implementar placas solares também significa mudanças positivas na vida cotidiana.
Para a coordenadora de escola estadual, Neide Deola, 56, a vida ficou melhor. Se antes o uso de eletrodomésticos significava um alto risco ao bolso – já que o aumento, de acordo com o número de eletrônicos e eletrodomésticos utilizados era considerável, hoje ela conta com a tranquilidade e comodidade por meio das placas solares. “É um investimento que além de contribuir com a preservação do meio ambiente, valoriza o imóvel e possibilita a geração de créditos. Coloquei quatro ares-condicionados, uso todos na eletricidade e tenho uma sobra considerável na energia produzida. Uso vários eletrodomésticos que antes não usava para economizar, como Airfryer, três chuveiros, aspirador de pó, luzes acesas sem se preocupar, cerca elétrica, portão de elevação, máquina de cortar grama, centrífuga e máquinas de lavar roupas. A maioria não usava antes e se usava era bem controlado, para não gastar”, relembra a professora.
Segundo Deola, o maior incentivador para a utilização das placas foi o filho mais velho, que conhecia algumas pessoas que já utilizavam o sistema e apresentavam uma economia que, como a própria professora coloca, era “gigante”. “Eu pagava quase R$ 500 de energia e agora eu pago em torno de R$ 160. Lógico que tem o financiamento que eu fiz [para adquirir as placas]. Mas, mesmo com o financiamento, sai mais em conta. Hoje, a gente paga R$ 160, mais a parcela do financiamento, que ficou R$ 400. Aí eu pago a parcela do financiamento e mais a energia em si. Antes eu não usava tudo isso de eletrodomésticos e se eu fosse usar tudo que eu uso hoje, gastaria mais de R$ 1.000 reais de energia”, avalia.
O advogado e empresário Mauro Dodero, 46 anos, explica que a decisão partiu da possibilidade de ter mais economia no bolso, com maior sustentabilidade. Atualmente, ele utiliza dois ares- -condicionados na empresa e quatro em casa. No local do seu empreendimento, a economia obtida foi uma baixa nos valores da energia, de R$ 850 reais para R$ 200. Na residência, o valor caiu de R$ 1.500, também para R$ 200. De acordo com Dodero, a assistência de uma empresa especializada foi essencial, pois enquadrou exatamente em sua necessidade. “Gera, sim, economia significativa das contas vinculadas ao sistema. É importante comentar que o planejamento da necessidade e do aproveitamento deve ser bem dimensionado e requer ajustes nas contas, até que o sistema aproveite sua plena capacidade e, por isso, é importante que uma empresa fornecedora possa assessorar esse processo”, pontua Dodero, que completa dizendo que, hoje, a energia gerada em seu imóvel empresarial é suficiente para abastecer sua casa e outros imóveis.
Por – Julisandy Ferreira
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