Final da Copa do Brasil mexe com sentimentos de são-paulinos e flamenguistas

REprodução/ Imagens de João Gabriel Vilalba e Marcos Maluf
REprodução/ Imagens de João Gabriel Vilalba e Marcos Maluf

A final da Copa do Brasil, vem mexendo demais com o sentimento de flamenguistas e são-paulinos que moram em Mato Grosso do Sul. A distância de quase mil quilômetros de São Paulo, deixa ainda mais as torcidas que aguardam ansiosamente para o domingo, quando uma delas, deve gritar o título de campeão do torneio nacional.  “Essa semana não passa, não consigo mais ter foco em nada. Não vejo a hora de chegar domingo e ver o São Paulo erguendo a taça”, relatou Fernanda Soteldo Coelho, de 18 anos com as pernas trêmulas de nervosismo. 

Frequentadora da torcida organizada Independente de Mato Grosso do Sul, na visão da Fernanda, a final da Copa do Brasil deste ano, tem um gostinho especial: Os pais dela são flamenguistas. “Foi difícil falar para os meus pais quando me tornei são-paulina aos cinco anos de idade. A minha casa sempre foi lotada de flamenguistas e meus pais são torcedores fanáticos pelo clube. Eles me zoam até hoje que virei casaca, mas me tornei são-paulina porque o clube me acolheu. Não sabia que era futebol e fui acompanhando, vendo os jogos, acabei me apaixonando pelas cores do clube”, disse a jovem.  

Fernanda Soteldo Coelho, 18 anos. é de família flamenguistas, mas virou são-paulina doente. Fotos: João Gabriel Vilalba

Os amigos Anilton de Souza Júnior, de 32, e Emilio de Souza Magalhães, de 26 anos, já entraram em furada para ver o time de coração. “ Uma vez eu [ Emílio] e o Anilton combinamos de ir ao jogo do São Paulo lá na Vila Belmiro, mas não tinha mais ingresso à venda. Aí, decidimos ir até Santos e encontramos cambistas na porta do estádio. Pagamos caro no ingresso, mas conseguimos ver um Santos x São Paulo no meio da Força Jovem. Que loucura!, relatou Emílio a gargalhadas.  

Torcedores tricolores de berço, Anilton e Emílio também frequentam a torcida organizada do Independente de Mato Grosso do Sul. A organizada fretou um ônibus de 55 lugares, mas os dois não devem ir para São Paulo, aumentando ainda mais a ansiedade dos dois “Infelizmente não tem como ir, quanto eu e o Emílio, vamos torcer juntos aqui na sede, para que esse título venha para o Morumbi”, relatou Anilton., lembrando do ano de 2000, quando o clube do Morumbi chegou na final do torneio, perdendo para o Cruzeiro. 

 

Anilton (Boné) e Emílio (sexto da direita para esquerda) vão acompanhar a final juntos na sede da Torcida Independente em Campo Grande. Fotos: João GAbriel Vilalba

Já no lado rubro-negro, a partida também vem mexendo com os sentimentos da professora de artes, Keli Aguiar Pena, de 47 anos.“´É nas dificuldades que o Flamengo cresce. Vejo hoje muitos torcedores modinhas que abandonam o clube nesses momentos de crise, mas nós que crescemos vendo esse time mostrando gana, raça e vontade, tenho certeza que esse título vem”, relatou a flamenguista, Keli Aguiar Pena, 47 anos.  

Nas horas de descanso, Keli é frequentadora da torcida organizada Raça Rubro Negra de Mato Grosso do Sul. Ela relata que a final do campeonato bagunçou literalmente com a sua programação. “ No domingo passado, estava em um concurso na UFMS e não conseguia focar na prova, apenas em terminar a minha participação e procurar uma televisão para ver o Flamengo. Neste domingo, não quero saber de compromisso. Só quero ver o Flamengo erguendo a taça, relatou para a reportagem, citando a ansiedade para a final 

A professora de artes, , Keli Aguiar Pena, é torcedora assidua Raça Rubro Negra de Mato Grosso do Sul. Divulgação/ Arquivo Pessoal

Já na Vila Margarida, o casal Marilene e Domingos Vilalba, que administra a Bibi Pizzaria, Choperia e Sobaria, estão animados com a final da Copa do Brasil. O estabelecimento que fica na Rua Naviraí, é conhecido em Campo Grande por ser reduto dos flamenguistas na região.  Apesar da campanha abaixo no campeonato brasileiro, Domingos que tem flamengo em todos os cantos da pizzaria e no toque do aparelho celular, se mostra empolgado com o possível título.  “Sou flamenguista há 47 anos e  nesses momentos de crise que o Flamengo mostra a sua força. Estou muito ansioso, até porque precisamos desses títulos, já que o brasileirão já era …”. 

A esposa Marilene Ferreira Vilalba, de 45 anos, se tornou flamenguista pelo marido e apoia o clube junto com ele. “Meus dois filhos [Alejandro Ferreira Vilalba, 19 anos Diego Ferreira Vilalba, 25 anos, cresceu vendo o Flamengo de 2019, e acabei entrando na onda e me tornei também apaixonado pelo clube. Aqui a única coisa que não tolero é falar mal do Flamengo”, relatou sorrindo

Segundo Domingos, a sua paixão pelo Flamengo fez com que a pizzaria influenciasse mais jovens na região da Vila Margarida, a torcer pelo Flamengo. “Influenciei os meus dois filhos desde pequeno. Hoje tenho orgulho que são flamenguistas doentes, Aqui na região também influenciei mais de 30 famílias. Aqui em volta só tem flamenguistas, todos influenciados desde de pequenos. A gente até comprou camisas e tudo mais, tudo para marcar as cores do clube na vida deles.  Aqui em volta, os moradores só vestem Flamengo  

Domingos Ferreira Vilalba, aolado da esposa Marilene, administra uma pizzaria na Vila Margarida que é reduto dos flamenguistas. Fotos: Marcos Maluf

Enquanto a reportagem estava finalizando a entrevista, o amigo da família, Claudemir Camargo, 47 anos, que cuidou de toda pintura do estabelecimento, chegou na pizzaria e relatou empolgado que o jogo tem sim, um gostinho especial: Ele é são-paulino. “Eu pintei esse estabelecimento e coloquei essas bandeiras do Flamengo. Apesar de ser um lugar de só flamenguistas, aqui respeitamos todos os clubes. Só digo uma coisa, esse título é nosso”, disse olhando para o Domingos e sorrindo. 

“Vai ser 2 a 0 Flamengo. Vocês só estão na final por causa do técnico, se não fosse Dorival”, sussurrou Domingos para o amigo. 

“Vocês têm cinco, para ser egoísta”, soltou Claudemir, abraçando seu Domingos. 

“Você está convidado para o Domingo, né?, disse seu Domingos, soltando o convite para Claudemir assistir o jogo na pizzaria.  

Claro,  tô aqui, respondeu, Claudemir sorrindo.  

 

Claudemir Camargo que é são-paulino, é quem cuidou da pintura do estabelcimento. Fotos: Marcos Maluf

Somos rivais dentro de campo, mas a amizade é muito mais forte que isso”, finalizou o seu Domingos, ao convidar o amigo a ver o jogo da Copa do Brasil, neste domingo, às 15h. 

No primeiro jogo no Maracanã, o São Paulo venceu por 1 a 0. Agora, na partida de volta, no Morumbi,  em São Paulo (SP), o tricolor paulista joga pelo empate. Em caso de derrota por um gol de diferença, a disputa da taça será nos pênaltis

Raça Rubro Negra de Mato Grosso do Sul estarão reunidos para acompanhar a final juntos. Fotos: Arquivo pessoal

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