Nesta terça-feira (15), começa a turnê “Viola e Batuque”, realizada pelo músico sul-mato-grossense Marcos Assunção e pelo baiano Marco Lobo. A primeira apresentação será no espaço Casulo, em Dourados, às 20h30. O encontro musical percorrerá 10 cidades do Estado, apresentando o melhor da música brasileira envolta pelas influências da música erudita ao jazz. Além do concerto, os músicos programaram um workshop, que será realizado antes das apresentações. As inscrições devem ser feitas por meio do site ou QR Code do evento. A entrada é gratuita, constando somente o convite para a doação de alimentos não perecíveis para ambas atividades. O projeto é incentivado pelo FIC/ MS (Fundo de Investimentos Culturais) e FCMS (Fundação de Cultura do Estado de Mato Grosso do Sul) e Estado de Mato Grosso do Sul.
Influenciados por Milton Nascimento, Moraes Moreira, Geraldo Roca e John Coltrane, o encontro musical entre Assunção e Lobo reúne e produz o “Viola e Batuque”, álbum que será lançado na turnê e já está em todas as plataformas digitais. De acordo com Marcos Assunção, campo-grandense, compositor, guitarrista, violonista, bandolinista e violeiro, músico há 23 anos, o resultado de seu trabalho é moldado pelos artistas musicais que o inspiram pela originalidade e criatividade. “No jazz, eu tenho escutado Joshua Rudman e Brian Blade. Na música brasileira, Dominguinhos, Toninho Horta, Hamilton de Holanda e Hermeto Pascoal. No choro, o Pixinguinha, Jacob do Bandolim e outros. Na viola caipira, tenho como referência o Almir Sater e Ivan Vilela. São vários outros nomes que eu poderia citar aqui. O som que escuto é uma influência direta ao meu trabalho e geralmente eu gosto de aprender a música desses mestres, é a maneira que encontro de interiorizar as ideias musicais, provenientes desses gênios. Aprendi, aprendo e vou seguir aprendendo muito desses mestres”, declara Marcos.
É ao som da viola caipira, violão 7 cordas, berimbau, pandeiro e outros instrumentos percussivos que os músicos dão uma nova cara à música regional. O trabalho atual do duo é um destaque por seu repertório sofisticado e original, em agregar ao som regional influências de música erudita e outros ritmos contagiantes. “A viola caipira é um instrumento símbolo da cultura pantaneira, aqui do nosso Estado, Mato Grosso do Sul e é intrinsecamente um instrumento muito presente em minha música. Além disso, a diversidade rítmica existente no projeto é proveniente da riqueza musical do percussionista Marco Lobo. Ele é um exímio percussionista, que já trafegou pela música popular brasileira em trabalhos de grandes músicos, como Gilberto Gil, Lenine, João Bosco e em muitos outros trabalhos que daria um texto todo para colocar aqui. Com certeza, um músico com toda essa bagagem e experiência somaria para o surgimento de um trabalho rico e muito diverso, nas suas formas e estilos. Essa pluralidade de ritmos existentes na música brasileira é um privilégio que o músico brasileiro tem em seu repertório e que precisamos utilizar”, afirma o compositor.
Sobre o repertório, Marcos adianta que o álbum é constituído à base de muita música clássica e regional, que inclusive renderam releituras criativas de trabalhos de sucesso regional. Em seguida, comenta com entusiasmo sobre o elogio de musicistas de renome, a respeito da produção. “O repertório é composto por obras de renomados compositores. Teremos obras de Johann Sebastian Bach e de Ernesto Nazareth. Trago também duas obras musicais que considero músicas símbolo da nossa cultura sul-mato-grossense: ‘A Comitiva Esperança’ e o ‘Trem do Pantanal’, com arranjos inéditos e uma releitura em outros contextos e vertentes musicais. Além de músicas de minha autoria, compostas exclusivamente para esse trabalho. Teremos também um arranjo inédito para a música ‘Loro’, de Egberto Gismonti. No mais, só acrescento que fui surpreendido com o e-mail no qual o compositor elogia o arranjo feito para viola solo. Posso dizer que no ‘Viola e Batuque’ estou vivenciando uma emoção dupla. A primeira é de ter um trabalho em duo com um dos percussionistas mais importantes do Brasil e a segunda é ter recebido esse e-mail de um dos maiores multi-instrumentistas e compositores do Brasil e do mundo. É uma realização que não passou nem perto dos meus sonhos. Mas, realizei.”
Destaque
O trabalho realizado com o percussionista Marco Lobo é um ponto muito destacado por Assunção, que declara ter encontrado na parceria uma oportunidade para realizar um trabalho original, criativo e de qualidade. Sobretudo, em poder realizar uma produção genuína, que nasce por meio de seu desejo com a música. “Em relação à parceria com Marco Lobo, o que eu tenho a dizer é que, apesar das lutas para se fazer música boa na atualidade, muitas coisas acontecem na vida da gente quando acreditamos no nosso trabalho e estamos dispostos a lutar por isso. Iniciei o projeto com a ideia de lançar um trabalho solo para dar à luz as músicas dos meus livros. Em seguida, surgiu a ideia de colocar uma percussão para dar mais elementos rítmicos e apareceu, de repente, uma publicidade na internet dos trabalhos do Marco Lobo. Entrei em contato e convidei para gravar as faixas do álbum. Enviei as músicas e iniciamos. Com o decorrer das gravações, o trabalho foi tomando o corpo e identidade. Foi um processo natural, sem pretensões, somente uma entrega e amor à música. Marco Lobo é um grande percussionista, na mesma proporção da sua generosidade. Foi dele a ideia do nome do projeto e foi por meio dele o convite para formarmos um duo. Bom, como eu disse, a vida é uma caixinha de surpresas, mas uma coisa é certa: sempre acreditei no que eu faço, musicalmente. Não dei ouvidos às vozes contrárias. Muitas delas não fizeram nem a metade do que construí, musicalmente. Por esse fato, posso afirmar que é uma colheita daquilo que nasceu dentro do meu coração: o desejo de fazer música.”
O projeto é um incentivo do Fundo de Investimentos Culturais – FIC/MS, da Fundação de Cultura de MS e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, que além de proporcionar gratuitamente apresentações do duo em 10 cidades, tem incluso um workshop de viola caipira e percussão ministrado pelos próprios artistas. Marcos salienta que o curso é uma proposta que surge a partir da vontade em partilhar conhecimento com os interessados por música e contribuir e propagar a cultura pelo Estado. “O nosso trabalho, com a música instrumental, está muito ligado à educação. Muitos são os jovens distanciados desse gênero musical. Eu sou formado em música, na UFMS, e atuei como educador musical na rede pública de ensino por 7 anos. Pude vivenciar o declínio cultural dentro das escolas. Por outro lado, gosto muito de ensinar para àqueles que desejam ingressar nesse universo. Nada melhor do que despertar o desejo de se fazer música compartilhando experiências e vivências musicais e mostrar a essa nova geração a magia e o prazer de fazer e de viver a música. É muito bom despertar sonhos e mostrar aos futuros músicos o quanto vale a pena lutarmos pelo que sonhamos e acreditamos. O projeto ‘Viola e Batuque’ é a união dessas duas coisas; a magia da música e o despertar para o conhecimento musical”.
A ficha para inscrições, bem como outras informações, podem ser encontradas na página de Marcos, no Instagram: @marcosassuncaojazzeviola.
Confira a programação completa
Dia 15/8
Dourados-MS. Local: Casulo. Workshop às 18h 30min
Dia 16/8
Ponta Porã-MS. Local: Centro de Convenções de Ponta Porã, às 18h
Dia 17/8
Naviraí-MS. Local: Auditório da UFMS. Workshop às 18h
Dia 18/8
Ivinhema-MS. Local: Fundação Nelito Câmara. Workshop às 15h
Dia 19/8
Ribas do Rio Pardo-MS. Local: Câmara Municipal. Workshop às 18h30min.
Dia 20/8
Água Clara-MS. Local: Cinema Municipal. Workshop às 17h
Dia 21/8
Três Lagoas-MS. Local: Auditório da UFMS. Workshop às 14h
Dia 22/8
Coxim-MS. Local: Auditório da UFMS. Workshop às 18h
Dia 23/8
Aquidauana-MS. Local: E.E. Prof. Doris Mendes Trindade. Workshop às 18h 30min
Dia 24/8
Campo Grande-MS. Local: Teatro Luiz Felipe Oliveira (UFMS). Workshop às 15h
Dia 30/8
Campo Grande-MS. Local: Teatro Glauce Rocha. Workshop às 18h
Por – Ana Cavalcante
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