Um ano após crime de estupro contra estudante de Dourados, a 228 quilômetros de Campo Grande, suspeito identificado como Janderson Benites Peixoto, de 40 anos, foi preso ontem (5) e confessou à polícia série de crimes de estupro, tentativas de estupro e importunações sexuais.
Conforme informações do portal Dourados News, o homem foi localizado na aldeia Jaguapiru, reserva indígena na região nordeste de Dourados, por equipes da SIG (Setor de Investigações Gerais) e da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher).
Ele era o principal suspeito de ser o autor de estupro praticado contra uma estudante, que estava a caminho da UFGD (Universidade da Grande Dourados) em agosto de 2022. Após o caso, surgiram outros relatos de perseguições, importunações sexuais e tentativas de estupros na mesma região.
Durante coletiva de imprensa, o delegado do SIG, Erasmo Cubas, explicou que os primeiros levantamentos das investigações já indicaram que se tratava de um mesmo autor.
“Suspeitamos que ele foi o autor de todos aqueles casos que circularam na internet no ano passado. […] Pelo modus operante, descrições e veículo, ele era a pessoa que naquela época estava tentando buscando vítimas para praticar crimes de cunho sexual”, explicou Cubas.
O homem permanece detido em cela da Depac (Delegacia de Ponto Atendimento Comunitário) e responderá inicialmente por um estupro, dois estupros na forma tentada e diversas importunações sexuais. A Polícia Civil não descarta haver mais casos que poderão ser incluídos no decorrer do processo judicial.
O crime
Em agosto de 2022, uma aluna da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) foi estuprada a caminho da universidade. Ela estava próximo a um dos prédios da instituição, onde funcionam os Cursos de Direito e Relações Internacionais.
Por meio de suas redes sociais a estudante da UFGD divulgou um depoimento que relata como aconteceu a abordagem e os procedimentos enfrentados após ela ter sido vítima de violência sexual.
Ela conta que, por volta das 19h30 caminhava em direção a Fadir (Faculdade de Direito e Relações Internacionais) na rua Quintino Bocaiúva, quando o homem se aproximou por trás com ameaças e armado. Ela foi levada para os fundos de um terreno baldio, sendo obrigada a tirar a roupa e em seguida ser estuprada.
“Ele dizia para eu não gritar e eu confirmava dizendo que não o faria. Ele mandou que eu deitasse no chão. Ele mandou que eu tirasse a calça e a calcinha. Ele me penetrou algumas vezes. Ele levantou. Ele foi embora”, diz o relato.
A estudante ainda relata os traumas vividos e os procedimentos burocráticos para a elaboração do boletim de ocorrência e das rotinas médicas.
“Fiz exame de sangue. Fiz o corpo delito. Lembro de tirar a calça para colocar o roupão do hospital e perceber que ela e o chão estavam sujos de terra. Sai do banheiro chorando e pedindo desculpas pela bagunça. Pedi para uma amiga notificar o ocorrido nos grupos das turmas. Quero que todos saibam o que aconteceu comigo. Não quero que ninguém passe pela mesma situação, nem nenhuma parecida”, diz outro trecho do depoimento.
Na época, a comunidade acadêmica solicitou medidas que pudessem garantir a segurança na região, que possui, além da UFGD, a Unigran (Centro Universitário da Grande Dourados) e a Faculdade Anhanguera, com intensa movimentação de alunos universitários.
DCE
O DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Universidade divulgou uma longa nota por meio de suas redes sociais chamando a atenção para a violência estrutural e a cultura do estupro, que diz que a violação sexual é normalizada devido a atitudes sociais sobre gênero e sexualidade.
“A cultura do estupro fez mais uma vítima. É cultura, porque, no sistema em que vivemos, essa violência é naturalizada e cotidiana. É cultura, porque acontece no corredor da escola, no campus da universidade, no leito do hospital, na rua ou dentro da casa da vítima. O estupro é uma cultura, porque garantir que as agressões contra as mulheres e suas causas estruturais se mantenham veladas e normalizadas é o mecanismo necessário para que o sistema continue reproduzindo a violência”, diz um trecho da nota.
Estupro é o tipo mais grave de violência sexual. A lei brasileira descreve o estupro como o ato de “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. Traduzindo: ter contato sexual com alguém através de ameaça ou violência.
Serviço:
Disque 180
O Disque-Denúncia, criado pela Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), permite denunciar de forma anônima e gratuita, disponível 24 horas, em todo o país. Os casos recebidos pela central chegam ao Ministério Público.
Disque 100
Para casos de violações de direitos humanos, o disque 100 é um dos meios mais conhecidos. Aliás, as denúncias podem ser feitas de forma anônima para casos de violações de direitos humanos.
O canal envia o assunto aos órgãos competentes no município de origem da criança ou do adolescente.
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