Baixo repasse de planos de saúde atinge outras especialidades, além da pediatria

Fotos: Marcos Maluf
Fotos: Marcos Maluf

Profissionais pontuam que precisam atender muitos pacientes para obter o mesmo retorno financeiro 

Profissionais de diferentes especialidades médicas da Capital têm optado por deixar de atender por planos de saúde e passaram a realizar atendimentos somente em consultórios, de forma particular. De acordo com os profissionais, a mudança foi necessária, devido ao valor de repasse das consultas se tornar inviável para as despesas básicas, sendo necessário o atendimento em alta demanda. 

Setores como o da psiquiatria, fonoaudiologia e neurologia já foram afetados pelos baixos repasses que são feitos pelos planos de saúde e levaram os profissionais a uma cartela restrita de clientes, mas com a segurança do pagamento integral das consultas. Ao jornal O Estado, o psiquiatra Dr. Juberty Antônio de Souza explicou que a decisão de não atender mais aos planos aconteceu há mais de quinze anos, que foi quando ele se deu conta de que a demanda de atendimento seria muito maior, para conseguir atender aos convênios. “Eu optei pela paralisação de atendimentos pelo plano, pois, com o valor que era pago, eu precisaria atender a muitos clientes, para conseguir suprir as despesas com o consultório, e, consequentemente, aumentando o número de pacientes, reduziria o meu tempo e poderia impactar na qualidade das consultas, prejudicando os próprios pacientes”, explicou Juberty.

Com fila de espera pelo Sisreg (Sistema de Regulação de Vagas) e o atendimento de médicos especialistas ficando restrito a apenas consultas particulares, ou com filas de espera de mais de dois meses, pacientes acabam tendo que se render ao pagamento das consultas, com valores muito acima do que o orçamento permite, que é o caso da enfermeira Caroline Ossuna Ferlin, que precisou desembolsar a quantia de R$ 450,00, para conseguir um atendimento de urgência para a sobrinha.  “Atualmente, ela está indo em um médico da Unimed, mas primeiro precisamos pagar particular, pois precisávamos com urgência e, pelo plano, tinha uma extensa fila de espera, mas, mesmo assim, foi muito difícil conseguir. As próximas entraram pelo plano, mas não segue os retornos pedidos”, destacou Caroline.

Conforme noticiado na última edição do jornal O Estado, a situação já era preocupante no setor de pediatria, pois, com a alta demanda nesta época do ano, muitos profissionais da área optaram por atendimentos apenas em unidades particulares, cobrando o valor cheio ou valor de tabela social.

Aumento de demanda Em nota, a Unimed Campo Grande informou que o descredenciamento é um direito do médico cooperado e, mesmo com o descredenciamento, a cooperativa conta com uma ampla diversidade de médicos. “Temos compromisso com mais de 1.700 médicos cooperados, para que exerçam sua profissão com segurança e garantam, assim, uma assistência à saúde de qualidade aos beneficiários”, afirmou.

Além disso, em relação à demora no agendamento das consultas, a Unimed esclareceu que, nos últimos dias, houve um aumento significativo na demanda. “Com o aumento significativo no número de atendimentos, nas últimas semanas, e visando diminuir os impactos causados por este fator, adotamos medidas importantes, como a implantação do Pronto Atendimento Digital, que tem o objetivo de oferecer atendimento via telemedicina para pacientes adulto e pediátrico de baixa complexidade”, finalizou. 

Questionada, a Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul) também esclareceu que o repasse financeiro feito aos médicos pediatras credenciados está sendo rigorosamente cumprido. Com isso, agendamentos e consultas seguem ocorrendo normalmente. “Caso haja eventuais problemas no atendimento, a Caixa dos Servidores se coloca à disposição, por meio da sua Central de Atendimento: (67) 3314-1010”, pontuou.

 

Sazonalidade

Para o jornal O Estado, o Dr. Marcelo Santana, atual presidente do Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), destacou que mesmo com a mudança adotada por alguns profissionais, ela geralmente ocorre em especialidades pontuais. “Essa questão de o médico exercer a atividade no sistema privado, em detrimento do convênio, ocorre em algumas especialidades específicas há muito tempo, principalmente naquelas com menor número de profissionais atuantes, até por uma questão de oferta e procura”, citou. Sobre a situação divulgada ontem (31), pelo jornal O Estado, sobre a dificuldade que famílias estão encontrando na hora de marcar consultas com pediatras em Campo Grande, apesar de terem um plano de saúde, o presidente do Sinmed-MS pontua que a alta demanda deve ser um dos fatores que contribuem para o cenário.

“Com relação à pediatria, é uma situação que ocorre de uma forma menor, nós não vemos os médicos abandonando o convênio para atender nas particulares, o que ocorre, na realidade é que, devido à sazonalidade das doenças respiratórias, que são as que mais ocorrem nas crianças, acontece que, no período do inverno, a demanda aumenta muito e ficamos com a impressão de que esses profissionais estão com defasagem maior. Não tivemos nenhuma informação em relação ao aumento no número de médicos que saíram  dos convênios, no momento”, finalizou. 

 

Por Camila Farias – Jornal O Estado do MS.

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