Associação se interessou em integrar projeto Fazendas Pantaneiras
Nas últimas semanas muito se tem falado de produção e conservação do Pantanal, especialmente, da parte sul- -mato-grossense do bioma, devido às críticas em relação ao percentual de supressão que era previsto no decreto estadual n° 14.273. Por outro lado, um grupo formado por sete proprietários rurais da região do Pantanal criou a Associação Aliança 5P (Pantanal, Preservação, Parcerias, Pecuária e Produtividade), que tem o intuito, justamente, de buscar alternativas por meio de estudos, projetos e iniciativas que aliem sustentabilidade econômica, conservação e o desenvolvimento do bioma.
Segundo a secretária- -executiva da associação e zootecnista Ana Paula Felício, a Aliança 5P surgiu com a aquisição da fazenda Santa Sofia, localizada no município de Corumbá. A fazenda, administrada em 2011 por Beatriz Rondon, foi palco de imagens fortes, que mostravam a proprietária durante uma caçada às onças, animais que ela alegava proteger.
“A gente faz tantas ações com pesquisa, trabalha com conservação, trabalha com a pecuária sustentável, por que não a gente montar uma associação de negócio diferenciado e levar isso como modelo pra ser replicado para todo o Pantanal? Então, esse foi o catalisador e a história da Aliança 5P”, disse.
Ana Paula explicou que o forte hoje do grupo é a pecuária sustentável, mas que os produtores também trabalham com turismo sustentável. “O grupo é bastante heterogêneo, o forte é a pecuária sustentável, na maioria deles, mas o ecoturismo, o turismo sustentável. Eles trabalham com isso, então recebem turistas do mundo inteiro em suas propriedades, tem o chamado safári fotográfico também, que traz bastante visibilidade para a parte de conservação, então trabalha também com educação pra conservação. Muitas das propriedades possuem RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural)”, assegurou
Vale ressaltar que mesmo a pecuária ocupando 93% do Pantanal, ela é compatível com conservação, conforme explicou o pesquisador da Embrapa Pantanal, Walfrido Tomas. Ele afirma que o Pantanal está bem conservado e que menos de 15% das paisagens foram alteradas até então, mas que é preciso tomar cuidado com a ampliação da produção pecuária no Pantanal, para que ela não deixe de ser sustentável.
“Existe um movimento de intensificar a produção pecuária, por exemplo, e isso tem o potencial de ganhar uma escala muito grande, já que a pecuária ocupa 93% do bioma e então a gente tem que estabelecer critérios para manter essa pecuária, que é sustentável, até hoje, reconhecida e valorizada como sustentável”, acrescentou
O grupo está participando do 1º Fórum “Pontes Pantaneiras”, os produtores ficaram interessados em fazer parte do programa de Fazendas Pantaneiras Sustentáveis, que já é desenvolvido em 15 propriedades do Mato Grosso, em parceria entre a Embrapa Pantanal, Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso) e Senar-MT. Inclusive, a própria chefe-geral da Embrapa Pantanal, Suzana Salis, assegurou, em entrevista ao jornal O Estado, que o órgão já estuda a ampliação do projeto para todo o Pantanal.
“O grupo tem a intenção de entrar nesse programa, que é muito interessante, da Embrapa, que ajuda a conseguir medir algumas coisas que vão definir o que é pecuária sustentável ou não, então, isso é um diferencial, um programa interessante, em que o grupo também vai poder ajudar a Embrapa”, argumentou Ana.
Crédito de carbono
A associação também já está estudando para fazer crédito de carbono no mercado voluntário, em parceria com a empresa Biofílica. Segundo Ana Paula, o objetivo é ter, não só com crédito de carbono, mas com crédito de biodiversidade, mais oportunidades de fortalecer o grupo.
“Para gerar o crédito, há todo um processo de estudo, sobre quais serão as áreas que gerarão crédito, depois há a parte do campo. Então, é uma complexidade de informações que passa por todo um processo de verificação, porque todas essas informações que são levantadas precisam ser verificáveis. Há uma auditoria externa que vai a campo, para fazer as aferições para o quanto, daquela atividade, que eu tenho de emissão de carbono e quanto isso é neutralizado, se eu vou ter um excedente e se ele será absorvido da atmosfera, que é o crédito de carbono e que pode ser comercializado no mercado voluntário”, esclareceu.
Vale destacar que Mato Grosso do Sul possui o primeiro projeto com certificação de crédito de carbono no Pantanal, que é o “REDD+ Serra do Amolar”, lançado no mês de maio, em Corumbá. Realizado pelo IHP (Instituto Homem Pantaneiro), o projeto segue a política do Estado, de neutralizar a emissão de carbono no Mato Grosso do Sul até 2030. Para isto, esta iniciativa desenvolve uma série de ações num território que tem quatro Reservas Particulares de Patrimônio Natural, na Serra do Amolar.
Por Rafaela Alves – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.
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