Será realizado pelo Fórum dos Caciques de MS, nesta terça-feira (05), a apresentação dos dados do censo dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul. O encontro contará com líderes indígenas, propondo apresentar dados e melhorias para a comunidade indígena. O encontro, que ocorrerá no auditório do Museu de Arqueologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, situado na Avenida Fernando Corrêa da Costa, reunirá caciques, capitães, lideranças, parlamentares, professores, mulheres, jovens, técnicos, anciãos e pajés indígenas.
O convite foi estendido a uma ampla gama de representantes indígenas, refletindo o compromisso de garantir que todas as vozes e perspectivas sejam ouvidas. Aguinaldo Terena (45), diretor de cultura do Fórum dos Caciques, explicou em uma entrevista para o Estado Online a razão por trás da reunião:
“Marcamos essa reunião porque percebemos que alguns caciques e lideranças já começaram a notar lacunas nos dados do censo anterior, especialmente em relação às retomadas de terras que estão em andamento e às aldeias em áreas de fronteira.”
O IBGE estará presente no encontro para atender melhor as pautas em questão. O Superintendente do IBGE Mário Frazeto estará no evento para melhor diálogo e articulação do debate.
Uma das preocupações é a dificuldade de coletar dados precisos em comunidades que, em determinados momentos, não estão em suas aldeias devido às atividades da população, como a colheita de maçã do estado. Os líderes indígenas estão ansiosos para debater como ajustar esta coleta para melhor reflexão a realidade dinâmica das comunidades indígenas.
Além disso, alguns caciques da região de campo grande relataram que o IBGE não visitou todas as aldeias em suas áreas, o que teve um impacto negativo na alocação de recursos e orçamentos municipais para as comunidades indígenas. Esta é uma preocupação compartilhada pelas lideranças, já que recursos frequentemente chegam de forma repartida e não são especificamente direcionados aos povos indígenas.
Outro ponto a ser discutido é a queda em número de indígenas em relação aos dados da Bahia em comparação com anos anteriores. Mato Grosso do Sul caiu para o terceiro lugar, deixando as lideranças indígenas perplexas e desejando uma análise mais detalhada desses números.
O encontro busca discutir também maneiras de qualificar a coleta de dados, incluindo informações sobre o número de crianças, bem como categorizar os indígenas por etnia, idade e sexualidade. A compreensão precisa da diversidade dentro das comunidades indígenas é vista como crucial para garantir que políticas e recursos sejam direcionados de maneira eficaz.
Aguinaldo enfatizou a importância de identificar e qualificar as pessoas indígenas nas estatísticas, a fim de compreender onde estão e como podem ser melhor assistidas. Essa discussão será um dos pontos-chave no encontro com representantes do IBGE.
Outro aspecto levantado foi a qualificação dos profissionais indígenas envolvidos na coleta de dados. Terena mencionou que, quando o IBGE abriu inscrições para agentes cadastradores, algumas pessoas indígenas desistiram de participar devido à falta de habilidade em operar os dispositivos eletrônicos necessários. Ele enfatizou a necessidade de capacitar a mão de obra indígena para garantir que os dados coletados sejam fidedignos e representativos das comunidades.
Quando questionado sobre os resultados esperados após o encontro, Terena respondeu:
“O que buscamos é que os dados sejam fidedignos e de alta qualidade. Queremos saber quantos jovens indígenas temos, quantas etnias existem e onde estão. Por exemplo, os Kinikinau estão divididos em diferentes regiões, como Bonito, Porto Murtinho, Miranda e Campo Grande. Queremos entender onde estão esses Kinikinau, quantos são e quem ainda faz parte dessa etnia. No passado, perdemos membros de nosso povo sem ter dados estatísticos para entender quantos éramos.”
Quanto à presença de figuras de autoridade no encontro, Aguinaldo explicou que foram convidados membros da Assembleia Legislativa, deputados, parlamentares e representantes do Governo do Estado. Ele também enfatizou que ele próprio é apenas um articulador que reside em Campo Grande e faz parte do Movimento Indígena, mas que a reunião foi articulada devido à preocupação com os dados estatísticos e à necessidade de melhor compreender a realidade das comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul.
Serviço:
1.º encontro com o IBGE para dialogar sobre o censo dos povos originários de Mato Grosso do Sul
End: Avenida Fernando Corrêa da Costa — 559 centro, 1 andar — Auditório do Muarq
Data: 05/09/2023 às 9h