Poetisa de MS organiza evento pela paz em SP

Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Em combate à violência, poetisa sul-mato-grossense Delasnieve Daspet organiza evento inédito e mundial e reúne artistas e ativistas no Memorial da América Latina, em SP

Com o intuito de resgatar valores que prezam pela paz, a poetisa sul-mato-grossense e ativista social Delasnieve Daspet organiza a oitava edição do Congresso Internacional de Poesia para a Paz, que será realizado, entre os dias 13 e 16, com uma programação extensa, que envolve desde seminários, mesas redondas e apresentações artísticas. O evento é gratuito e aberto para todas as idades, e não será realizado em Mato Grosso do Sul, mas foi recebido com entusiasmo no Estado de São Paulo, e acontecerá no Memorial da América Latina.

O congresso já foi realizado em países como Inglaterra, Peru, Turquia, Espanha, Estados Unidos, Israel, e agora chega ao Brasil. Com uma programação com atividades para quatro dias, as temáticas visam combater a cultura violenta que rege a sociedade atual. O evento era previsto para acontecer em Campo Grande, no entanto, Delasnieve afirma não ter encontrado o apoio esperado, diferente do ocorrido em outro Estado. Em conversa com o jornal O Estado, o presidente da Fundação Memorial da América Latina, Pedro Mastrobuono, ressalta as qualidades do local onde o evento acontece, reforçando que além da vontade em hospedar o Congresso, o Memorial é um lugar adequado para a realização. 

“O Memorial está preparado para receber grandes eventos. Não só do ponto de vista cultural e acadêmico, mas também em termos de conforto e segurança. Recentemente, recebemos o reconhecimento por meio de premiação para eventos com público superior a dez mil pessoas. Além disso, as expectativas para esse evento são altas. Existe, inclusive, a possibilidade de participação de três governadores de Estado, além de várias autoridades, algo que, por si só, já evidencia a magnitude do encontro”, destaca. Sobre a proposta do evento, que possui como princípio discutir com a sociedade e pela sociedade por meio de manifestações artísticas, Pedro afirma que a arte é uma ferramenta com possibilidades transformadoras, que liberam emoções, tensões reprimidas, e por isso a proposta do congresso é mais do que justificável e será debatida de forma sublime e efetiva.

“O tema paz será debatido de uma forma sublime, por meio da literatura. As ditas belas-artes, das quais a literatura faz parte, possibilita alcance que ultrapassa – e muito – os debates convencionais. Por meio das artes, nossas emoções e pulsões são sublimadas. As manifestações artísticas autênticas permitem catarses, servindo de válvulas de escape para angústias, ansiedades, clamores. A paz é um desejo atemporal, permanente e comum a todos nós. Podemos, sim, nos identificar com gritos por paz, vindos de fora dos nossos limites territoriais, mas que ecoam fundo mesmo por aqui. Assim como nossos urros também podem, sim, ser ouvidos por outros povos. A arte é um poderosíssimo meio de comunicação.” 

Mesmo em uma pesquisa mais concentrada, com o foco na América do Sul, o Brasil está entre os cinco colocados como os mais inseguros, conforme comenta a organizadora. A falta de políticas públicas, investimentos em educação, segurança, índices elevados de corrupção, são pontos que corroboram para o agravante quadro de violência brasileira. A fim de contornar essa cultura de violência que, por vezes, parece estar arraigada nos homens, que buscam sempre pela dominação, ora da natureza ora um dos outros, que o congresso busca intervir, realizando suas programações. 

“Ao declararmos a nossa força a favor da paz e qualquer ato de extremismo, o radicalismo, o terrorismo e qualquer outro incentivo ao ódio, à hostilidade, à violência e à guerra – seja qual for a motivação ou objetivo que se proponham – nada têm a ver com o autêntico espírito de Paz e de Cultura de Paz. Neste congresso, onde se encontrarão presentes participantes de países de quatro continentes, independentemente da sua crença religiosa, étnica ou social, o respeito mútuo e a compreensão devem ser considerados essenciais e imprescindíveis para a convivência – aí está a essência que a sociedade pode e deve usufruir”, ressalta Delasnieve.

VIIl Congresso Internacional

Em uma lista com 163 nações, com base em 23 indicadores, o Brasil está entre os 35 países mais violentos do mundo. Mesmo em uma pesquisa mais concentrada, com o foco na América do Sul, o Brasil está entre os cinco colocados como os mais inseguros, conforme comenta a organizadora. A falta de políticas públicas, investimentos em educação, segurança, índices elevados de corrupção, são pontos que corroboram para o agravante quadro de violência brasileira. A fim de contornar essa cultura de violência que, por vezes, parece estar arraigada nos homens, que buscam sempre pela dominação, ora da natureza ora um dos outros, que o congresso busca intervir, realizando suas programações.

A programação é composta por seminários com especialistas a respeito das diásporas africanas, gêneros, mulheres que marcaram a história, entre outras minorias sociais. Apresentações artísticas também serão realizadas. Declamações de poesias que tratam sobre a paz, recitais de música clássica, exposições fotográficas e literatura de cordel são algumas das atividades. O conteúdo elaborado em cima de trabalhos artísticos é um dos propósitos do evento, que busca propostas de políticas públicas e sociais que possam ser aplicadas em diversos países e contornadas por meio da arte.

“Em 30 anos de ações como peacemaker – montei uma grande rede de ‘semeadores da paz’ pelo país. Temos uma rede sólida de norte a sul, de leste a oeste. Nossos embaixadores/semeadores estão inseridos em todos os segmentos da sociedade. Das artes, então, não é difícil chamá-los para pazearmos e levarmos a cultura da paz como um escopo necessário. Nossos artistas e atores são embaixadores da paz atuantes. Por isso, a programação está muito bem delineada. Falaremos de todas as minorias e a literatura será um fator potencial para se levar a todos o conhecimento. Enfim, consta em nossa pauta as indígenas, diásporas africanas, gênero, poesia, música, temáticas como criança e paz, concórdia, água, lixo, reciclável, autismo, nações de paz… São vários os temas que afligem diretamente a família.”

Em contramão a essa cultura de medo, guerra, exploração do homem pelo homem, que foi instaurada há anos e propicia desigualdades, injustiças e violências, que a advogada, escritora, poetisa, embaixadora e ativista pela paz, além de presidente e fundadora da Associação Internacional de Poetas e da Academia Feminina de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul (Aflams) e há onze anos, membro internacional do Fórum for the Literature and Cultures of Peace (Iflac), que Delasnieve, com muito orgulho, propõe-se na iniciativa admirável de inserir o Brasil em um congresso tão necessário como este, afirma a organizadora. “No Iflac estou desde 2012. Sou d i r e t o r a nacional para o Brasil e fui convidada pela P r e s i d ê n c i a , em 28 de março deste ano. Eles me perguntaram se eu gostaria de promover o congresso e eu aceitei, g o s t o de desafios. Pedi um tempo p a r a pensar e fui procurar o governo do nosso Estado. Meu apelo não teve ressonância! Em 22 de junho, conheci o Dr. Pedro Mastrobuono, no Rio de Janeiro, em um evento da Academia Brasileira de Letras, onde eu fui homenageada. Conversei com ele rapidamente e falei sobre o congresso e dias depois ele nos fez a proposta de interesse. O Memorial da América Latina, por meio de seu corpo diretivo, e eu – em 40 dias montamos o evento. O memorial ficou com a logística completa. Eu fiquei com a montagem do congresso: arte, palestra, convites, quem vem, quem não vem, quem desistiu… É um congresso enorme, do Brasil virão membros da Associação Internacional de Poetas, do Cercle Universal des Ambassadeurs de la Paix, da Academia Feminina de Letras e Artes de MS, da UFMS, da UFT, da saINT Germain e outros. Não pagamos nenhum palestrante e cada um arcou com suas passagens. O evento oferece hotel e alimento. E assim estamos, a menos de uma semana do evento, com expectativas e cheios de propostas.” 

Foto: Pedro Mastrobuono, presidente do Memorial da América Latina/Divulgação/Assessoria

Iflac-Word 

Idealizado pela Iflac-Word (Associação dos Amigos da Literatura), fundada em 1985, em Israel, a organização sem fins lucrativos possui membros, diretores e voluntários em mais de oito países que, com o intuito de propagar uma cultura em que o respeito, direitos humanos e harmonia torne-se o meio para resolução de conflitos, a associação, há mais trinta anos, promove congressos, oficinas, festivais culturais entre outros eventos pelo mundo, com o objetivo de propagar a cultura da paz. O evento será realizado entre os dias 13 e 16, com atividades previstas a partir das 10h, no Memorial da América Latina, localizado na Av. Mário de Andrade, 664, Barra Funda, São Paulo-SP. Aos interessados em saber mais sobre o evento e a programação, o site do Memorial possui todos os detalhes: memorial.org.br. Sobre a Iflac, as informações estão no www. iflac.com. A organizadora Delasnieve pode ser contatada via Instagram: @delasnievedaspet.

Por: Ana Cavalcante  Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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