Made in MS: População sul-mato-grossense consome produtos fabricados no Estado

Foto: Edemir Rodrigues
Foto: Edemir Rodrigues

Uma ida ao supermercado pode revelar como a agroindústria de transformação está presente na vida dos sul-mato- -grossenses. Basta olhar o rótulo de um produto e pronto, aquela embalagem revela que foi fabricado em alguma cidade de Mato Grosso do Sul.

A empresa Donana Alimentos, instalada no Trevo da Bandeira, em Dourados, é uma das empresas que usa matéria-prima produzida no Estado para elaborar cerca de 280 produtos do seu portfólio. “Temos muitos insumos adquiridos no Estado, entre eles o milho granel, farinha de mandioca, farinha biju, tapioca, fécula de mandioca, girassol e feijão-preto”, afirma o encarregado administrativo da empresa, Sergio Hoffmann.

O produto carro-chefe da empresa é a pipoca. “Nós cuidamos da seleção com todo o carinho, medindo a qualidade da expansão e a umidade, garantindo um produto de extrema qualidade. A pipoca, produzida por nós, é elogiada por todos os clientes”, garante. Criada em 1979 pelas mãos do cearense Antônio Barbosa de Lucena, a Donana conta hoje com 210 funcionários e possui sua própria logística para atender todo o Mato Grosso do Sul. A indústria douradense produz molho shoyu, ketchup, maionese, atomatados, tempero completo e especiarias, totalizando 900 toneladas por mês.

A Imbaúba Laticínios também trilhou um caminho semelhante, de perseverança e foco na qualidade dos produtos, como conta a diretora administrativa-financeira, Silvana Gasparini Pereira. “A nossa matéria-prima é exclusivamente o leite in natura, captado em todo o Estado. São mais de 500 produtores entre pequenos, médios e grandes, vindos também de cooperativas e assentamentos”, apresenta a diretora.

Silvana explica que entre a safra e a entressafra, a captação é, em média, de 50 a 60 mil litros/dia. A produção fica em Bandeirantes (filial), a 60 km de Campo Grande, onde se localiza a matriz da empresa. O produto carro-chefe da Imbaúba é a muçarela, com três apresentações (em barra, fatiada e ralada). Mas, a empresa produz outros 15 produtos: leite pasteurizado homogeneizado, doce de leite tradicional e com chocolate, manteiga com sal e sem sal, nata, creme de leite, bebidas lácteas (vários sabores), coalhada em garrafa, queijo minas frescal, ricota, queijo coalho em barra ou fracionado, requeijão cremoso e culinário e soro concentrado. “Nossos produtos vão além do Estado, indo para o Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Acre, Tocantins e Rondônia”, diz a diretora.

A iniciativa de construir um laticínio veio do agrônomo Edgar Rodrigues Pereira, como uma tentativa de agregar valor ao leite in natura produzido em sua fazenda, recebida como herança de seu pai. “Eu, como minha mulher e mãe dos nossos três filhos, logo abracei a causa e passamos a trabalhar juntos, rumo à conquista desse projeto. A empresa iniciou suas atividades em outubro de 1992, trabalhando com o leite pasteurizado e muçarela, tendo como mercado principal a cidade de Campo Grande. Paulatinamente, fomos diversificando novos produtos”, acrescenta a diretora Silvana.

 

Agroindústria

Segundo dados da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul), aproximadamente 85% do PIB da Indústria de Transformação sul-mato-grossense está diretamente ligado à agroindústria, com maior destaque para os frigoríficos, fabricação de celulose e papel, fabricação de açúcar e etanol e do processamento da soja e do milho.

A projeção para os próximos 5 a 10 anos é que estes segmentos se mantenham com elevada participação na riqueza total produzida pela indústria estadual, especialmente por conta dos investimentos bilionários anunciados e já em execução para a ampliação da produção e construção de novas fábricas, no Estado.

“A perspectiva é que a parceria estabelecida entre a Federação das Indústrias e o Governo do Estado incremente o adensamento destas cadeias produtivas, agregando valor aos produtos e, desta maneira, a agroindústria de trransformação se consolide como vetor de crescimento econômico e social, gerando mais empregos e renda, especialmente nos municípios do interior do Estado”, avalia Ezequiel Resende, economista-chefe da unidade de Economia e Pesquisa da Fiems.

Ainda segundo o economista, a agroindústria de transformação de Mato Grosso do Sul conta, atualmente, com mais de 75 mil trabalhadores formais diretamente empregados, proporcionando, só com o pagamento de salários, a injeção mensal de mais de R$ 200 milhões de reais na economia estadual.

O secretário da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, confirma esta projeção do setor. “O Estado de Mato Grosso do Sul tem apresentado crescimento do PIB acima da média nacional nos últimos oitos anos. Para 2023, a perspectiva de crescimento do PIB gira em torno de 5,3%.” Segundo o secretário, o forte desempenho é resultante do equilíbrio fiscal, ou seja, da capacidade de investimentos do governo em obras públicas e também do setor privado. Isso tudo cria um ambiente de negócio com capacidade de captar novos investimentos na área industrial, gerando a transformação da economia sul-mato-grossense e da sua principal base produtiva, o agronegócio.

 

 

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