Motoristas de app paralisam atividades e passageiros pagam até R$ 12 mais caro

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Foto: Marcos Maluf

Segundo Applic-MS, dos 7 mil profissionais cerca de 3,5 mil aderiram, ontem, à manifestação 

A semana começou com paralisação nacional dos motoristas de aplicativo em Mato Grosso do Sul. De acordo com o presidente da Applic-MS (Associação de Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motorista Autônomo de Mato do Sul), Paulo Pinheiro, em Campo Grande, dos 7 mil profissionais da Capital, ao menos metade, ou seja, cerca de 3,5 mil motoristas, confirmaram que iriam aderir à decisão de interromper os serviços, buscando melhorias para a classe. Com isso, os usuários dos aplicativos tiveram de ficar atentos, para chegarem no trabalho, faculdade ou qualquer destino, sem se atrasar e com preços justos.

O movimento grevista reivindicou alguns pedidos da categoria, entre eles o valor repassado pelas plataformas aos motoristas, o alto valor cobrado pelas locadoras de automóveis e a instalação de mais pontos de embarques e desembarques em Campo Grande, por parte da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), tendo em vista evitar multas aplicadas aos motoristas, enquanto trabalham.

Ao jornal O Estado, o presidente da Applic-MS explicou como funciona, quanto ao valor repassado pelas plataformas aos motoristas, uma das maiores queixas da classe. Segundo Paulo Pinheiro, o desconto que é cobrado por corrida é de 25%, porém, pode chegar até 37%, em alguns casos, como nos preços dinâmicos em dias de chuva. Na avaliação dele, o valor é abusivo, já que não sofre reajuste desde o ano de 2016, diferente dos custos de manutenção do carro que cresceram, no mesmo período.

“É inviável trabalhar com as despesas de locação de aluguel, que, por sinal, são altas. Hoje, temos carros particulares que cobram caução mais o valor da semana, então, para começar, o motorista precisa desembolsar, pelo menos, R$ 1,2 mil. Perderam totalmente a noção sobre o que é trabalhar com o transporte de passageiros”, ressaltou ele, referente ao alto valor cobrado pelas locadoras de automóveis, sendo outro ponto da pauta de reivindicações dos motoristas. “É surreal pagar R$ 3 mil para andar cinco mil quilômetros por mês. Não dá para aceitar isso, as condições não são favoráveis para quem está tentando trabalhar”, observou.

Entre os demais custos que os motoristas de aplicativos precisam arcar, estão inclusos o IPVA, plano de dados móveis de internet, manutenção do carro e a gasolina. Com base nos cálculos de gastos, a categoria reivindica que o desconto aos motoristas de Campo Grande seja reduzido para 12% até 15%, por corrida.

Além disso, a categoria pede a colocação de pontos fixos em rodoviárias de todo o país, para acabar com a “briga” com os taxistas. “É importante destacar que essa é uma reivindicação em nível nacional. Nós, em Mato Grosso do Sul, Campo Grande, estamos lutando por essas melhorias, assim como nos demais Estados brasileiros”, frisou Paulo Pinheiro.

Conforme Pinheiro, a recomendação para o grande dia era de que os motoristas paralisassem nos horários de maior movimento, para que as plataformas sentissem o impacto da manifestação.

A paralisação foi convocada pela Fembrapp (Federação dos Motoristas de Aplicativos do Brasil) e pela Amasp (Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo). A expectativa de adesão foi de 70% da classe em todo o país. Nacionalmente, existem mais de 2 milhões de motoristas ativos.

Preços mais altos

Com a paralisação de motoristas de aplicativo, os preços das corridas foram às alturas, na manhã de ontem (15). Quem costuma usar os carros de aplicativo, logo pela manhã, se deparou com o aumento de até R$ 10, em trechos de várias regiões da cidade.

Segundo informações de alguns motoristas, os “preços dinâmicos”, como são conhecidos pelos usuários, estavam concentrados nos bairros. “Se você estivesse no centro da cidade e colocasse destino para algum bairro, não teria um preço tão alto, a corrida sairia pelo mesmo valor de costume. Entretanto, uma pessoa vinda do bairro para o centro, esse, sim, sofria o impacto, pois os valores estavam altos nos horários de pico”, relatou um motorista de aplicativo que não aderiu à greve e preferiu não se identificar.

Em algumas regiões da Capital, usuários confirmaram o valor extra pago pelas corridas quando há pouco motorista para a demanda, em toda a cidade. Houve locais em que a tarifa extra chegou a passar dos R$ 12. A secretária Larissa Ramirez, 26 anos, foi uma das que precisou se programar para não chegar atrasada no serviço.

“Como meu trabalho é em uma localização difícil de passar ônibus, costumo pedir carro de aplicativo, já estava pensando no que eu iria fazer se não conseguisse nenhum carro, na segunda-feira de manhã. Eu estava sabendo dessa greve, então, já me programei, acordei um pouco mais cedo, me arrumei e comecei a procurar carro. Não demorou tanto para encontrar alguém para a minha corrida e o valor não estava tão acima da média. Normalmente, pago uns 11 reais, hoje estava 13,30. Consegui chegar no horário no trabalho e sem pagar muito, além do que estou acostumada”, contou ela, que mora no bairro Vila Nasser e trabalha no bairro São Bento.

Por Brenda Leitte – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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