Tendo como base a maconha, ela cita que é esperado que casos comecem a chegar ao MS
A dependência de drogas, seja ela qual for, em medicamentos, álcool, cigarro, maconha, crack, cocaína, LSD, MD, êxtase, e agora a K9, são consideradas tipos de dependência química. Ela é conhecida pela vontade insaciável e obsessiva de consumir determinada substância e, quando o usuário a consome, faz isso de maneira compulsiva. Ao jornal O Estado, a terapeuta fisiologista em dependência química e toxicologista do Esquadrão da Vida, Daiana Valdez, 40, explicou como a dependência afeta os usuários.
Segundo a especialista, a dependência em drogas pode causar sérios danos físicos e psicológicos, se não tratada. “Não é possível falar exatamente quando começa uma dependência, pois o processo varia de acordo com a predisposição genética do indivíduo, do tipo da droga e a frequência de consumo. Muitos procuram as drogas como um refúgio para suas dores, problemas, como fuga da realidade, por busca de prazer e liberação, e a droga pode até garantir isso, porém, por um curto período de tempo e, com isso, logo será preciso consumir a substância novamente”, explicou Daiana, que também é neuropisicoterapeuta.
Nesse ciclo de consumo, rapidamente a droga se torna o centro da vida do indivíduo. Desenvolvendo tolerância e abstinência à droga, a tolerância do corpo faz com que ele se acostume cada vez mais com as doses, tornando o indivíduo “refém” de seu efeito, fazendo com ele aumente a quantidade da substância, cada dia mais.
“O indivíduo busca usar mais e mais a droga e vai criando uma tolerância ao uso. Isso torna a pessoa dependente, é quando surge a dependência química”, detalhou ela.
Conforme publicado na edição anterior, dessa quinta- -feira (27), a K9 é uma droga sintética que tem tendência a viciar o usuário imediatamente, bloqueando a conexão com a realidade e provocando danos irreversíveis, como a destruição de lares com os efeitos avassaladores sobre os dependentes.
Segundo pesquisas realizadas até o momento, o entorpecente é considerado 100 vezes mais potente do que a maconha e tem ganhado cada vez mais usuários. Conhecida como “droga zumbi”, ela causa efeitos extremamente graves.
“O que sabemos, até agora, é que a K9 é uma droga industrializada em laboratório, com base nas informações da maconha, que é conhecida como ‘maconha sintética’. No entanto, o efeito dela é muito mais forte, isso porque acreditamos que ela tenha a mesma atividade no sistema nervoso central que o crack, devido à velocidade que atinge todos os sentidos do indivíduo. Tendo como base a maconha, é importante lembrarmos que Mato Grosso do Sul é considerado o ‘corredor’ da maconha, é esperado que casos comecem a chegar no Estado, infelizmente”, salientou, à reportagem.
Conforme a fisiologista em dependência química, as consequências da K9 são desconhecidas por profissionais da área. “Não sabemos se essa droga causa a mesma dependência biológica que o crack, o qual faz com que o usuário queira sentir novamente aquele prazer. Ainda não sabemos como ela atua no organismo, na questão cognitiva, ao ponto de gerar a dependência, tendo em vista ser instantânea”, ressaltou, à reportagem.
Dentre os tratamentos disponíveis, existem aqueles comprovados cientificamente e que já são usados por especialistas, como desintoxicação, psicoterapias, medicamentos, grupos de apoio e internação. “Reconhecemos que, pelo estudo da Organização Mundial da Saúde, não há uma cura para a dependência química, mas que existe um período de abstinência na qual o tratamento auxilia.”
Maior apreensão
A PRF (Polícia Rodoviária Federal) apreendeu 8.580 kg de maconha, na última quarta-feira (26), em Ponta Porã (MS).
Os policiais rodoviários federais realizavam fiscalização de combate ao crime, quando abordaram um caminhão Scania/G420. Durante a entrevista, o condutor demonstrou nervosismo, levantando suspeitas da equipe.
O condutor acabou confessando que transportava maconha entre a carga de sucata que era transportada. Ele disse também que receberia R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) para levar a droga até São Paulo (SP).
O preso, a maconha e a carreta foram encaminhados à Polícia Federal em Ponta Porã (MS).
Um trago pode mudar uma vida
O caso mais recente, envolvendo a droga K9, é de uma mãe e filha que se viciaram na substância e hoje lutam juntas para superar o vício, na cidade de São Paulo. Ao tentar salvar a filha, a mãe, de 46 anos, experimentou a droga sintética, considerada cem vezes mais potente que a maconha, e também se viciou.
A filha, de 21 anos, teria tido contato com a droga, pela primeira vez, por intermédio do namorado. Ao descobrir a droga na vida da filha, a técnica de enfermagem teria fumado uma vez, para mostrar à filha que seria possível não se viciar na substância.
Mãe e filha passaram a consumir a K9 diariamente, se tornando dependentes da droga sintética. Após intervenção de familiares, as duas travam batalha contra a dependência da droga, que mudou a vida da família.
Por Brenda Leitte – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul
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